Lhast lançou hoje o seu terceiro álbum de estúdio, Violetta. O rapper da Atlantic Records começou a antecipar o projeto no final de fevereiro deste ano com o lançamento do single Só Pra Mim, seguido por Quem Sabe, segundo single que conta com a participação de pikika – músicas essas que tiveram direito a videoclip, com a direção de Gonçalo XZ. Um ano depois de estrear o projeto Cold Summers & Warm Winters, ao lado do produtor Chaylan, Lhast deixa cá fora o seu terceiro álbum a solo.
O disco inclui 17 faixas – das quais três são interlúdios que dividem o álbum em três atos – tem produção assinada pelo Fabrice Loureiro, pelos Góias e pelo Diogo Seis, e conta com REIS na mistura e masterização. Ainda no dia de lançamento, é de destacar os visuais criados para cada uma das faixas, realizados por Belmiro Ribeiro. Violetta pôde ser escutado em primeira mão pelos fãs a semana passada, numa listening party em Lisboa, anunciada nas redes sociais do rapper, não sendo ainda o álbum que encerra a trilogia – cujo significado o artista continua a manter em segredo – que inclui os projetos AMOR’FATI, lançado em 2019, e ALK, em 2022.
Sobretudo sobre pensamentos que circulam entre o amor, a ida, e a vida, Lhast lança-se para cima do reggaeton, do bossa nova e do funk, explorando também o R&B como forma de expressão. Ainda assim, o rapper guarda tempo no longa-duração, para deixar também faixas sobre o clima da noite.
Na noite de lançamento do Violetta, a Hip-Hop Rádio teve a oportunidade de falar um pouco com o Lhast sobre o seu novo disco.
A HHR esteve a semana passada na tua listening party. O que é que se sente quando se vê o publico a receber daquela forma energética um álbum pela primeira vez?
Epá sabe bué bem, ainda mais quando é a primeira vez que estão a ouvir a maioria das músicas. É fixe ver a parte mais de festa quando o pessoal está a tentar perceber o que é que está a acontecer e a tentarem perceber o que é que eu estou a dizer, é ganda sensação. Também é uma cena nova para mim, nunca tinha feito uma listening party então foi uma boa experiência.
Estás de volta ao outro lado do Atlântico. Começaste pelo reggae e agora apresentas um álbum maioritariamente latino. Como é que chegas a estas sonoridades?
Eu sinto que já na produção tinha algumas vezes essa sonoridade um bocado mais latina. Acho que foi surgindo um pouco pelos producers que me foram trazendo essa vibe: o Diogo, o Fabrice e os Góias. É engraçado porque sou filho de mãe brasileira e pai português, e acho que isso nunca se refletiu muito na minha música, até porque também nunca tentei explorar isso. Mas aconteceu, fui me dando com pessoas que me levaram a casa de fados, depois a música brasileira foi aparecendo…
As guitarras dos Góias se calhar acabam por surgir muito dessa influência.
Muito, e do Diogo também. O Diogo fez imensas vibes brasileiras que foram saindo ali. Acabou por ser uma cena que é intrinsecamente minha, mas que saiu natural, eu nunca cheguei ao estúdio e pensei: “bora fazer isto”. O Violetta foi muito na descoberta. O primeiro som que saiu acho que foi o Só Pra Mim – até estávamos mais reggaeton.
Violetta porque viaja entre o amor e os sentimentos mais azuis?
Sim, é uma mistura do azul e do vermelho. É também uma maneira de ver a vida, tás a ver? De tu veres a dualidade toda no mundo e conseguires olhar para ti também. Quando há essa mistura do azul e do vermelho, a conclusão a que tu chegas é que não podes ser só desta forma ou desta, tens de saber unir os dois polos. Violeta é também saber viver com mais coração do que cabeça. Não pode ser só cabeça, não pode ser só coração, é um bocado mais coração do que cabeça.
Como em CSWW, aqui descolaste-te completamente da parte da produção também?
Sim, sem ser estar a opinar [risos] não fiz nada assim de início. A produção do Violetta passou pelo Diogo, pelo Fabrice e pelos Góias: tudo o que nós fazíamos, desde o início ao fim, tínhamos de estar em acordo com aquela direção. Eu tinha mais ou menos a narrativa na minha mão que ia formando, e depois com eles o resto ia surgindo. Eu nunca tive numa banda, mas acho que é assim que eles devem fazer. Digo-o porque toda a gente ia adicionando coisas e se ninguém estava feliz com o resultado, não íamos para a frente.
Como artistas convidados no Violetta estão a pikika e o Ed – artistas com os quais já havias marcado presença em faixas este ano. Como é que surgem estas colaborações?
A pikika convidou-me para o EP dela e fizemos logo a faixa. Depois começamos a escrever cenas com o Lunn, saiu rapidamente a Quem Sabe – que ficou para o álbum – e ainda fizemos mais que acabaram por não ter destino. O Ed conheci pelo Chaylan, a fazer o CSWW. Ele era para lá ter entrado, mas acabou por não acontecer. Ele mostrou-me logo o Tua Falta, adorei o som, demorei para aí uns 6 meses até escrever, mas depois quando comecei a escrever foi rápido. O Ed não só entra duas vezes no álbum, como também me ajudou bué no processo. Ele é uma pessoa que eu admiro imenso, que quero ver crescer e que tem muito a dar à música portuguesa. Adoro trabalhar com ele, temos muita química. O Ed tem uma voz muito única, que canta como se já tivesse vivido outras vidas [risos] é mesmo.
Vamos ter oportunidade de ver a apresentação do Violetta em cima de algum palco?
Sem dúvida.