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The World Battle: o futuro do breaking na Tuga

Na passada quarta-feira, o MXM Art Center foi o palco do Talk and Share e da primeira edição do Portugal Breaking Championship, eventos pertencentes ao The World Battle, o festival de breakdance que está a decorrer no Porto até dia 5. O registo do dia 3 por João Norte.

O Talk and Share teve duas componentes, a primeira teve como tema “Portugal e as plataformas da Cultura, Espectáculo, Desporto da Arte Urbana” e contou com oradores portugueses: Max Oliveira, o líder da Momentum, a crew com mais sucesso na história do breaking em Portugal; Vitor Fontes, um representante da Hip Hop International; Alberto Rodrigues, o presidente da Federação Portuguesa de Dança Desportiva; JUL Nako, um dos pioneiros do breakdance nacional, e Melissa Sousa, representante do LOOP Festival.

O principal tópico de conversa foi a instabilidade que paira sobre o estado das danças urbanas em Portugal, que se estão a tornar parte da Federação Portuguesa de Dança Desportiva. Esta mudança traz indecisão para uma cultura que, até hoje, no nosso país, se baseou no amadorismo. Por essa mesma razão esteve presente no painel o presidente da FPDD, de modo a clarificar as vantagens da federalização do breaking e das outras danças urbanas.

JUL Nako acompanha o Hip Hop em Portugal praticamente desde o seu nascimento, quando voltou da Suiça em 1995, ano em que os Mind Da Gap editaram o seu primeiro EP. Portanto foi ainda mais impactante quando descreveu como uma “desilusão” a evolução do breaking no nosso país até hoje. No entanto, Max ofereceu uma perspetiva mais otimista e realçou que a realização de um evento como a The World Battle é um grande passo em frente em Portugal.

A vertente internacional da Talk and Share contou com MG e Bojin, dois b-boys de renome mundial. O último é breaking counselor na World DanceSport Federation e falou um pouco sobre o World Breaking Championship que irá ocorrer em Junho em Nanjing, na China.

Já passava das 22h quando começou o primeiro Portugal Breaking Championship, em formato 1v1, que apurou 2 b-boys e 1 b-girl para representar o país no World Breaking Championship. Os jurados foram BRUCE Almighty, Vanessa Marina, Bojin, MG e Shak, e a música foi da cortesia de DJ Godzi.

Ao longo da competição o interesse do público nunca oscilou, também graças ao Max que, no papel de anfitrião, animou as pessoas que se sentavam em redor dos dançarinos no Momentum Dance Studio. Durante mais de uma hora e meia de battles 1v1, o ambiente na sala foi sempre amigável, tal como é típico na cultura das danças urbanas.

14 b-boys e 4 b-girls competiram no evento que contou com participantes de várias faixas étarias. Deeogo e Mix, dois elementos da Momentum Crew confrontaram-se na final masculina, da qual saiu vitorioso, por decisão unânime do júri, o b-boy mais novo, Deeogo. Os dois vão representar Portugal em Nanjing, tal como a b-girl Stereo, que ganhou a competição feminina.

Num panorama nacional em que o rap se está a assumir como o género musical mais predominante, é crucial que as outras vertentes do Hip-Hop se destaquem igualmente.

A realização do The World Battle no Porto é um sinal que as danças urbanas também estão em crescimento. Quem presencia uma competição de breaking compreende que o espírito bairrista vive dentro dos b-boys mais que ninguém, o que confere uma autenticidade inegável que deve ser sempre conservada.

Fotografias por João Norte.

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