Hip Hop Rádio

reportagem

Mirandela Music Fest: Em noite de Dillaz, quem incendiou o clima foi Phoenix RDC

O parque Ribeira de Carvalhais recebeu a terceira edição do Mirandela Music Fest, nos dias 8 e 9 de junho. Com a missão de assumir uma dimensão nacional, Domi, Phoenix RDC e Dillaz eram as cartas do primeiro dia. E se Dillaz era o trunfo da noite, Phoenix RDC foi rei.

Domi iniciou a noite de Hip Hop. Com o seu flow caraterístico, conquistava o público lentamente e foi com o beat de Charlie Beats que o agarrou: “Não esqueço” sintonizou a plateia com o jovem rapper.

Seria de “Pensamento Leve” que acabaria o concerto. Paradoxalmente, quem se avizinhava para subir ao palco era um peso pesado. No backstage, Phoenix RDC dá saltos e gritos para aquecer. A fome que tem de palco nota-se no seu olhar. Quando entra em cena, basta ele para o encher. E de que maneira.

Com Phoenix não há uma linha que separa o palco da plateia. Não há um concerto feito. E a meio da atuação isso comprovou-se. O rapper parou uma música para saltar do palco e ir à primeira fila por água na fervura, após alguns elementos do público começarem desacatos. Com o álcool e os nervos à flor de pele, é normal isto acontecer. O que não é normal é o artista descer à terra. Phoenix ajudou um fã a saltar da grade, levou-o consigo para trás do palco e continuou o concerto.

A cada música relembrava que havia tempo para Dillaz. A noite era longa e era para aproveitar cada música, cada artista. “Não há pressa”. Com Phoenix há espaço para tudo e todos. Há lugar para toda a música, seja para a cabeça ou para a anca. Mas sublinhava:

“O rap também é sentimento, não é só festa”

“Dureza”, “Todo Santo Dia” e “Fama” incendiaram o clima e levaram o público ao auge.
Phoenix entre as músicas não se limitava a puxar pelo público. O rapper dirigia palavras à cultura Hip Hop, ao público e aos seus sonhos. Incentivava a lutar, a tentar. E afirmava, afincadamente, que nenhuma pessoa do público é menos que ninguém.

“Há aí muitos filhos da puta que querem acabar com os vossos sonhos?”

“Consequências” seria a última música. E bastariam alguns minutos para a noite continuar. O número 75 aparecia no ecrã gigante. E Dillaz, acompanhado de Vulto, Zeca e Spliff, subiam a palco.

Quem segue o rapper da Madorna pelos recintos do país, não estranharia o alinhamento. Houve espaço para clássicos como “Pedras no meu sapato” ou “Não sejas agressiva”, onde Dillaz nem precisava de cantar, pois o público trauteava as músicas de cor. “Protagonista”, “Cria Atividade” e “Mo Boy” seriam algumas das músicas que engoliam a plateia e que faziam com que ninguém conseguisse estar parado.

Com “Saudade”, Dillaz despediu-se do público. E seria a saudade a trazê-lo novamente a palco para cantar a última música e despedir-se com o melhor ambiente possível: “Clima” fechava a primeira noite.

A organização não desiludiu, a noite passou a correr e os artistas contribuíram para dar mais um passo na consolidação desta cultura como predominante no nosso país. Dillaz, no final do concerto, lembrava que era o público o responsável pelo rap nacional.

O Mirandela Music Fest é a prova de que, verão após verão, o Hip Hop cresce. E seja nos grandes centros urbanos ou num canto escondido do nosso país, há público, dos 10 aos 50, que enche os recintos e que contribui para o crescimento da cultura Hip Hop.

Reportagem por: Nuno Mina e Tomás Novo

Russ e o lobo

A história de Russ é uma versão mais moderna de “O Pedro e o Lobo” mas felizmente, desta vez “There’s Really a Wolf” e todos acreditam.


Por André Batista


Começou a fazer instrumentais por volta dos 14 anos mas só gravou a sua primeira música aos 18. Quando criou uma conta no SoundCloud em  2014 já tinha 11 mixtapes lançadas num espaço de três anos, e depois disso lançou uma música nova todas as semanas durante um ano e já contava com mais de 80 músicas lançadas no SoundCloud antes de se tornar uma super estrela do rap com temas como “What They Want” e “Losin’ Control”. Nunca deixou de acreditar que havia mesmo um “lobo” e conseguiu demonstrá-lo a todos os ouvintes de Hip-Hop.

Na sua primeira visita a Portugal esgotou os bilhetes para o Coliseu dos Recreios em 36 horas, tendo por isso alterado o espetáculo para a Altice Arena, que não encheu mas esteve perto disso.

O norte-americano que já tinha fãs à espera dele desde cedo num dia com muita chuva entra em palco ao som de “What They Want” e “They let us in the rap game” é cantado em coro por praticamente todos os presentes na arena, que estremeceu com a emoção do público.

Os cerca de 13 mil fãs presentes começaram o concerto com energia e emoção a níveis elevadíssimos e a partir do momento em que Russ entrou em palco esses níveis só aumentaram.

Antes de fazer uma pequena pausa para dar umas palavras ao público português, o artista cantou “Do It Myself”, “Too Many” e “Waste My Time”. Depois disso dirigiu-se ao público em tom de agradecimento referindo que aquele era o maior concerto da sua carreira até à data enquanto mostrava uma bandeira do nosso país que alguém atirou para o palco.

Retomou com “Willy Wonka” e fez as delícias dos fãs mais antigos. Seguido de “Me You”, “Yung God” e “Cherry Hill”. A alternância entre temas mais antigos e temas mais recentes foi um ponto positivo deste concerto e o público português mostrou que não é fã de Russ há dois dias.

Tudo estava a correr bem até agora mas o melhor estava por vir. Após Russ dizer que pediu para abrirem as portas da arena mais cedo para os fãs não estarem tanto tempo à chuva (o que infelizmente não foi possível), começa o instrumental de “Wife You Up” e a Altice Arena acompanha quase cada frase que o rapper canta e mesmo depois do instrumental acabar a energia do público combinada com a excelente voz de Russ resulta no primeiro acapella da noite com a arena a cantar o refrão quase em uníssono.

Depois o artista interpretou “Maybe”, “Pull The Trigger”, “Don’t Flip” e começava na altura o instrumental do tema que tanta polémica deu em Portugal, “Some Time” foi cantado por maior parte da maneira correta, ouvia-se alguém a gritar por Mishlawi ou a cantar When they call my phone I press ignore” durante o refrão mas nada que chegasse para incomodar o rapper norte-americano. Que prosseguiu sem pausas para “Got This” e “Don’t Lie”.

O público não tinha outro sítio onde preferisse estar durante aquele momento, e notava-se que Russ também estava a desfrutar imenso da noite que estava a acontecer. Portugal I’m coming back to you foram as palavras que o artista escolheu para introduzir “Back to You”. Em “Psycho” pudemos desfrutar de mais um refrão acapella a prolongar a música e depois de “Ain’t Nobody Takin My Baby” Russ pediu para a plateia o ajudar a cantar um verso inteiro de “Ride Slow” acapella. E como se estes momentos soubessem a pouco, o tema seguinte “Scared” também acaba com um acapella. Estes momentos arrepiavam qualquer um que estivesse a assistir, mas o final desta noite mágica estava a aproximar-se. Os dois últimos temas foram “Losin’ Control” e “Goodbye” (que se trata de uma história real em que nenhum dos nomes é inventado).

Chegava assim ao final uma noite mágica para todos os que estiveram presentes. As luzes apagaram-se e enquanto uns ficavam a pedir que o artista voltasse, outros já se iam dirigindo à saída satisfeitos com o que viram e ouviram durante a noite.

No entanto, para aqueles que o ficaram a pedir Russ voltou mesmo para repetir “Do It Myself”, e apresentar a mãe aos cerca de 13 mil fãs que lá o estavam a apoiar. Deixando a promessa que iria voltar a Portugal mais tarde, feliz com a experiência.

Odiado por muitos por acharem-no demasiado convencido, o self-made man Russ não deixou essa impressão em Portugal, pelo contrário.  Durante o concerto demonstrou humildade, apreço pelos fãs e sobretudo talento. Se realmente voltar a Portugal, como prometeu, nós vamos lá estar de novo.

O lobo existe mesmo e nós comprovámo-lo ao vivo.

Foto-Reportagem | It´s a Trap!

Na passada sexta-feira, dia 22, decorreu a festa “It’s a Trap”. Com casa cheia e bilhetes esgotados, celebrou-se assim o primeiro aniversário do evento organizado pela Rap Notícias, com João Moura como cara do grupo. A festa contou com grandes nomes como Yuzi, DJ Big e várias surpresas ao longo da noite.

Pela segunda vez no Mercado Time-Out, a festa começou por aquecer com o DJ Young Boda. Este apresentou o seu DJ Set, enquanto o público se acomodava ao espaço, para começar uma das noites mais quentes do ano.

Pouco depois, quando a multidão já tinha invadido a casa, o host da festa, de nome 20chatear, começou a puxar pelo público e deu-se aí o verdadeiro começo da comemoração do aniversário.

Ainda antes do cabeça cartaz Yuzi, outras personalidades deram a cara tanto no palco como no backstage: ProfJam e Holly Hood foram as mais marcantes.

Depois da longa espera pelo prodígio do trap português Yuzi, o mesmo finalmente apresentou o seu novo EP acompanhado com vários membros da Think Music, com rkeat e Oseias como DJ’s e com Pretty Boy Johnson como feat numa faixa. Apresentou no total 3 músicas novas, acompanhadas com a mais recente “Tsubasa”, mas também as lançadas anteriormente “Shut Up”, “XXX”, “YuziGang” e “Plug on the Phone”. A sua atitude explosiva e as músicas vibrantes levaram à euforia completa do público, dando azo a vários desacatos inclusivé à intervenção de segurança quando uma grande multidão começou a subir ao palco.

Após a atuação fervorosa de Yuzi, rkeat e Oseias tomaram conta do palco por um momento enquanto se esperava o próximo convidado.

A noite acabou em grande com o DJ Big, um dos grandes nomes de hip-hop português em termos de DJing. O mesmo apresentou mais músicas de hip-hop português que o normal trap inglês passado anteriormente.

Assim, acabou uma das noites mais intensas do ano, com uma grande prenda natalícia para os fãs de Trap.

Escrito por: Diogo Henriques
Fotografia por: Christian Ferreira