The Gate Of Madness: Sai mais uma fornada de festas hip-hop para o Alentejo

Nem a noite de tempestado parou a Hip Hop Rádio. Estivemos em Santiago do Cacém para a “The Gate of Madness” – e nem o furacão Leslie roubou o protagonismo dos DJ’s Mizzy Milles e Overule e o liricismo de Sacik Brow nas já famosas festas do litoral alentejano, desta vez com a organização da agência de viagens Gate1 do seu segmento PartyHard Alentejo | Ensaio e fotografia de Daniel Pereira

O cartaz era de luxo. Os hip-hop heads podiam contar as atuações de Mizzy Milles, Sacik Brow e Overule. No que toca ao resto do alinhamento, este era completado por Deejay Poco Louco, Dual Gravity e DVA. Seis artistas e seis espetáculos todos diferentes entre si, o que se revelou uma boa aposta por parte da organização que aliou qualidade com quantidade de forma a agradar às diferentes sonoridades que o público pedia.

As portas abriram às 22h00 e Mizzy Milles foi o primeiro a entrar em palco, com uma atuação sólida a começar por volta das 22h30 e que pecou apenas pelo horário a que foi sujeito. A tarefa de abrir a festa é sempre um pouco ingrata. Sentimos que Mizzy Milles “merecia” ter recebido outra hora para atuar – fruto do seu set excelência. No entanto, o DJ lisboeta não se fez rogado e animou todos os que já tinham entrado no Pavilhão da Feira de Santiago do Cacém. Hits  de rap tuga e internacional não faltaram e foram escolhidos de forma cirúrgica numa atuação que teve o seu ponto alto com o famoso “Devia Ir” de Wet Bed Gang, que meteu o público a cantar em uníssono pela primeira vez nesta noite. Caso para dizer que o ponto positivo de Mizzy Milles ter atuado tão cedo é que não havia melhor maneira de a abrir a festa.

Sacik Brow começou a sua atuação por volta da 1h30 da manhã. Acompanhado como já é habitual por Fragas, este concerto foi uma autêntica lição de rap tuga. Com um flow inigualável, o MC da Quarteira mostrou ao público como se faz storytelling com qualidade. Showcase que contou com alguns dos seus maiores hits como “Salsa”,  que meteu todos a cantar o refrão, “O Rap Morreu”, numa execução bastante enérgica, “O Que Querem Que Eu Rap?”, que conta com a participação de Fragas e “A Morte Do Artista”, tema que, acreditamos, abriu muitas das mentes presentes na sala. Sacik Brow é atualmente um dos rappers nacionais com maior agenda e, apesar de “já cá andar” há algum tempo, está a chegar a um público cada vez maior. Sabemos que muito do público presente no pavilhão não conhecia o trabalho de Sacik Brow e, apesar de ter sido um concerto com cerca de 40 min, tornou-se uma amostra do trabalho do artista algarvio e suscitou algum burburinho nas viagens para casa.

Já o destaque Overule entrou em palco por volta das 2h15 e a sua atuação foi o apogeu da noite. O DJ de Paranhos era o inevitável cabeça-de-cartaz (o seu “currículo” fala por si) e meteu todos desde a front até à back a dançar. Acompanhado de Philly Gonzalez, que vestiu o papel de hypeman e com um set mais eletrónico do que é habitual, deu um concerto de pouco mais de uma hora e passou por vários hits, seja de rap tuga, rap internacional, EDM e até rock. “Serias Tu”, faixa de Força Surprema, “Pensamento Leve” de Domi ou “Mo Boy” de Dillaz foram alguns dos temas mais entoados pelo público, mostrando que cada vez mais há uma preferência dos ouvintes portugueses pelo rap nacional.

Parece que a música falou mais alto no passado dia 13. Nem o furacão Leslie impediu a enchente no Pavilhão da Feira de Santiago do Cacém. Foi apenas a primeira de uma série de festas que culminará na viagem de finalistas de Salou da Gate1, cujo cartaz, em construção, apresenta uma variada programação de artistas do hip-hop nacional. É sempre de salientar o esforço e dedicação de realizar festas numa zona periférica do país, não só pela dificuldade de “seduzir” os artistas mas também de puxar público. No que toca a este caso específico, as festas localizadas no Alentejo, esse esforço e dedicação nunca tem sido em vão. Todas estas festas nas quais estivemos presentes são comparáveis, pelo menos em termos organizacionais, a qualquer uma “grande” de Lisboa. Passatempos para passes VIP, convites, sistemas de luz de qualidade e flame throwers são apenas alguns exemplos de pormenores que revelam um cuidado especial no que toca à organização da festa para além do básico ou seja, bar e artistas. 

A Hip-Hop estará presente na próxima festa da PartyHard Alentejo. Até lá, fica com a fotogaleria de Daniel Pereira em mais uma grande festa de hip-hop. Foto-galeria aqui.