Hip Hop Rádio

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Valas está de regresso em modo “Animália”

Passou mais de um ano desde que tivemos novidades de Valas com “Kilimanjaro“. Agora é sem aviso que o rapper põe na rua, o seu novo álbum, “Animália”.

Este projeto é o terceiro da carreira, sucedendo a “Raízes de Pedra” e “Check-In“. Num registo mais instintivo e primal do artista, podemos ouvir as participações de Brazza, D. Beat e Alice Martin e as produções de Boss AC, Nzhinga, Haze, Suaveyouknow, Fumaxa e Alfaccino num trabalho que alberga 10 novos temas.

Nuvem“, tema que conta com produção de Lhast, faz a serventia da casa e abre espaço para nos dar as primeiras luzes de “Animália“.

Keso descortina rap portuense em “Sinceramente Porto”

Novo álbum de Keso tem sido revelado semanalmente. Mais de 20 artistas vão fazer parte do projeto.

KSX2016” já tem sucessor. “Sinceramente Porto” é o novo álbum de Keso que junta velha e nova escola. Pibxis, Tácio, Auge, Maze, Kapataz, Berna, Kaines, Minus & Fokus e Roke são alguns dos nomes que já podemos ouvir, mas atenção: o novo trabalho do rapper e produtor do Bairro do Vilar não vai ficar por aqui.

O estilo boom bap serve de base para descortinar as ruas da Invicta e vincar a identidade portuense. O produtor tem mão em todas as faixas, contando com assinatura de Francisco Reis na masterização das mesmas.

O projecto conta com o carimbo da “Paga-lhe o Quarto Records“.

“Unplugueto”, de Allen Halloween, já está na rua

Novo álbum acústico do rapper de Odivelas já está disponível em todas as plataformas digitais.

Depois de “Projecto Mary Witch“, “A Árvore Kriminal” e “Híbrido“, Allen Halloween disponibiliza novo projeto já há muito esperado. “Unplugueto” conta com 14 temas e produção de Maradox Primeiro. Participação de Cyrillo G, Paulo Antunes, Kaya Fortunato, Buts Mc e Rodrigo Amado.

Já se pode ouvir o novo álbum da trapstar do Minho

Chico da Tina disponibilizou o seu novo projeto, “Minho Trapstar”.

Depois de “Trapalhadas“, EP que contém cinco temas lançado em julho do presente ano, Chico da Tina apresenta novo álbum. Com 10 temas e participações de Bejaflor, Co$tanza, tripsyhell, Shynju, Guilhermenz, Keslley, Lil Noon e Sisi Byas, “Minho Trapstar” é o primeiro álbum da trapstar do Alto Minho.

Este é apenas o segundo projeto, mas em menos de um ano o trapper conseguiu virar vários holofotes para o seu caraterístico trap e concertina. Com o EP de estreia, arrecadou o Prémio Mimo de Música. Para já, resta aproveitar estes 10 novos temas do “rei da rima”.

O silêncio que fazia falta ouvir

Há muito que fazia falta ouvir a voz de Slow J. Mas, curiosamente, não é a sua que abre o seu novo álbum: Sara Tavares dispara o gatilho, “arranha as costas” de quem ouve e abre jogo para João Batista Coelho também sonhar. As duas vozes conjugam-se depois na última estrofe da música, acabando por ser o início perfeito para “You Are Forgiven“.

Papillon é o próximo a ser chamado para a mesa. “FAM” traz o melhor dos dois artistas, contando com um ritmo africano que entusiasma qualquer um. Afinal de contas, foram várias as mãos responsáveis pela sua elaboração: produção de Chromonicci, Holly e Slow J, com “pós” de Fumaxa e Lhast, voz adicional de Gson e guitarra por Francis Dale – uma criação complexa, em vários tons, que percorre todos os temas.

Onde é que estás?” e “Lágrimas” trazem a melancolia ao projeto. Transportam o fado, carregado de amargor, e evocam os espinhos ainda cravados na sua pele que são expostos, seguidamente, em “Teu Eternamente“. Esta foi a única carta revelada, antes do lançamento do álbum, que fecha este fragmento mais escuro para depois ressurgir e voltar a rir. Afinal de contas, Slow J “Só Queria Sorrir“.

A sexta música do disco é um grito que motiva qualquer um a ser o que quer ser. Uma chapada que nos faz levantar da cama – “esta é prós dias de chuva” em que não nos lembramos de querer mudar o mundo – e nos passa o microfone para as mãos: responsáveis por deixar cravada no mundo a nossa impressão digital.

A que figura na capa, precisamente, não é a do músico: é a de cada um que ouve o álbum, cada um de nós que está perdido no seu próprio labirinto e tenta encontrar o seu caminho. O de João Batista Coelho é coberto de culpa, como o próprio confessa, mas também de sonhos, lágrimas e sorrisos.

Mea culpa” é a ressurreição de Slow para depois saltar “Muros“: 2 minutos de música que nos abanam por todo o lado. J tem a capacidade de cozinhar autênticos shots de motivação que põem qualquer puto lento a correr, qualquer pragmático a virar sonhador.

You Are Forgiven” é uma sádica história escrita com o sangue jorrado pelos espinhos que tem cravados em si – e que nos leva a encontrar os nossos – onde Slow J faz da confissão o seu laboratório. Para mim, já está, seguramente, mais longe que os seus ancestrais. Esperemos que não abrande e que continue, sempre, com fé nessa merda: cá estaremos para ouvir o seu silêncio.

David Bruno apresenta “Miramar Confidencial”

Novo projeto de David Bruno sucede ao álbum “O Último Tango Em Mafamude”, lançado em 2018.

Miramar Confidencial” apresenta-se como um vídeo-álbum inspirado “fortemente nos filmes de acção dos anos 90”. Samuel Úria, Fernando Alvim, Mike El Nite ou Este Senhor são alguns dos nomes que participam neste novo trabalho de db que conta com 11 temas. O seu braço direito – guitarrista “jovem e talentoso Narco Duarte de Barcelos” – Marco Ferreira também está presente.

Numa trama “romântico-criminal”, o membro de Conjunto Corona conta-nos a história de Adriano Malheiro Caloteiro passada algures no início dos anos 90 que “envolve este jovem empreiteiro que se encontrava a dar os seus primeiros passos na máfia da construção e se apaixona por uma donzela da região”.

Entre realidade e ficção, David Bruno deixa espaço para imaginarmos uma história à nossa maneira. O melhor será mesmo ver/ouvir.

Kappa Jotta sobre “Tribo”: “Vou lançar algo quando me apetecer”

Fotografia de Bruno Fidalgo de Sousa

Kappa Jotta tem novo tema solto, “Tribo”. O videoclip está assinado por John Doe Shotz (que também realizou o vídeo de “Fala a Sério”), instrumental de Reis e pós-produção de Here’s Johnny, da Superbad., também encarregue da captação, mistura e masterização. O rapper da Linha de Cascais afirma não pensar em álbuns: “vou lançar algo quando me apetecer”.

Antes de “Tribo” e depois de Ligação, o seu segundo álbum de estúdio (e um dos melhores do ano para a Hip Hop Rádio), Kappa Jotta tinha publicado “Fala a Sério“, produzida pelo newcomer Lazuli e que conta já com quase 1 milhão de visualização, assim como um tema incluído na mixatpe Ser Humano Vol.2, com Khapo e Macaia, intitulado “Coragem“.

Neste momento, o MC não se foca num projeto específico. Quando questionado pela Hip-Hop Rádio sobre o primeiro aniversário do álbum Ligação (1 de dezembro) e sobre o balanço do ano civil, Kappa Jotta respondeu que “correu bem melhor do que esperava, os sons têm visualizações lineares, vários sons com um milhão, alguns com mais, outros com menos. Vendi os discos quase todos, tendo já muito pouco stock, o álbum trouxe-me também outras oportunidades, muitos concertos em bons palcos. Foi bastante positivo, a meu ver, graças à malta que tem consumido e se tem ligado a nós deste lado”.

“lágrimas que a vista sangra, miopia e astigmatismo de tanto ver de perto a cor da lama
se o passado foram traumas e dramas, para muitos o futuro era funeral ou cana
para ter uns grifes eram fatias e gramas, presente da cabeça aos pisos com Reebok e Bana”

 

 

Dissecação | Regula

“Como eu não sei quando é que o tecto cai-me em cima,
Eu juro, por mais guita que eu faça do rap eu não saio da esquina”

Independente, irreverente, dono de personalidade artística vincada e singular. Foi (também) com a edição de Gancho que o rap se tornou uma potência musical no nosso país, fruto das novas sonoridades e estilo que Tiago Lopes implantou. A tendência inverteu, o rap popularizou-se e novas estéticas sonoras surgiram. Até à data, o hip-hop era um movimento underground. Regula, “nascido nos Olivais, criado no Catujal”, inverteu a balança mediática, vendeu centenas de cópias e arrecadou milhares de visualizações | Por Bruno Fidalgo de Sousa

“Eu não nasci num berço d’ouro, vi muita merda e rezei tanto gastei o terço todo”

Bellini “já girava nos blocos, ainda era um meia foda”. Foi precisamente no Catujal (“sabes qual é o local/ onde todos vendem material como se fosse legal”), em Loures, que cresceu e descobriu o ninho do qual nunca saiu. Do mesmo modo que a “Catuja” se tornou um palco para a arte de Regula e uma referência em várias das faixas do – extenso – portefólio do MC português, tornou-se também o palco que o viu evoluir e destacar-se nas battles da escola – e nas posteriores.

“No bules eu varro o salão e chamam-me patrão a mim?
Devem tar a falar da battle. Heavy metal.
Pa’ postura da altura eram dicas heavys né’ram?”

“A primeira vez que ouvi rap português, é que eu decidi que queria ser MC”, explica Don Gula no seu documentário. Em 1996, depois de longas horas a ouvir Black Company e Da Weasel (“eu ouço o Pacman desde os tempos dele no Casal”), forma os Duke Skill. A primeira música chamava-se “Fim do Mundo”, mas foi com o 1ª Jornada (editado pela Encruzilhada Records, do DJ Cruzfader) que o – ainda – Bellini cravou raízes num movimento em expansão. Com ele rimaram NBC e Sam The Kid (com quem já tinha participado em Sobre(tudo)) e o videoclip de “Especial” passou por várias vezes na SIC Radical e na extinta Sol Música.

“Desde a 1ª Jornada vi aparecer haters do nada
a tentar destruir uma carreira formada
até me verem com a algibeira jardada”

Ao mesmo tempo, Valete, Xeg, DJ Bomberjack, Tekilla, Madvision ou Kacetado marcavam posição no game com as suas primeiras mixtapes, algumas das quais com a presença de Don Gula. Também as participações com os (à data) veteranos Cool Hipnoise, New Max ou SP & Wilson lhe granjearam algum reconhecimento. Mas foi mais precisamente em 2005, com o apoio de STK e com as rimas ágeis de Xeg, que o Tira-Teimas saiu para a rua. E, com ele, a expansão: nos quatro anos que se seguiram houve tempo para duas mixtapes que engrossaram o leque musical de Regula, alguns freestyles e uma escrita crua e braggadocious: Kara Davis (2007) e Kara Davis Vol.2: Lisa Chu (2009), ambas mixadas por DJ Kronic. Foi a Horizontal Records – guiada por Valete – que deu o mote e o MC do Catujal não vacilou, vendendo cerca de mil cópias no primeiro mês.

“Valete diz que eu ’tou no auge da minha carreira
e já me pôs 10,000 paus na minha carteira”

Simultaneamente a cumprir uma carreira de MC e de barbeiro (na Vasco’s Barbershop), foi preciso chegar a 2013, quatro anos depois de Lisa Chupara Don Gula passar a atuar para multidões e não para nichos. Foi com a edição de Gancho, pela Superbad., que temas como “Casanova” ou “Cabeças de Cartaz” se tornaram músicas obrigatórias para os vários hip-hop heads que acompanharam a expansão do movimento – seja no palco, na Internet ou na rádio. Moisés Regalado descreve o álbum na perfeição: “Em Gancho não há pérolas escondidas ou momentos secundários — como acontece na esmagadora maioria dos álbuns — e todos os temas se tornaram imediatamente icónicos, assumindo o estatuto de singles sem que o fossem e até de clássicos instantâneos.”

“Eu vivo a vida num auge máximo, depois de umas quantas bottles sou um alvo fácil”

Casca Grossa (2015) e 5-30 (2014) foram os trabalhos que se seguiram. No primeiro, voltou a “apadrinhar” Holly-Hood (o seu antigo hypeman), com quem já tinha rimado anteriormente (Lisa Chu e Gancho) e colaborou com STK, Valete ou Blaya num projeto bastante eclético que dividiu opiniões. Pretendia, à maneira de Regula, criticar a comercialização do rap e o “rap que bate”, com ajuda de videoclips realizados pelo próprio.

O “Toni do Rock” não colocou o álbum à venda em grandes centros (“Sa’foda os royalties nem o da FNAC bate”), mas sim na sua barbearia (Pente Fino, nos Olivais, que abriu portas quase na mesma altura em que lançou Casca Grossa) e tatuadoras conhecidas. De facto, o bairrismo de Gula sempre fez parte da sua lírica. O próprio afirma-o em entrevista ao jornal PÚBLICO, quando da edição do álbum: “Sou bairrista. Até posso dar um grande salto em termos de sucesso, mas nesse caso faço uma vivenda aqui nos Olivais. (…)Não é por acaso que a minha empresa se chama Stay Local. Isto tem a ver com a minha identidade.”

Identidade essa que se manteve presente nas várias colaborações e em 5-30, álbum homónimo do grupo que compôs com Carlão e Fred Ferreira (Orelha Negra). Com temas marcantes (“Vício”, “Chegou A Hora” ou “Pitas Querem Guito) na cena musical da altura, o projeto teve um êxito inegável e imediato. Juntar Don Gula, um Pacman renascido e o primogénito de Kalu (Xutos e Pontapés) num super-grupo é arte – ainda que o coletivo tenha ficado por aí. No ano anterior, foi com “Solteiro”, tema dos Orelha Negra, que os versos de Regula chegaram – novamente – a todo o país.  É quase certo poder afirmar que literalmente todos os ouvintes de hip-hop reconhecem a resposta para o o clássico “E em homenagem à Amy”…

“reflito numa bula enquanto o Gula me apara” – STK

“Passaram-se anos, eu ainda ’tou a gastar grana do Gancho”

Ouro Sobre Azul já conta com cinco singles e uma colaboração (Dillaz, em “Wake n’ Bake”). O lançamento pode estar para breve: já passam três anos de Casca Grossa e as cinco faixas “cá fora” agoiram o (já) habitual: um Regula com novas sonoridades (trap à Gula na ementa), mas com o mesmo egotripping, bairrismo, a mesma competitividade (“Mas quem é que disse que tu bates? É preciso ter tomates”), ostentação e autenticidade. Como – e bem – se mantém durante tantos anos.

“Eu não espero um Globo d’Ouro
boy, eu quero o globo todo
Porque mesmo quando eu estava na merda
Nadava no topo do lodo”

“Baralho azul e roxo como se fosse do Barça”

Tiago Lopes é, indiscutivelmente, um dos mais prolíficos MC’s nacionais. Não só pela maneira genuína como encara o seu rap e a sua pessoa, como pela importância que teve enquanto umas das principais figuras do movimento: seja pelo portefólio de renome, pautado com projetos pioneiros e álbuns de relevo na cena musical nacional, como pelo impacto que o seu hip-hop e R&B deixou, números que não se contam, qualificam-se em singles bangers, concertos e vendas. Don Gula contribuiu com novas estéticas e sonoridades, manteve-se fiel ao seu humor característico e à sua personalidade vincada que tanto se traduz em música.

“Quando era puto, metia o dinheiro debaixo do colchão
Agora eu saio do banco a rir, com dois maços no blusão”

Fotografias de Arquivo

Revival: Slim Shady está de volta!

 

É certamente um dos álbuns mais aguardados do ano e chega, já amanhã, dia 15 de dezembro.

Why, are expectations so high? / Is it the bar I set? – Walk On Water (feat. Beyoncé) 

“Revival”, 9º disco de Eminem, conta com participações como Beyoncé, Alicia Keys ou Ed Sheeran e com Dre e Rick Rubin como produtores executivos.
Com a bandeira dos EUA e o tapar da cara do rapper como capa, podemos esperar uma forte carga política neste álbum. Não só o tema “Trump”, como as questões raciais parecem estar novamente na baila.

And I admit, there have been times where it’s been embarrassin’ to be a… White boy, white boy (…) – Untouchable

Depois dos singles Walk on Water e Untouchable terem suscitado opiniões mistas por parte dos fãs,  ficamos todos à espera do resto do álbum do veterano de Detroit.

Fica com a tracklist oficial: