O Super Bock Em Stock regressou na semana passada para mais uma edição. Dois dias (sexta e sábado) cheios de muita música tiveram lugar em várias salas míticas da Avenida da Liberdade. A Hip Hop Rádio esteve presente em alguns dos concertos, em que o ambiente vivido nas salas cada vez mais se aproxima à vida de “antigamente”.

Fotografia: Daniel Pereira
T-Rex subiu ao palco às 19h45 no Capitólio, numa altura em que o festival ainda estava a aquecer. “Somos poucos, mas somos bués. Façam o vosso barulho” dizia o rapper, ia revisitando o antigo álbum “Chá de Camomila” com o temas como “BigBoss Type$hit” e “R&bsr&b$”. T-Rex interpretou ainda “É Assim” ou o single “Sally” (2019), uma das suas melhores performances.
Sam The Kid & Mundo Segundo uniram-se no Coliseu dos Recreios e desta parceria resultou mais um bom espetáculo dos dois juntos. Ao longo do concerto assistiu-se a uma verdadeira noite de nostalgia onde se pôde ouvir alguns dos clássicos da dupla, como “Gaia Chelas”, mas também “Não Percebes”, do rapper de Chelas ou “Crise de Identidade”, do gaiense.
Voltando ao Capitólio, foi altura de se ouvir Jelani Blackman. O artista, que é um dos nomes britânicos emergentes, atuou para um público que estava lá mesmo porque queria vê-lo e cativou-o durante o seu espetáculo.

Fotografia: Daniel Pereira

Às 22h surgiram no Palácio da Independência os Atalaia Airlines, reinando um ambiente agradável e descontraído naquele que era um dos espaços mais pequenos do festival. A boa música fazia-se soar mesmo para quem não conhecia o trabalho deste grupo. Na reta final apareceu em cena Mike El Nite, um dos convidados da noite, que colaborou no tema “Niteflix”.
O Capitólio fechou a noite com Lava La Rue, que entregou em palco uma energia incrível: além das suas atuações, a rapper britânica foi tentando sempre ser comunicativa com o seu público, que ia também respondendo com a mesma intensidade. Na sua estreia memorável em Portugal, houve também tempo para a artista agradecer ao público em português.

Fotografia: Daniel Pereira

Fotografia: Daniel Pereira
Domingues foi a surpresa desta edição do Super Bock Em Stock, não fosse o substituto de Lon3r Johnny no cartaz de sábado, depois de este último ficar infetado por covid-19. Talvez isso explicava o porquê de o Capitólio não estar propriamente cheio; ainda assim, o jovem artista gaiense fez bem a sua tarefa e apresentou-se no Capitólio num concerto acústico, onde cantou já “Vai Dar”, som que lançou na véspera do concerto. Destaque também para o momento especial em que Domingues chamou Carminho, filha de Kappa Jotta, ao palco para interpretarem ambos “Romance de Cinema”, um dos temas do gaiense.
Foi no Coliseu dos Recreios que se assistiu a uma das atuações mais enérgicas e contagiantes deste ano. Os Bateu Matou trouxeram consigo alguns convidados – Héber Marques, Blaya, Favela Lacroix, Irma e Scúru Fitchádu -, tendo interpretações potentes e superiores ao trabalho em estúdio, nomeadamente em “Lume” e “Velocidade”, fazendo pensar na sorte que há ao ser possível ouvir novamente algo ao vivo.
Depois de ter atuado Lava La Rue na noite de sexta-feira, foi vez de a artista regressar com o seu grupo Nine 8 Collective. O concerto da véspera não enganou e o sábado veio confirmar o talento daqueles artistas que, todos juntos, trouxeram bastante energia, fazendo o público sentir como se estivesse em Londres.

Fotografia: Daniel Pereira

Fotografia: Daniel Pereira
David & Miguel foram praticamente os últimos a atuar no Super Bock em Stock 2021, mas muito a tempo de darem show no Teatro Tivoli e de terem também um dos concertos mais cheios. A dupla mostrou-se à vontade e o público, em êxtase, cantava em coro os temas, nomeadamente “Sónia”. “Interveniente Acidental” e “Inatel” foram também alguns dos outros temas ali ouvidos e bem apreciados. Apesar de serem os rostos principais daquele concerto, houve também um solo agradável de Marquito, o guitarrista desta dupla carismática.
A terminar a noite, assistiu-se no Cinema São Jorge a uma grande atuação de Priya Ragu, artista que se fez acompanhar de uma banda com muita qualidade. Sentia-se uma atmosfera mágica e genuína neste concerto, que contou também com covers de rap, como “What They Do” dos The Roots.


Terminado o Super Bock em Stock 2021, pouco a pouco regressa também alguma “liberdade”: os concertos com público sentado a alguns metros de distância uns dos outros deram lugar a espetáculos onde se sentia mais o calor das salas, ainda que com as máscaras impostas pelas regras. O cartaz, recheado de talentos nacionais e internacionais, permitiu saborear estes concertos e matar saudades dos festivais que gradualmente vão voltando à normalidade.