Todos levantamos voos, mas viajamos para lugares diferentes
Um bilhete com partida e sem regresso levou-nos ao Pavilhão Rosa Mota, no passado dia 8 de outubro.
Foi um voo demasiado rápido – não quiséssemos nós que tivesse durado a noite toda – sem muita turbulência e com a melhor equipa a bordo: Sam the Kid e os do costume. Agora já não te imaginamos a pisar um palco sem Orquestra e Orelha Negra, NBC, Mundo Segundo, Dj Cruzfader , Paulo Aia nos moves, e porque já não faz sentido de outra maneira, Napoleão Mira.
Abriste-nos o teu coração como quem abre uma caixa (quem sabe de ritmos): com intensidade e curiosidade pelo que há dentro. Sem saberes sabendo, foste andando de lado para lado, à descoberta, como se estivesses a pisar um palco pela primeira vez.
Não é a primeira vez que nos presenteias com este momento tão confortável e sinergético acompanhado dessa grande equipa a que chamas família, mas tens a essência de tornar tudo tão especial como se fosse a primeira vez.
Foi um voo familiar: unes gerações e resistes a essa temporalidade. Desde os mais “cotas”, aos filhos e netos dos cotas, todos lá para te ver cantar e cantar contigo. Parece que o bom gosto é mesmo Hereditário.
O momento foi único e antagónico: fizeste-nos sentir que partilhávamos o mesmo quarto, mas em que tu estavas num outro mundo… só tu e a tua mesa, de olhos fechados, no teu íntimo, intenso, como se não existisse mais ninguém nesta tua – nossa – viagem da vida.
Os temas apresentados foram uma prova de que crias um eternamente hoje com a tua arte. É impossível ficar indiferente com aquilo que nos brindas. Viajamos entre bangers, clássicos, umas brincadeiras tuas com a tua drum pad, porque, como disseste, “estávamos em família, estávamos à vontade”.
Este é um daqueles momentos que queremos recordar para sempre, como a nossa primeira viagem de avião.
Todos levantamos voos, mas viajamos para lugares diferentes.
Obrigado Samuel, obrigada pela viagem.