“Será que um dia alguém também vai chamar por mim/ e vou ouvir gritar o meu nome atrás da cortina?/ este era o sonho que eu tinha quando estava aí/ só mais um menino a cantar na primeira fila”, são os quatros versos que iniciam o segundo álbum do MC portuense Deau, “Livro Aberto”, sucessor de “Retiessências” (2012), três anos depois. O álbum teve o seu mediatismo, principalmente com os singles “Diz-me Só”, com Bezegol, “Andorinha” e a balada “Rainha de Bugiganga”, com a belíssima voz da Ana Lu e, ainda que as novas faixas que o rapper tem disponibilizado tenham elevado a fasquia, continua a ser o opus magnum da obra de Deau. O storytelling, as analogias e parábolas, com o rap “guerrilheiro”, quase motivacional, de um lado; o rap dedicado, de testemunho e desabafo, do outro, perfeitamente encaixados, unidos pelo flow arrastado do MC. É um álbum conceptual, que gira em torno da sua vicissitude, das suas histórias e, de tal forma, é ao mesmo tempo um testemunho da exigência diária do rap, do trabalho, da família, da vida. Uma obra para motivar todos os que, da “primeira fila”, sonham com o palco.