Nota-se quando um artista está no auge da sua carreira. Plutónio, com os seus 34 anos, está… mas só talvez. Talvez, porque depois do concerto da passada sexta-feira, no Coliseu de Lisboa, algo é certo: Plutónio que por cá anda desde 2013 tem ainda muito para dar. Um sucesso que se fez com sangue, lágrimas e suor e que promete não parar por aqui. Hoje todos conhecem o rapper do Bairro da Cruz Vermelha. Por Daniel Pereira | Fotografia por Beatriz Dias
Com um Coliseu de Lisboa lotado, não se esperava menos do que um evento especial. A primeira parte ficou a cargo de F.Milly que conseguiu as primeiras mãos no ar, numa atuação de cerca de 30 minutos. Depois acendeu-se uma tela gigante com um emocionante vídeo com vários testemunhos que explicam um pouco do caminho até ao dia deste concerto. Introdução perfeita para o primeiro tema da noite: “3AM“. A tela deu lugar a um cenário meticulosamente bem construído: paredes com graffitis, um café, um prédio deteriorado, ténis pendurados em cabos elétricos, onde não existiu qualquer vergonha em voltar às origens, mostrar o bairro, neste caso o bairro da Cruz Vermelha. Esta foi uma das mais valias do concerto e ainda nem começámos a falar de música. Plutónio entra então em palco para o primeiro tema e a partir daí seguem-se hits como “Mesmo Sítio“, “Prada” e “Lucy” que coloca todo o coliseu a cantar o refrão. Antes do tema “1 de abril“, Plutónio agradece a todos por terem escolhido passar o dia 14 de fevereiro com ele, o que, para nós, foi sem dúvida um bom plano para o dia de São Valentim.
O primeiro convidado foi Lord XIII que cantou com Plutónio o tema “Paycheck” que tinha saído apenas um dia antes do concerto. O rapper voltou depois atrás no tempo com “Não Vales Nada“, “África Minha“, “Filhos do Guetto” que contou com atuação de Kosmo e um dos seus primeiros e maiores hits: “Última Vez“, que proporcionou um momento de nostalgia para todos os presentes.
O álbum “Sacrifícios: Sangue, Lágrimas e Suor” voltou depois com “Estrelas“, um dos momentos mais bonitos e melódicos do concerto em que todos os telemóveis e isqueiros se acenderam sem qualquer pedido. Temas como “Não Tou Nem Aí“, “Conversas“, “Dramas & Dilemas” e “Vergonha na Cara” (contou com o surgimento de Pedro Teixeira da Mota em palco não podiam, claro, faltar. Pelo meio nota ainda para a atuação de Dengaz em “O que é que tem” e Mishlawi e Richie Campbell em “Rain” que mostra bem a importância que a Bridgetown tem para Plutónio. “Eu podia dizer muita coisa mas vou simplesmente não dizer nada, boa noite” – foi assim que Richie Campbell abandonou o palco, emocionado e extasiado com todo o feedback que o público estava a dar naquela noite.
O concerto de Plutónio podia muito bem ter terminado com “Somos Iguais” dada a emoção que o público e por público entenda-se, literalmente, todo o coliseu, que cantou este tema, quase não deixando espaço para se ouvir o rapper. No entanto este foi o último tema antes do encore que contou com o emotivo “Francisca” tocado ao som de um violoncelo, “Meu Deus” e o estrondoso hit “Cafeína” que levou todos à apoteose, fechando assim com chave de ouro.
“Se vocês estiverem a sentir 1/3 do que eu estou a sentir agora, então estão a ter uma noite do c*ralho!” – disse Plutónio a determinada altura do concerto. E, todos sentiram, de certeza. A verdade é que ainda só estamos em fevereiro, mas este é já um dos melhores concertos de 2020.