Mais conhecido por Noia, Nuno está ligado à música desde os 16 anos, sempre com um gosto especial pelo movimento punk hardcore. Lançou o seu primeiro projeto em 2018 e, mais recentemente, divulgou o EP Simulacro, uma tentativa de estudo àquilo que é ou não real influenciado pelo “Matrix”, e pelo livro que influenciou o Matrix (“Simulacra and Simulation”). Em conversa com a Hip Hop Rádio revelou as suas influências, os primeiros passos no mundo da música e ainda como surgiu a ideia do novo EP.
Quando surgiu a paixão pelo hip-hop?
A minha paixão pelo hip-hop surgiu perto dos onze anos de idade, depois de ouvir o “Podes fugir mas não te podes esconder” dos Da Weasel. Eu já gostava de punk rock, mas a mistura que Da Weasel fazia era o melhor dos dois mundos. De seguida conheci Mind da gap devido ao som “Nortesul” (do “Sem Cerimónias”) porque tinha feat. do Virgul e do Pacman, e fiquei viciado em Mundo Complexo que literalmente comprei ao calhas numa loja de discos.
Depois comecei a ouvir os nomes emergentes da altura, Sam the kid, Dealema, Xeg, Valete, Chullage, Regula, J cap, Fuse, etc. No entanto, mesmo com este passado de ouvir hip-hop, o punk hardcore foi o movimento que abracei na minha adolescência. Na altura a rebeldia, a energia e o “querer fazer agora” falou mais alto e foi o que me levou a apaixonar pelo movimento.
O que te levou a aventurares-te na música?
Se falarmos de música em geral, eu sempre quis fazer um projeto mas não conhecia malta que tocasse. Mas, perto dos meus 16 anos, conheci um rapaz que me convidou para a que iria ser a minha primeira banda. No entanto, mesmo tocando numa banda de música pesada, eu sempre tive o bichinho de fazer algo relacionado com o hip-hop, e foi quando fiz Erasmus em Dublin, em 2015, que decidi que iria criar este projeto.
Respondendo diretamente à questão, o que me levou a aventurar-me na música foi a necessidade de criar extraindo de mim próprio. Eu tenho uma necessidade extrema de criar, para fins terapêuticos.
Como surgiu a ideia para o EP Simulacro?
O EP em traços gerais fala sobre as várias camadas do sujeito numa ótica existencialista, as suas ações, sentimentos, e a sua própria vivência. Extremamente influenciado pelo “Matrix”, e pelo livro que influenciou o Matrix (“Simulacra and Simulation”), o EP é uma tentativa de estudo àquilo que é ou não real. Daí o nome “Simulacro” (uma representação ou imitação de uma pessoa ou coisa.)
A nível da produção, optei por produzir instrumentais com caráter eletrónico com fontes do UK. Navego entre o grime, garage, two step, dubstep, drill, sendo que a entrega final é hip-hop oriented.
Como tem sido o feedback do pessoal à tua música?
Até agora o feedback tem sido positivo. Entendo perfeitamente que seja algo mais difícil de entrar nos ouvidos pois não é diretamente hip-hop, tem várias influências associadas. No entanto, interpreto comentários como “isto é estranho” de forma positiva. So far so good.
Quais as tuas maiores influências dentro da cultura?
Se tivermos a falar de hip-hop tenho que referir MF Doom, por ser a personificação de hip-hop, para mim, e um verdadeiro vilão a escrever e a compor, Dirty Dike, devido ao humor e sarcasmo, The Streets, por fazerem uma fusão única de som e poesia, Non Phixion, Necro e Ill Bill, pela rawness e liricismo. E para não ficar mal não dizer uma influência portuguesa, o Serial, dos Mind Da Gap, por estar muito à frente do seu tempo em termos de beatmaking.
Um bocado mais fora da cultura hip-hop sigo a cultura do UK Grime que, por sua vez, foi uma grande influência para este projeto. E Moby por ser um all time favourite artist.
Onde gostavas de chegar com a música? Tens algum objetivo já estabelecido?
O céu é o limite. Quero tocar bastante. O grande objetivo para mim seria estabelecer-me como um artista fora do padrão. As pessoas já saberem em antemão que vem algo diferente deste lado.