Jüra é uma das novos nomes do panorama musical português, mas as artes já lhe correm nas veias há vários anos: a artista já esteve ligada ao circo e à dança. Numa altura em que se prepara para atuar em estreia absoluta, na Time Out (Lisboa), no próximo dia 19, a Hip Hop Rádio esteve à conversa com a artista para saber mais sobre o seu primeiro EP.

Para quem não te conhece, uma vez que começaste a lançar músicas só em 2020, como te caracterizas enquanto artista?
Obrigada pelo convite e por me receberem. Essa pergunta não é nada fácil para mim… não sei como é que me caracterizo, mas sei que tudo o que eu faço e a minha arte é uma consequência da pessoa que eu sou, da maneira como eu me sinto e acho que isso por si só vai caracterizar e mostrar logo, a partir da minha arte, aquilo que eu sou.
Este teu novo trabalho intitula-se “Jüradamor” e já são conhecidos alguns temas. Como é que tem sido o feedback do público até agora?
Tem sido muito bom. As pessoas têm ouvido, têm aderido e algumas têm-se surpreendido, o que é fixe, e a família está a crescer. Já conseguimos chegar a mais sítios, a mais pessoas, a mais corações e é fixe.
Como é que descreves todo o processo criativo ao longo deste EP?
As minhas canções nascem naturalmente, é uma expressão e uma consequência: é quando eu preciso e quando já estou muito chateada com a vida ou mesmo feliz. Quando estou muito cheia de emoções, descarrego na música e elas nascem, por isso é uma cena muito fácil. Não tenho um tempo ou um modo, é mais uma expressão.
O que significa para ti este EP, sobretudo sendo o primeiro trabalho mais sério?
É a minha apresentação, é a forma de as pessoas me conhecerem. Nenhuma destas canções nasceu com o intuito de lançar, mas sim de me expressar e então é tudo verdade e é tudo sobre o que é sentir e claro, consequentemente, isso vai chegar a outras pessoas, porque todos sentimos coisas e é um bocadinho uma apresentação do que é a minha arte.

Neste EP está muito presente a temática do amor. É um caminho que pretendes continuar a seguir na tua arte ou simplesmente era o tema que te fazia mais sentido abordar neste momento?
Pois, não sei bem… acho que a vida me vai dar o tema a escolher. Também me interesso muito sobre outras questões que são importantes hoje em dia, mas aí se calhar vou pensar mais sobre o que quero escrever. Como estas foram mais intuitivas, é tudo sobre o que eu sinto… eu sou uma pessoa muito emotiva e falei mais sobre isso. Também é uma coisa que gosto – a emoção, o que é o amor e a dor, mas decerto que vão surgir outros temas para abordar.
Em alguns temas teus é possível vermos várias palavras juntas numa só, como “Aluzétudo” ou mesmo “Jüradamor”. Qual é o teu objetivo ao fazer estas junções: apenas uma brincadeira com as palavras ou também de alguma forma uma “marca” da tua identidade artística?
Eu acho que sim, transformou-se nisso… comecei a escrever assim no secundário. Andei no Chapitô, que é uma escola de circo, e a certa altura comecei a escrever como falava, porque às vezes comemos palavras entre umas e outras, mas começou a surgir isso mesmo antes de pensar em tudo isto de uma carreira ou construir alguma coisa. Escrevo assim em mensagens com os meus amigos, com a minha família, com toda a gente… então é uma coisa super natural que acaba por também vir para a minha área artística e acho que se torna uma marca e algo que depois as pessoas vão ver logo que é meu.
Em termos de influências, tens algum artista que te tem servido de inspiração/referência, em especial neste EP, ou mesmo ao longo da tua carreira?
Eu acho que nós somos muito influenciáveis e é normal, estamos sempre a ouvir e a receber informação – ainda por cima agora com os telemóveis e o Youtube – e temos acesso a tudo, mas não tenho assim ninguém a quem recorra. Sei que de certeza tenho muitas influências de tudo o que ouço: gosto de ouvir um bocadinho de tudo, acho que tudo tem lugar e não tenho uma referência que possa dizer que é concreta, mas acho que tudo influencia. Tudo o que ouço influencia, tudo o que eu vivo… então não tenho assim nenhum nome que possa dar.

No próximo dia 19 apresentas este EP na Time Out (em Lisboa). Como te sentes ao estar prestes a apresentar pela primeira vez em palco uma obra tua?
Estou muito feliz! Já estive nos palcos noutras áreas – no circo e na dança -, mas agora é completamente diferente e é a primeira vez que me vou apresentar mesmo a cantar em público. É o meu primeiro concerto de sempre, mas estou super feliz por poder agora partilhar [o EP] mesmo ao vivo, ver as pessoas… estou muito feliz, a minha banda é incrível, os ensaios estão a ser espetaculares, e já estava na hora… estou muito ansiosa e já só quero isto!
De que forma é que achas que o facto de seres uma pessoa já com um background ligado à dança, por exemplo, pode ajudar-te em palco, desta vez enquanto artista de música? Ou seja, sentes que essa experiência em palco te vai ajudar ou é completamente novo e diferente, tendo em conta que agora vais cantar e não dançar?
Acho que me ajuda, sem dúvida… eu costumo dizer que a vida me preparou para onde estou agora, ou seja, passei por todos estes caminhos e agora vou fazer a minha cena… e todas essas áreas vão-se cruzar, porque são áreas que eu amo. A música é a minha vida, eu amo música, é a forma como me expresso e é o que traduz mesmo o que vai em mim, mas todas as outras áreas se cruzam… então eu cada vez mais quero que elas se interliguem e que possa fazer mais do que um concerto ou um espetáculo.
Para este concerto, o que irás buscar mais da dança e de todas as outras áreas em que já estiveste?
O à-vontade, a experiência… é uma cena incrível. Claro que vou estar super nervosa, mas sinto-me preparada… não há nenhum artista que entre em palco sem nervos [durante] a vida toda, mas sinto essa preparação. O rigor é também influencia muito e o estar em palco já não é uma novidade para mim, então acho que vai ser diferente, mas sei que todo esse background me dá um à-vontade maior e me vai dar liberdade para eu me expressar também através do corpo enquanto canto.
Tendo em conta que se trata de um concerto “especial”, o que se pode esperar desta noite?
Vai ser muito especial. É o primeiro de todos e quero muito que venham partilhar isto comigo. Estas canções vão ser apresentadas ao vivo pela primeira vez e vai ser uma experiência nova, porque é com banda e então é diferente. Vamos fazer um espetáculo corridinho e vamos ter canções novas… vai ser muito fixe. Quero muito que venham!
Como imaginas o público naquela noite? Já imaginaste algo na tua mente?
Já sei que os meus amigos e a minha família vão estar lá e vai estar tudo louco (risos), um amor imenso… mas quero muito ver caras novas e partilhar isto com toda gente.
Para finalizar, o que esperas agora alcançar a nível do EP e mesmo na tua carreira?
A nível do EP, quero rodá-lo, quero ir a mais sítios… vai ser o primeiro concerto, mas quero muito fazer mais. Acho que o que vale mesmo é apresentar [o trabalho todo] frente a frente, ver e partilhar isso com as pessoas. Na minha carreira é continuar a fazer canções, evoluir sempre e conhecer novos lugares, pessoas, sonoridades…