Tomás Cabeleira, mais conhecido por Filtro, estreou-se nas rimas há cerca de um ano com “Rimo O Que Não Gosto”, um som onde vem acompanhado por Kappa G, uma das suas maiores referências. Recentemente volta ao panorama com a faixa “Serotonina”, juntamente com Claustro e Ricardo Costa, o que nos levou a conversar com o rapper para perceber o seu percurso até agora e alguns objetivos para o futuro.
Quando surgiu a paixão pelo hip-hop?
A minha paixão pelo hip-hop surgiu quando era miúdo, eu já escrevia muitos textos, e desde muito cedo que comecei também a escrever letras. O meu irmão, que é realizador de cinema, costumava mostrar-me muitos filmes quando eu era mais novo, e foi quando ele me mostrou o 8 mile que tive o primeiro impacto com a cultura. A partir daí comecei a ouvir muito hip-hop, a assistir a rap battles, a improvisar e escrever letras, etc. Lembro-me bem de o fazer no ciclo e de mandar improvisos no liceu atrás dos pavilhões.
O que te levou a aventurares-te na música?
Sempre gostei de escrever e tive letras escritas, mas nunca gostei de me ouvir a cantá-las, assim como nunca as mostrava a ninguém. Sempre improvisei com o pessoal desde novo, que também me encorajava para cantar e lançar sons, mas nunca lancei por essa mesma razão. Um dia numa gravação de um videoclip de um rapper que eu admiro imenso, uma das minhas influências, o Kappa G, quando eu já estava meio alcoolizado, mostrei-lhe uma letra, ele adorou e disse que me gravava a música no seu estúdio. Acabei por lançar a música e ele participou nela, posso dizer que se não fosse ele, nunca tinha tido coragem para o fazer, e claro que houve mais gente a encorajar-me a fazê-lo. O meu mais velho cá da zona, por exemplo, entre outros amigos (não os posso enumerar a todos, infelizmente) alguns também rappers, como o Claustro, mas se não fosse o Kappa a oferecer-me as condições para o fazer, o “Rimo o que não gosto” não teria saído e o Filtro não existiria.
Como tem sido o feedback do pessoal à tua música?
Tem sido bom, comecei há pouco tempo e embora não sejam muitos ouvintes, quem ouve gosta e sente, e para mim isso é o mais importante.
Quais as tuas maiores influências dentro da cultura?
As minhas maiores influências têm o mesmo cordão umbilical que eu, são pessoas da minha terra, que lutam por ela e não desistem, verdadeiros hustlers. Mas do Rap, Entronka Gs sem dúvida que são capazes de ser umas das minhas maiores influências, sobretudo pelo que representam. Regula, Dillaz ou Jimmy P são alguns dos nomes que mais me marcaram, tenho um ouvido muito eclético para o rap, gosto muito de diferentes estilos e artistas.
Onde gostavas de chegar com a música? Tens algum objetivo já estabelecido?
Nada em concreto, gostava de viver da música, mas sabemos que é muito difícil. Gostava de um dia atuar num grande palco também, mas só o tempo o dirá. De qualquer das maneiras sinto-me realizado com o que tenho, de resto, só o tempo o dirá. O objetivo neste momento é continuar a exprimir o que sinto, com cada vez mais intensidade.