Hip Hop Rádio

Druma: “Já estou a ganhar ao permitir-me fazer aquilo que gosto, só pelo gosto de o fazer”

Daniel Roque, mais conhecido por Druma, acaba de lançar o single “Oq Acontece” com o selo 5PRAS6. A editora independente que criou juntamente com o produtor Mello dá os primeiros passos e já conta com cinco temas dos dois artistas no canal. O MC de 22 anos contou-nos um pouco da sua relação com o hip-hop e como começou a dar os primeiros passos dentro da cultura.

Quando surgiu a paixão pelo hip-hop?

O hip-hop foi introduzido na minha vida a partir do rap, mais especificamente com o Poetas de Karaoke do Sam The Kid. Quando tinha 8/9 anos, lembro-me de estar a ver televisão e num canal, estava a passar esse videoclip e aquilo captou-me a atenção. Foi a primeira vez que tive a perceção de que o que eu estava ver era uma “cena maior”, apesar de, hoje em dia, saber que antes disso já tinha tido contacto com outros temas da cultura como o Não Sabe Nadar, dos Black Company ou o Baza, baza do Boss AC, por serem sons que já se faziam ouvir pelas grandes massas. Foi especificamente naquele momento, com o som do Sam, que tive a curiosidade de procurar por mais e de perceber a ligação daquela música com esta cultura e as suas várias vertentes. 

O que te levou a aventurares-te na música?   

Depois desse primeiro contacto, apesar de nem me passar pela cabeça a possibilidade que hoje tenho de gravar uma faixa, ganhei o gosto pela perceção de que a palavra “x” rima com as palavras “y” e “z”. E isso levou-me a escrever as primeiras quadras naqueles esquemas rimáticos mais simples ABAB ou AABB. Aquelas rimas mais básicas, para os meus amigos, para a minha mãe ou para rapariga que eu achava bonita da escola. Entretanto, passei a adolescência a consumir mais rap e mais MC’s. A obter a perceção  de outras visões e o papel positivo que uma mensagem bem transmitida pode ter na vida das pessoas. A minha escrita já funcionava como uma forma de me expressar e de organizar pensamentos e ideias. Andei um tempo à procura de como tornar isto possível até conhecer o Mello, o meu produtor, e demos o passo de começar a expôr os projetos. 

Como tem sido o feedback do pessoal à tua música?

Sinto que o feedback em relação à minha música tem sido positivo. Apesar de ter total noção de que estamos no início, há mesmo muito trabalho a fazer. Ainda não temos um feedback estrondoso mas mesmo sendo poucas as pessoas que conhecem aquilo que eu faço, têm recebido de forma positiva. 

Quais as tuas maiores influências dentro da cultura?

Eu tive acesso à cultura, como já referi, com o hip-hop português. Mais tarde é que passei a conhecer o que se fazia no estrangeiro, e hoje sou muito fã de alguns MC’s dos Estados Unidos e do Brasil também. Sendo as 3 principais fontes de rap que passam na minha playlist e mencionando um artista para cada país, diria: Sam The Kid, J. Cole e Froid. São os artistas com que mais me identifico e são claramente influências. Apesar de haver muitos outros que aprecio bastante.

Onde gostavas de chegar com a música? Tens algum objetivo já estabelecido?

Não considero ter nenhum objetivo já estabelecido, penso que pôr o futuro já todo em perspetiva não é o essencial neste momento. Isto não é nada mais nada menos, que eu a juntar o gosto pelas palavras com a necessidade de me expressar. Na sociedade em que vivemos, já estou a ganhar ao permitir-me fazer aquilo que gosto, só pelo gosto de o fazer. É óbvio que todos sonhamos em fazer o que nos apaixona, e que essa paixão nos traga retorno e estabilidade financeira e se essa oportunidade aparecer irei agarrá-la como puder. Até lá, se chegar aos fones das pessoas já é um extra bacano. 

Consegues revelar algum projeto que esteja para sair, se é que estás a pensar nisso?

Até ao final do ano estamos somente a planear o lançamento de mais singles com o selo 5PRAS6. No entanto, sem fazer qualquer tipo de promessa ou garantia, já começámos a partilhar novas ideias, a nível de produção instrumental, para um projeto mais consistente em formato de álbum ou E.P que se fará acompanhar, no que toca a visuais, pela produção do meu boy de eleição, Shotzhunter. Com perspetiva de lançamento para o início do próximo ano.

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