Hip Hop Rádio

Dillaz – O Coliseu virou Recreio

O mês de março começou da melhor para a ‘seventy-five crew’ – diretamente da Madorna, o Dillaz veio com a turma toda para pisar pela primeira vez em nome próprio o palco do Coliseu dos Recreios. 

Cedo se fez encher a mítica sala lisboeta para ouvir um dos nomes mais sonantes do Hip-Hop nacional. A fazer jus à grandeza do nome, o rapper natural do Zambujeiro, outorgou precisamente aquilo que o público esperava – um verdadeiro espetáculo do início ao fim. Batiam as 21:10 no relógio e já se ouviam gritos por aqui e acolá a pedirem a chegada do mais requisitado da noite e assim foi: com uma tela gigante no palco a apresentar um ‘visual’ ao som da faixa Gangsta. Lá fora fazia frio, mas dentro do recinto o clima estava bem quente e assim foram recebidos os milhares de fãs que marcaram presença no Coliseu, ao som de ‘O Clima’, que designou o início de uma noite memorável.

Em termos de performance, o Dillaz mostrou ser um artista muito completo em cima do palco e correspondeu à elevada fasquia, naquela que era a sua estreia no Coliseu dos Recreios. Em sons agressivos não hesitava em saltar e puxar pelo público, em músicas mais tranquilas sabia bem quando deixar o “microfone” para a plateia e nas faixas que contaram com a participação de outros artistas, o Dillaz fez bem o seu trabalho de “speaker” ao apresentar os artistas em questão; não esquecendo as várias vezes em que apelou a fortes aplausos para a banda que fez um trabalho excecional desde a bateria à guitarra, passando também pelo conjunto vocal.

Se por um lado, o Dillaz teve uma exibição ‘impec’, por outro, há que falar no trabalho excecional do seu ‘hype man’, Zeca75 – que do início até à despedida vibrou e assistiu o Sr. André Chapelas aka Dillaz quando ele mais precisou. Não esquecendo as faixas onde o Zeca aparece como feat, como por exemplo no som ‘Pula ou Levas Bléu’, que simplesmente mandou o Coliseu abaixo com aquele refrão icónico. Atrás não ficou a faixa “Qualquer Feira”, do mais recente álbum, onde para além do Zeca há também a participação do Tiwi – os três juntos, com uma química e uma métrica própria da Madorna, fizeram do coliseu um recreio e mostraram como se dá um show.

Por falar em feats, é importante referir os grandes artistas que marcaram presença neste marco importante na carreira de Dillaz. O primeiro a entrar em palco e a domar a plateia só podia ser o homem, Don Gula, que entrou e arrasou ao som de ‘Wake N’ Bake’; caso para dizer que para ‘O da Vila’ os anos passam, mas a classe permanece. Outro dos momentos da noite foi protagonizado pela atuação de Bárbara Bandeira num dos grandes hits do álbum ‘Finda’, Carro feat. Dillaz – a presença feminina fez-se ouvir durante todo o concerto, mas especialmente nesta faixa onde o Coliseu se juntou para cantar em uníssono. As novas colaborações do álbum também vieram em peso e primeiro, para adoçar o clima, o Julinho KSD trouxe uma aura digna de um clima de verão e a plateia balançou na vibe certa, caso para dizer: Nota 100. Nesta altura do concerto já tinham sido várias as presenças no palco, mas Dillaz guardou o melhor para o fim e Plutonio atendeu a chamada – juntar o útil ao agradável, juntar o mágico e o notável, juntar dois grandes artistas no mesmo palco, no mesmo som só podia dar certo, e deu. Depois da participação do Dillaz na música ‘Runnin’ do álbum ‘Histórias da Minha Life’, Plutonio e Dillaz voltaram a juntar-se, após 11 anos, ambos já com um outro estatuto dentro do panorama do Hip-Hop nacional, para a faixa ‘Alô’. A plateia vibrou imenso, não deixou a chamada em espera e no fim só se pedia “mais uma”, e Dillaz, igual a si próprio, tinha de fechar a loja com um dos melhores sons do Hip-Hop ‘Tuga’ – ‘Mo Boy’, foi assim que a ‘seventy-five crew’ se despediu, onde Dillaz quase nem precisou de cantar, todos sabiam-na de cor.

Um dos factos mais impressionantes desta noite foi precisamente a forma como o público lidou com as novas músicas do álbum, ‘O Próprio’. Houve uma gestão de timing e espaço de tempo por parte do Dillaz e de toda a sua equipa, que é de louvar – entre a data de lançamento do álbum e a data de concerto, foram 14 dias, algo que bastou para percebermos que se trata de um projeto de tremenda qualidade e que tem todos os ingredientes reunidos para ser um dos melhores álbuns do ano. No concerto, Dillaz atuou músicas como ‘Hello’ e ‘Colãs’, que já saíram há mais tempo; ‘Habibi’, ‘Alô’, ‘Nota 100’ etc… a verdade é que em todas elas o público correspondeu. Quanto à despedida, todos os intervenientes pisaram o palco uma última vez, para dar a vénia a quem merece.  

Leave a Comment