Por Daniel Pereira | Fotografia Bruno Marques
Esta é uma daquelas atuações que sentimos que são únicas.
Digo isto não apenas pela qualidade inequívoca do artista em questão, mas também por tudo o que rodeou o concerto.
Estamos a falar de uma quinta-feira, às 21h30, horário que para muitos pareceu estranho mas que cedo se revelou o momento ideal para este momento único.
Sem desvalorizar a arte do DJing, mas Branko é mais do que um DJ, é produtor, compositor e podia muito bem ser MC, na medida em que se revelou um excelente Mestre de cerimónias. Acompanhado por Ola Ruth e Danilo Lopes, num espetáculo pensado ao detalhe pelo próprio e pela Arruada, rapidamente todos se esqueceram do mundo lá fora, e entraram a pés juntos no mundo multicultural de Branko.
A “Nova Lisboa” na realidade sempre existiu, apenas precisava ser descoberta e Branko teve essa audácia. Este novo álbum tocado no Coliseu, é, em todos os sentidos, uma SOMA a um repertório cheio de sonoridades distintas, distantes, mas que unem.
Esta musicalidade (em que o hip-hop está sempre muito presente) surgiu na passada quinta-feira, claro está, com Branko, mas também com artistas convidados como Carlão, Dino D’Santiago ou June Freedom, e houve algo em comum entre todas as pessoas que pisaram aquele palco: a alegria enorme de poder estar ali, em comunhão, que contagiou mais e mais o público.
Mas o público também contagiou Branko, e é por isso que a determinada altura desta atuação, os decks passaram para uma mesa no meio do público, fazendo lembrar os palcos mais pequenos (apenas em tamanho) do início de carreira do artista.
Se soubermos de onde viemos, sabemos para onde vamos, e Branko parte mais uma vez para a descoberta, desta Nova Lisboa, levando uma tripulação cada vez maior.
Mais que um marco de uma carreira, este foi um concerto, para ele e para nós, de afirmação, absorção e mais do que nunca, necessário.