Hip Hop Rádio

Rita Carvalho

Hard Club: o “Malibu” de Portugal

Não #FFFFFFaltou nada: os putos malucos da cabeça foram suficientes.

Resumidos às 4 paredes da sala 1 do Hard Club foi numa festa privada que a paranóia de todos os presentes veio ao de cima como uma trip espiritual.
O game estava longe de ser morto, mas o roupeiro já estava limpo e só faltava o G.G.O.A.T (com double G) fazer magia.

Há expressões corporais que falam por si e sem dúvida que a do Super Mário é uma delas: o à vontade e a dicotomia da atitude (preponderante mas nada desumilde) faz de ti o xamã mais respeitado desta profecia.
Submerso num oceano de sinestesia, o publico estava em êxtase à espera do Hino que tu és.. Se houve algo que se esperou no dia 15 de Março de 2019 foi sem dúvida a tua entrada. E lá entraste tu: todas as cores viviam na tua roupa branca que contrastavam com os teus típicos óculos pretos. Haverá melhor reflexo da tua personalidade? Se calhar sim, mas se calhar não.

“Esta é para os putos do porto que é onde me sinto em casa”

A tua casa será para sempre a nossa galáxia favorita, onde nós estamos na nossa, onde nós estamos bem.

Com o terceiro olho bem aberto, a team fez o Gwapo. Mike EL Nite, Yuzi e Fénix tiveram presentes para serem cúmplices da emoção com que o nosso Espectro, ProfJam, vive a música.

Nunca uma água de coco soube tão bem como naquela noite tão quente e energética, nunca uma t-shirt oferecida por alguém do público fez tão sentido. Queq queremos? Pacotes de mortalhas no bolso para só para por o rap na mortalha. O resto vem por acréscimo.

Não és puro, és misturado e é por isso que… Se um puto brilha, esse puto és tu.

Foto-galeria, por Ana Rita Félix, para ver aqui.

Artigo por Rita Carvalho.

E quem diria que os finais felizes se resumem a energia e poesia

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A calçada estava fria, mas a rua do Hard Club não estava vazia: enchia-se de fãs. As condições climáticas não eram as melhores, chovia intensamente, mas não foi isso que impediu de se assistir à magia vivida no OLYMPO dos deuses. Os deuses eram 12 como era de esperar: Pinheiro, Distico, Alexandre Oliveira, Genus, Nexo, Bruce, Hiper, Z-Vlgkrew, TItan, Unirversos, Ouhjih, Stonaka e G821. Não sei qual dos Olympos foi mais real: se o que está para lá do céu, se aquele que se resumiu à sala 1 do Hard Club.

Mas o mais especial é fácil de decifrar. Passado mais ao menos um ano dos “22 anos de Rap” aqui estávamos nós, para mais uma sessão de poesia daquelas com amor. O revolucionário decidiu criar, com o seu novo (velho) regresso, uma iniciativa digna de prémio nobel: sintonizou os 12 deuses e os seus convidados com a sua febre da selva, fê-los mostrar o seu sangue frio, a outra face, sem nunca perder a essência. Contagiou-os com aquilo que mais tem, boas energias, e fê-los sinérgicos: quem diria que os deuses competiam entre si quando transbordavam tanta cooperação e admiração uns pelos outros em palco.

Mais que incentiva-los a ganhar o “concurso”, o Inspetor Mórbido quis mostrar que os sonhos são a melhor parte da realidade, e que juntos como um só, podem elevar a paixão que fulmina em todos nós. Os 12 Magníficos foram os protagonistas da noite, aliás o Hard Club foi a Casa de Oportunidades para eles (obrigada Macaia pela presença e pela tua essência tão genuína), mas a verdade é que o verdadeiro Zeus do Olympo foi o Soldado com Caneta de Aço. Por muito que a noite do 15 de Dezembro fosse dedicada aos jovens da nova escola, ao futuro do hip hop português, a simplicidade e pureza fez com que fosse o Mágico a semente mais bonita do jardim (obrigado Deau pela presença e por seres sempre o mesmo: tão simples e tão autêntico). O único Mágico que com a sua mensagem tão simples e modesta enfeitiça vida daqueles que compreendem a sua visão.

Obrigada por partilhares connosco a tua caixa de Pandora. Obrigada pela tua vitalidade, pela tua força inquebrável, pela tua energia contagiante pela tua humildade exorbitante e por todo o amor que tanto sentes e partilhas. Obrigada pelo teu saber que nos renasce tantas vezes. Obrigada por seres o quinto anjo mais primeiro que pode existir. Por isto tudo e por tantas outras coisas que poderiam ser ditas, diz-me só…

Como é que nada dura para sempre se és eterno no nosso ouvido?

Foto-galeria aqui.

Escrito por: Rita Carvalho

A Dica É Trocar Energias | Papillon @HardClub


Há gestos que demonstram o regresso, e Papillon, após ter pisado o Hard Club (com o Slow J), volta a pisar a mítica sala 1, mas desta vez por conta própria. Para todos aqueles que duvidaram da larva e do casulo, viram, no sábado anterior, a borboleta voar.

Reportagem por: Rita Carvalho

Vídeo por: Vítor Fonseca


O concerto iniciou-se com um set de Fumaxa em que a sua missão foi mais que cumprida ao manter o público energeticamente entretido.  11lights esteve presente também, convidado pelo DJ, com toda uma vibe relaxada e intensa ao mesmo tempo que combinava na perfeição.
Nasty e Harold não podiam faltar, e com eles seguimos em frente, assistimos ao chamamento de nomes e respetivo Voodoo. E como em qualquer festa, não pode faltar pelo menos um Barman não é? Ora bem, nesta houve três.

Papillon, Rui, Borboleta… Quanto a ti? Apenas obrigada. Tudo o que foi escrito com dor e sofrimento, tornou-se na realidade mais genuinamente pura partilhada por todos. Todas as Impressões que trocaste com o público, foram como um Íman que conecta dois pólos, neste caso não opostos, pois só os Imbecís é que não estiveram presentes. Só os imbecís é que não assistiram à bela obra de arte que nos proporcionaste.

O teu corpo fala tanto, emana tanta energia. Imagina quantas almas já tocaste, imagina quantas emoções já criaste, quanto impacto já tiveste. O teu people está Impec porque é assim que o deixas. Fizeste do momento algo memorável, e não esperemos a morte, isto é sem dúvida para sempre.

 

O Sr. Presidente e o mandato intemporal

Por Rita Carvalho


19 De Março,

Paulo Pinto, ou como muitos o gostam de chamar, Tio Paulo, desperta os amantes do Hip Hop com uma mensagem: “ Volto para Matar Saudades”.

O Sr. Presidente do Rap Português, com um mandato intemporal, tinha prometido que ia voltar e a sua promessa estava prestes a realizar-se.
Um ser humano tão dedicado, carismático e determinado provocou um êxtase naqueles que gostam de ser felizes no Hard Club.

A partir desse dia nenhuma rotina foi a mesma. Contagem decrescente era diária… Vivia-se na esperança que o tão esperado dia 16 de Junho chegasse.

E não é que chegou mesmo?

16 de Junho,

As portas da sala 1 do Hard Club abrem por volta das 23:30, mas como é de esperar  e não estivéssemos nós no Hard Club, faz-se fila desde cedo porque ninguém quer deixar escapar um lugar na primeira fila. 
Há muito que se pode dizer da noite, mas só quem esteve presente é que vivenciou a epifania de sentimentos que fez daquela noite tão especial…

A mim resta-me agradecer, e por isso,

Obrigado.                                 

Obrigado aos artistas, que sem vocês isto não era possível:
Obrigado Spliff por teres sido uma surpresa nesse dia, uma boa surpresa diga-se de passagem.
Obrigada Dj Maskarilha por homenageares o “Novo Hip Hop” sem te esqueceres do “Velho Hip Hop” – isso diz muito de ti.
Obrigada Homie, por teres estado no hustle connosco, com tanto feeling. O teu rap de rua é excêntrico e nós já tínhamos saudades.
Obrigado Bad Tchiken, por nos deixares #ÀVONTADE e por transpirares vibe e talento.
Obrigado Dinaussaro, nosso … É sempre bom ver um deus do hip hop em palco, sem palavras. Um Abraço Forte.
Obrigada M’Cirilo por seres um atirador com boa pontaria.
Obrigado André, (desculpe Prof. Ana Cristina pelo transtorno) obrigado Dillaz pelo Clima que nasce em palco quando te tornas o Protagonista, pelas Palavras Corretas e assertivas… obrigada pela Saudade que já deixas em nós.
Obrigado Vulto e Zeca, pelo vosso trabalho, por mostrarem do que é que 75 é feito.
Obrigado a todos por terem deixado tudo em palco, as gotículas de suor que emanavam atingiram-nos como uma onda de energia.

 

Obrigada por serem artistas que gostam de vir ao Hard Club tocar e que se sentem alcançados e realizados sempre que o fazem. Obrigada por tudo, e desculpem o agradecimento, que não é de todo o que merecem, e sei que isto é tão pouco para aquilo que representam, mas a verdade…

A verdade é que isto é para ti, Paulo.

 “É bom estar de volta” dizias tu emocionado. Nós cá achamos que nunca foste embora. Em todos os concertos que não foi possível a tua presença, as saudades ocupavam o teu lugar… Aquela sala 1 do mítico Hard Club, tem as tuas raízes, respira por ti e por todas as memórias.

Não cantas, não danças, não sabes pintar, mas és tu. Tu tão puro e genuíno. E é isso que faz de ti um alicerce desta cultura, é isso que faz de ti “ Hip Hop”. Hip Hop não é para quem ouve, é para quem sente. E tu sentes tanto…

E quem sente sabe.. Sabe que o “ Ser Humano “ não começou pela melhor razão (um abraço do tamanho do mundo para ti Gaspar) mas que tem tudo para levar o melhor rumo.

O “ser humano” de que tanto tínhamos saudades eras tu. Há uma luz que nunca se apaga e essa é a dos teus olhos quando sorris.

Obrigado Tio Paulo, obrigado por estares de volta.

 

 

Alcool Club | Hard Club

No dia 25 de Março, pela madrugada, assistiu-se a uma fuga da realidade no Hard Club. Richard Beats, Subtil e Orteum marcaram presença e demonstraram a sua admiração pelos Alcool Club, cabeça de cartaz. Todos tiveram presentes para fazer o que realmente importa. Por entre bafos e bebidas, Alcool Club proporcionaram-nos uma vibe equilibrada (obrigada Sara) digna da transfusão de energia que houve entre o palco e o público todo o concerto. Com uns fãs dedicados como merecem, e um ambiente descontraído e puro propício a qualquer coisa e um pouco de jazz, Praso, Harte, Montana, e todos os presentes, passaram a palavra, e mostraram do que o jazz misturado com underground é feito. Conversas, não de balcão, mas da sala 1 do Hard Club, onde a luz não chega, mas onde todos partilhamos a mesma loucura. No Hard Club fica uma poeira de estrelas, à espera que esta rejuvenesça com o seu regresso.

Escrito por: Rita Carvalho
Fotografia por: Fabiana Santos

Slow J descobre a sua segunda Casa

Destinado a pisar este palco, Slow J aqueceu os corações dos portuenses realizando um concerto duplo, no Hard Club, nos dias 19 e 20 de janeiro.

20:39, a cidade brilha, mas é dentro do Hard Club que se vai fazer magia. Alguns fãs já se encontram ansiosamente à espera para obterem um lugar na primeira fila, na segunda ronda do artista. O público tinha nele uma grande expectativa, ouvia-se e espalhava-se que o primeiro concerto tinha sido brutal. Os corpos estavam serenos, mas as almas queriam transbordar. Era um sentimento extraordinário que não cabia no corpo. Era o sentimento que João Batista deixa em nós com cada música.

Por entre conversas e gargalhadas chegam as tão esperadas 22h:15. Era tempo de Lhast abrir a grande noite que se avizinhava. Com aproximadamente 1h:30 de atuação, entreteu os fãs com uma vibe de hip hop internacional e nacional, entre eles Kappa Jotta, que esteve presente em ambos os concertos. Num ambiente confortável e hostil, Lhast despede-se do público merecedor da grande admiração e ovação que obteve por parte do mesmo. Arrumado o espaço de Lhast e libertado o tapete sagrado de João Batista, estava tudo propício para entrada de J. Acompanhado por Francis e Fred, Slow J entra de guitarra ao peito e contagia o público com o seu tema “arte” em acústico. Que momento expressivo e digno da sua entrada. Rapidamente se acomodou e se sentiu em casa, alimentando os seus convidados esfomeados com uma boa performance.

Era o momento familiar e por isso ideal de exteriorizar tudo o que outrora tinha sonhado para dentro. Era o momento de, sem medos, se apresentar pela transparência que o singulariza. Era o momento de Nerve, um dos artistas mais promissores do hip hop português, subir ao palco e nos proporcionarem o instante mais vulnerável da noite: “Às vezes dói, mas eu escondo”… Naquele preciso segundo a única coisa que doía era saber que aquele momento era efémero.

“Comida” e “Biza” foram os seguintes temas a ser pintados. Foram igualmente intensos e característicos da sua pessoa e da sua arte que tanto quer mostrar ao Mundo. Arte esta que tem o prazer de partilhar com amigos como Richie Campbell. A amizade destes é facilmente visível pela sua cumplicidade em palco, pela forma como os seus olhos brilham de orgulho quando atuam em conjunto. “Water” foi um dos temas mais genuínos do concerto. Os fãs estavam muito ansiosos para se tornarem os protagonistas da noite e juntos cantarem o refrão da sabedoria criada por ambos. Lhast, orgulhoso, juntou-se abraçando-se aos dois grandes artistas: a verdade é que esta combinação, que muitos diriam improvável, não seria possível sem o mesmo. Após este momento tão sentido e valioso, foi tempo de Slow J aconselhar os seus fãs a nunca perderam a essência, a serem sempre fiéis ao seu instinto com os versos do seu tema Portus Calle. Dizia com um tom acertivo, mas humilde: “normal é ser como nós somos e não como os outros são.”

Foi então tempo de mostrar a sua origem, o seu objetivo com isto tudo, de mostrar que  não faz isto apenas para pagar as contas. Foi tempo de Gson e Papillon subirem ao palco e porem à prova as estruturas da sala 1 do Hard Club, vivendo ali o momento mais energético da noite fazendo-nos acreditar que podemos fazer da nossa boa vida uma vida boa e vice versa. Depois do ambiente ter chegado ao seu auge em termos de fugacidade, estava na altura de alcamar os ânimos, estava na altura de “Sado” e em seguida a tão esperada “Serenata”.

Quem realmente percebe as palavras de João Batista, e quem teve a oportunidade de vivenciar um momento como aquele sabe perfeitamente o quão puras e genuínas são as palavras dele. O quão sincera aquela serenata é declamada, e foi para todos os presentes. O quão toda a arte dele traduzida por palavras é um exorbitante átomo moderado. E assim, após o momento mais esperado da noite, Slow J despede-se com “Mundança”, e sai do palco.

Percebeu-se desde logo que tinha deixado coisas por dizer. O público inquieto não acreditava que acabaria assim, não poderia acabar. E após um minuto, talvez dois, o espaço silencioso ao qual todos tinham direcionado o olhar,  torna-se num palco iluminado e cheio com uma performance de Speedy, um artista muito admirado por Slow j.

J é um dos artistas mais humildes e altruístas presentes nesta cultura a que chamamos hip hop. É também um artista bastante versátil, e com a sua perspicácia inerente, fez um tributo ao nosso grande Rui Veloso cantando um cover que foi muito bem recebido pelo público e pelo próprio Rui, “Não Me Mintas”.

Infelizmente, aproximava-se o final da atuação, todos se questionavam qual seria a música digna de fecho de uma noite tão grandiosa. E acho que não poderia ter sido melhor escolhida: Cristalina, porque todo o seu concerto foi ele próprio a ser Cristalina: a ser criança, a ser sincero, genuíno, a ser puro, a ser feliz. Como dito vezes sem conta durante o concerto “claramente estamos em casa”, e estávamos. Nunca serás feliz se não fores sincero e João é dos seres mais puros e honestos que a cultura Portuguesa podia adotar.

Cá no Porto continuamos a esperar-te: a ti, à tua sinceridade, à nossa felicidade.

O Sado não sente saudade, mas o Hard Club já sente.

Escrito por: Rita Carvalho
Fotografia por: Rafael Baptista

 

Não temos de ir a Roma para dar em Romance, vamos pedir ao Porto uma segunda chance.

Essa chance foi dada quando no dia 22 de Dezembro, se reuniram no Hard Club os amantes de hip hop para assistir a uma Ligação energética e memorável.

O clima estava propício, esperava-se uma grande noite.
Faltavam pouco mais de 10 minutos para o início do concerto e o contraste entre o exterior e o interior do edifício era notável. Um frio cá fora que era esquecido quando se entrava no tão bem elogiado Hard Club devido à ansiedade frenética que as pessoas imanavam.O concerto foi pontual, começou por volta das 22 horas na presença de Dj Fifty com uma versatilidade inerente e grandes transições à mistura.

Foi tempo de relembrar alguns clássicos de hip hop tanto nacional e internacional. Haveria melhor maneira de começar o concerto? Creio que não.
Seguiu-se Caixa Toráxica que nos mostrou que estávamos longe do nada porque aquele momento era tudo, aquilo seria um sonho ou realidade?

Foi genuíno, foi íntimo, foi real.
Uma viagem cheia de aventuras e peripécias foi-nos proporcionada por Puro L, um rapper portuense que deixou o público em autêntico êxtase. A sua energia, a sua postura, a sua voz rompem com o espirito de qualquer um. Uma atitude de um puro para um dos públicos mais puros do País, o nortenho.

Já tinham passado mais de duas horas de concerto, a casa estava cheia,  queriam a tão esperada entrada de Kappa Jotta. Esta estava para breve.
Era a vez da atuação de Dj Maskarilha. Este presentiou-nos com uns clássicos old school, que toda a gente sabia de trás para a frente.
Se havia vibe necessária e certa para a entrada de Kappa era aquela.

Sem mais demoras, foi a vez do verdadeiro Virus contaminar a mítica sala 1 do Hard Club.
Ele tinha tanto por dizer, tinha uma overdose de sentimentos em si que queria exteriorizar, e escolheu o Porto para mostrar o rap de rua de que é feito o seu álbum. Escolheu este lugar excêntrico para estar no Hustle com a família, para mostrar à sua mãe pela primeira vez um concerto seu, um momento lindo que ficará para sempre na memória.

Jotta com a sua toalha branca na cabeça e a sua voz inconfundível fez para merecer concretizar todos os seus sonhos ligados e conectados junto dos seus, pois até estes tiveram lugar reservado no palco.
Já cheio de saudades do palco, voltou a pisa-lo com mais feeling, para aquecer os corações com relíquias nostálgicas acompanhado como de costume por Bad Chicken seguidas de umas palavras sábias: “Sigam sempre os vossos sonhos e não deixam que ninguém se ponham entre eles. Eu estou a viver o meu graças a vocês.”
Um instante tão confortável e sereno, que nos fez sentir a todos na nossa segunda casa.

Um ambiente tão propicio a sentimentos foi complementado com Al-x quando este nos deixou um pedaço dele e nos falou de valores de amizade, que são tão necessários, e tão visíveis naquele dia.
Foi uma noite em grande, marcada por muitas emoções. Foi noite de agradecer aos Deuses do Hip Hop, de agradecer pessoalmente ao Barrako 27  que  estive  “ligado à ligação” criada por Kappa Jotta.
Cirilo, Uzzy  e  Factuz  também estiveram presentes, todos atrás do mesmo, chamativos e orgulhosos por poder pisar o palco do Hard Club e atuar perante a família “Hard Clubiana”.

O concerto estava a chegar ao fim, as pessoas estavam cansadas, mas  ansiosas por esse final pois sabiam que ia ser um término “ à grande”, um término à Kappa Jotta.
Juntamente com Reis, ambos saltam para o palco e contaminam todos os fãs com a energia e gratidão que estes sentiam. Foi um romance com um final feliz, único, inesquecível, puro e genuíno.

Escrito por: Rita Carvalho
Fotografia por: Inês Cruz

Deau | Dissecação

A música marca-te pelo que tu vives e sentes no momento.
E é através da música que Deau, ou de seu nome Daniel, marca corações e move gerações.
Nascido em Vila Nova de Gaia, este Menino dos Subúrbios, orgulha-se de carregar no peito a sua essência, 4400, a representação da sua identidade que une e define todos os gaienses: 44 Asas Para Voar atrás do sonho, 00 Punhos Cerrados para lutar.
É com esta filosofia que Deau percorre o caminho do Hip Hop tornando-se no artista incomparavel que é.

A minha postura, vem da altura em que a cultura era pura”

Com apenas 7 anos, foi ao seu primeiro concerto de Hip Hop e, desde logo, ficou fascinado pela cultura transmitida pelo grupo Mind Da Gap. A partir daí, o seu interesse por esta cultura foi aumentando até que, com 10 anos, começou a fazer os seus primeiros graffitis seguindo as pisadas do Rasta e o Rato, artistas de rua que admirava e que serviram de inspiração.
Aos 14 entrou num concurso de freestyle.
O improviso tem a particularidade de ser algo único e espontâneo, é uma arte em que nem todos são artistas. E foi, sem dúvida, o freestyle que o trouxe ao estatuto tão merecedor que é dele. No entanto, é curioso que só percebeu o que era uma battle quando viu o mile.

Quem é o quê? Quem é o D? EAU”

Mas quem é o Deau? Deau é a prova viva que “Basta Acreditares”, que basta motivares-te a ti próprio para alcançares o que desejas. Deau lançou o seu primeiro álbum enquanto rapper, estudante e trabalhador e mostrou-nos a sua realidade: a forma como o meio condiciona tudo aquilo que nós somos, mas que és tu que decides que rumo seguir; mostrou-nos que Deus existe Apenas Um; mostrou-nos a sua forma de estar no rap e a maneira como ele surgiu.

Se foi trabalhoso? Se foi difícil continuar a escrever rimas sentidas, mas incompreendidas? Se custou acreditar que amanhã seria diferente?

A música começa com essas questões. A ambição, a inocência e o trabalho é que te levam ao sucesso. Foi preciso ser muitas vezes o Menino Da Primeira Fila, foi preciso procurar uma parte íntima e madura, foi preciso ver a realidade de uma forma mais completa.

“Promete-me uma coisa única que p’ra mim és cara-metade, p’ra eles apenas música”

As pessoas reveem-se nas músicas porque as palavras dos músicos são as nossas palavras.  
E Diz-me Só se isto não é verdade: a música é a maneira mais pura de transmitir as expressões que mantivemos em polaroids. A música é um Império de Sentidos. A música faz de ti a Semente mais bonita do jardim, faz de ti um Super-Homem, faz de ti uma Rainha/Rei de Bugiganga.

“Sinto que as linhas do meu destino eram estas”

Cada um pinta o mundo da sua forma e Deau com apenas 23 anos já hipnotizava comunidades com o seu ” filho” Reticências nascido em Janeiro de 2012 (Parabéns Diego!).
É no seu filho que vemos tudo o que o Daniel é: o seu carisma, a sua definição, as suas vivências.
Em 2015, 10 anos após ter pisado o seu primeiro palco, acabou o seu segundo álbum e abriu-se para os fãs como um livro aberto.

“Há tempos ouvi rumores, Deau tem o rei na barriga, enganaram-se todos, ui era a minha mãe que tinha.“

Hoje, Daniel é, como sempre foi, um filho da puta de que se orgulha, porque somos sempre uns filhos da puta quando conseguimos mudar o que nos rodeia, não é verdade? Somos sempre uns filhos da puta quando temos todos os contratempos contra nós e mesmo assim vingamos pela nossa inteligência, não é? Que haja mais filhos da puta como este que não muda o mundo porque a realidade é dura, mas que muda o seu quintal para dar outro ar à sua rua. 

Escrito por: Rita Carvalho

O dia em que se fez história

Os 22 anos de carreira do Inspetor Mórbido foram celebrados no mítico Hard Club este sábado, dia 2 de Dezembro.

Foi o regresso de um dos maiores artistas do hip hop tuga a uma das casas mais calorentas do país. E nós, fãs e artistas, estivemos lá como nos bons velhos tempos, juntos como um só, para ver a outra face. O concerto tão esperado pelo público hip-hopiano teve início por volta das 22:30h, e desde o primeiro minuto deu a entender que era um típico concerto de hip-hop: ambiente bombástico, boa relação palco- plateia, ótima demonstração do estilo peculiar com a dita “pinta” tanto dos artistas como do público abrangente, não esquecendo a variedade de sonoridade desde um estilo mais underground, até às batidas mais comerciais que ficam no ouvido.

Iniciou-se assim o concerto com a entrada de Majestic TK com uma atitude agressiva mas humilde. Seguiu-se Grandson, que convidou Inztynto para se juntar no palco e proporcionaram-nos um momento cheio de referências ao hip-hop nacional oldschool. UEEST presentearam-nos com um novo single chamado “Portugal”. Beat the System Crew, foram o grupo pioneiro da noite que nos apresentaram um dos momentos mais energéticos do concerto.

João Henrique foi o próximo e sucedeu-lhe Nexus que nos ofereceram um momento acústico, pouco esperado, acompanhado pelo guitarrista Rui Faria. Depois veio LóJico, um rapper gaiense que demonstrou grande mentalidade e abertura pela lírica dos seus sons, apresentando-nos, em palco, um novo single. Zona Norte marcaram a noite pelo seu acapella afirmando “Hip-hop é alma”, frase sincera que é sentida e partilhada por todos os amantes desta cultura. Salama, Cadi Pirataria, Base Off 547, Full Kalash foram os seguintes artistas a pisar o palco até que a primeira e única figura feminina, Ana Luísa, entra convidada por Equilíbrio e nos deixam relaxados devido à combinação de vozes de ambos. Fugitivo, Riça, Kass, Dj SirCyber, Sentido Único, Baddab, Org13, e Rockitmusic estiveram também presentes para mostrar que o hip-hop de hoje em dia não está morto.

Até que chega o momento mais esperado da noite, a entrada de Fusão. João Henrique, que outrora já tinha estado em palco, homenageou Fusão com a ajuda das luzes do público. Com a presença de DJ Flip, Fuse, o soldado com caneta de aço, preenche o palco com Verdade ou Consequência, e baseia a sua performance numa viagem ao tempo, relembrando temas de Sintoniza e Informação ao Núcleo.
A sua humildade inerente esteve lado a lado com as
vras sábias que abraçam intensamente qualquer um com o seu poder de hipnotizar apenas com o olhar. Proferiu: “este concerto não é só sobre mim” demonstrando assim a sua vontade simples e modesta de deixar um legado no hip-hop, dando oportunidade a não 12 magníficos mas a muitos mais para se exibir ao público Nortenho.

O tempo foi passando e com ele clássicos do artista foram apresentados desde “Prémio Nobel”, tema este associado à oferta de oportunidade do rapper para com os outros, até “bons velhos tempos” que fez jus à sua lírica: “É o regresso ao passado“ pois muitos temas foram buscados ao baú e “o presente é futuro” visto que o protagonista da noite disponibilizou aos artistas que outrora o admiravam um momento para se afirmarem e lançarem no mundo da música.

Como em qualquer aniversário, os parabéns têm de ser cantados, e neste não seria exceção!
O rapper foi interrompido e surpreendido pela mulher e em seguida pela fil
bolo de aniversário e em questão de segundos todo o ambiente agressivo do hip-hop tornou-se num momento amoroso, demonstrando que os 22 anos de carreira do artista também foram transbordados de carinho.

Mas Fuse não foi o único a ser surpreendido! Logo de seguida entra em palco um artista que não estava no cartaz, Relax, um rapaz nortenho, simples mas cheio de qualidades e talento. Seguiram-se dois rappers barcelenses, primeiro Mace e depois Delay, que apesar de não serem da cidade Invicta, demonstraram muita satisfação por poderem atuar na capital do Hip-Hop.

Posteriormente foi a vez de Omega Krew, Inztynto (novamente), Contrabando 88, Briga, Estúdio 101, Sujeito, entre outros, de ocuparem o palco, um de cada vez, com o tempo necessário para apresentarem parte do trabalho que têm vindo a construir.
Outro dos enigmas da noite foi mesmo o Enigma, que apesar de não esta
, abriu palco para a segunda atuação de Fuse. A sua entrada era muito esperada: gritavam aqueles que ainda tinham voz, via-se um sorriso rasgado e um brilho no olhar de todos os fãs que se perdurou até ao fim do concerto.
Já se passavam muitas horas de concerto: o público estava cansado, as pernas tremiam, a gar
nhava, mas nada valia mais a pena do que estar naquele momento lindo, inclassificável.

Como de costume, Fuse não desiludiu, e nesta última parte do concerto mostrou-nos a “Alvorada da Alma”, a sua “Caixa de Pandora” e alguns clássicos dealemáticos.

Fuse é um homem de palavra, e como já tinha prometido, presenciou dois sortudos da primeira fila com um casaco do seu grupo DLM e uma sweater do Ser Humano.
“Provavelmente a minha vida não rima com a tua.“ e provavelmente não rima com a de muitos,
m a de todos presentes naquela noite. Ainda rima. As pessoas simpatizam com este simples homem pelo facto de ser ele mesmo, por ser puro, por ser bondoso, por ser altruísta, por não perder a sua essência e por nos ter deixado a todos participar nos seus 22 anos de carreira.
É quando não se procura a felicidade que a se encontra. Ela é tão simples, é tão o dia 2 de dezembro de 2
oite será eternamente inesquecível. O Hip-Hop nacional precisa de mais iniciativas assim, que não se centram em si, mas no futuro desta cultura e na aposta dos novos talentos.

Esperemos que nos voltemos a encontrar todos, daqui a 22 anos, no mesmo sítio para demonstrar que esta paixão que fulmina permanece viva, fusível, e inquebrável.

Texto: Rita Carvalho

Vídeo: Vítor Fonseca