Passado tanto tempo desde a última edição da queima das fitas, não havia melhor maneira para voltar: uma semana cheia de Hip Hop.
O que para muitos significava apenas o início do mês de maio, para os estudantes aquela noite de sábado a bater a 00h significava o início da melhor semana do ano. Loner Johnny foi o primeiro a estrear o palco principal do Queimódromo ( e deixem-me que vos diga que a tarefa não podia ter sido melhor entregue). A nave vai em tour e nós fomos com ela porque o verdadeiro Trapstar mostrou-nos que nem o DAMN/SKY é o limite.
Sem adornos, banda ou qualquer tipo de “distração”, Profjam sobe ao palco apenas depois do espaço estar todo arrumado e só existir uma coisa no palco: ele próprio. Na plateia, o pessoal estava eufórico.. Prontos para gritar WOUW. Prof, desta vez todo #000000 e não #FFFFFF, estava pronto para matar o game. Não estávamos em Malibu mas parecia: energia quente e intensa que só uma água de coco poderia fazer arrefecer o ambiente.
Domingo é dia de família e o Julinho KSD e o Plutónio encarregaram-se de não falhar com a tradição. Julinho trouxe as suas influências Cabo Verdianas ao palco do Queimódromo, pois só assim é que Sabi na Sabura. Acompanhado do coletivo Instinto 26 e do seu mix cultural, atuam todos sincronizados como se o beat falasse com eles. Deste concerto só se podia esperar duas coisas: frescura e originalidade. Plutónio é, tal como o Julinho, um artista que tem as suas origens vincadas onde procura sempre encontrar um equilíbrio entre o rap e o R&B, entre a dança e a vida de rua.
A sua atuação teve toda uma preparação demorada não quisesse contar algumas Histórias da sua Life com o palco organizado visualmente. A sua identidade é inconfundível no entanto pode confundir os mais sensíveis: Desde o rap cru, ao rap cantado, ao rap agressivo, ao rap emocional… Disse e repito, Plutónio é assim que canta, é assim que atua e é assim que é – inconfundível.
Quarta feira foi dia de Wet Bed Gang e Dillaz. Foi a primeira noite esgotada da queima, mas também, pudera não é? Por muito que já fossemos a meio da semana e isso pudesse significar algum cansaço, a cabeça só sabia dizer go, go, go.
Não foi a primeira vez que Wet atuaram na queima das fitas, mas pareceu. Porque destes Filhos do Rossi, Malucos e Sem Juízo nunca se sabe o que se esperar. Não importa de onde éramos, naquele momento éramos todos do mesmo Bairro não querendo ninguém Voltar para Casa. Selvagens, sem remorsos e imparáveis, são assim, inesquecíveis. Porque goste-se ou não se goste, é impossível ficar indiferente à vibe deste grupo. E isso foi, mais uma vez, comprovado.
Quanto ao Dillaz, este nunca tinha pisado o palco mas parecia que se conheciam desde sempre. Diz-se por aí que a música é a oitava maravilha do mundo e o Dillaz não poderia ter arranjado melhor sítio para esta morar: no Oitavo Céu.
Se com ProfJam sentimos a vontade de beber água de coco, Dillaz abriu-nos o apetite para a salada de fruta mais exótica de sempre: Só com Maçãs, Mangos e Papaias. Este protagonista mostrou-nos que não há caminho errado e que sonhar nesta vida não chega. Entre as variações de sonoridades que prometem, vimos Dillaz, ou André como preferirem, a transcender e quebrar barreiras, finalizando da melhor maneira esta que foi a primeira noite esgotada da semana: com saudade. Infelizmente, a semana estava a chegar ao fim e a queima das fitas despedia-se do Hip Hop na penúltima noite (sexta feira) com Nenny.
A Nenny representa a jovialidade, a frescura e a wave da música de hoje e de amanhã, mas tem em si também uma maturidade fora de série. Proporcionou-nos um dos momentos mais emocionais da semana: chamou a sua mãe ao palco e juntas cantaram intensamente para todas as Donas Marias do Mundo. A ementa era sushi e uma boa dose de tequila à mistura. Nenny, com a sua aura jovem e cheia de energia, não deixou o público ficar indiferente tornando assim a segunda e última noite da semana esgotada inesquecível.
Assim foi a queima muito esperada pelos estudantes que há 2 anos já não a viviam: intensa, cheia de música para todos os gostos, e acima de tudo, um lembrete de como é bom voltar à normalidade.