Hip Hop Rádio

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NOS ALIVE 2023: CONCERTOS DE RAP ESCOLHIDOS COM MESTRIA (INCLUI ENTREVISTA A pAPILLON)

Estivemos em mais uma edição do festival mais icónico de Algés e apesar de à primeira vista no cartaz não termos muitos nomes que chamassem a atenção dos Hip-Hop heads, o mesmo merecia um olhar mais cuidado. O NOS ALIVE trouxe muito Hip-Hop e só não viu quem não quis ver.

Por Daniel Pereira | Fotografia de Bruno Marques

Três dias de festival – vários concertos – vários estilos. A realidade é que houve outras edições do NOS ALIVE que trouxeram mais rappers a palco. Isso não tem de ser necessáriamente mau, a mistura de estilos é cada vez mais latente no panorama musical português, algo que a Hip Hop Rádio apoia, e muito. Reconhecemos a diferença entre sonoridades mas não gostamos de colocar a música em caixinhas, e facto é que a sonoridade urbana fez-se sentir bastante nesta edição.

Logo no primeiro dia tivemos Throes + The Shine, qual boost de energia para quem ainda estava um pouco cansado depois de uma quinta-feira de trabalho. Passámos mais tarde para a atuação de Pedro da Linha, produtor que trabalha regularmente com eu.clides ou Pedro Mafama, que meteu toda a gente a dançar. Fez-se acompanhar, e bem, por Kelman. Terminámos a noite a ver o concerto de Yazzy, uma grande voz em ascensão que acreditamos, vai dar muito que falar nos próximos tempos.

O dia 2 de NOS ALIVE foi o mais “movimentado”. Tivemos o início de tarde com um dos melhores concertos deste ano: xtinto. Com o álbum “Latência” lançado em fevereiro, e ainda por apresentar, acreditamos que não havia melhor palco para o fazer. Com uma plateia fiel e cativada (culpa do artista e sua banda) durante toda a cerca de 1 hora e 15m, xtinto passou por várias faixas do novo álbum e ainda alguns hits passados, trazendo também a palco João Ferreira fka benji price. A determinada altura do concerto o rapper disse que “não estava com o cardio em dia”. Discordamos completamente, pois não notámos nem um bocadinho.

De seguida vimos o concerto de Lhast que está sempre muito confortável seja nos decks, ou no mic. O artista passou por várias das suas faixas com maior destaque e trouxe convidados como Chyna ou 9miller. Um concerto sólido com um público que não desiludiu.

A sobreposição de horários não nos permitiu ver na totalidade o concerto de Lil Nas X, que aconteceu no principal palco do NOS ALIVE. Gostámos do que vimos, principalmente aon ível do visual, deste que é um dos artistas com mais repercurssão a nível mundial e mais disrruptivo, o que é de salutar. No entanto valores mais altos se levantaram: havia um concerto de Papillon para ver. Começam a ser escassas as palavras para categorizar as atuações do antigo membro da GROGNation. Provavelmente este é um dos concertos que mais vimos ao longo de todos estes anos, mas é impressionante como nunca nos deixa de surpreender. O rapper passou pelo seu mais recente Jony Driver, Deepak Looper e outros singles, destaque para Sweet Spot, com presença em palco de Murta, nesta que foi uma das faixas que melhor soou em todo o festival. Seja qual fosse a música, Papillon correspondia de forma perfeita, e o público também: a energiaera indescrítivel.Um conselho que deixamos a todos os nosssos seguidores e ouvintes: estejam atentos aos palcos secundários, há muita boa músicia para ver.

Se quiseres saber como estava Papillon antes do seu grande concerto, ouve abaixo a entrevista:

Este segundo dia terminou com Morad, rapper espanhol que muitos aguardavam ver ao vivo. Uma atuação segura e assertiva que fez mexer o público num final de noite perfeito. O mega hit “Pelele”, claro, não faltou. Nota ainda para o terceiro dia de festival em que pudemos ver Branko. Um encerramento perfeito do NOS ALIVE, em ritmo de festa como todas as atuações do artista, com a cereja no topo do bolo: um novo single apresentado em primeira mão.

Aguardamos já pela próxima edição do NOS ALIVE, que de certeza irá trazer mais atuações memoráveis e novos marcos históricos nos concertos de rap tuga.

SP DEVILLE está de volta com “Bairro Alto de São Roque”

Após “Não sei se…“, SP Deville está de volta com um novo som. “Bairro Alto de São Roque” é um tema dedicado aos momentos inesquecíveis que o artista viveu.

Uma produção própria que conta com Impuzzle no piano e com Maicon Blackson nas strings. O final do tema ainda conta com um snippet de áudio do Documentário “Bairro Alto 500 anos” do Arquivo Municipal de Lisboa.

A nova música faz parte do álbum Bairro Alto de São Roque e está disponível no YouTube e no Spotify.

5 álbuns que marcam 2020

2020 tentou deixar-nos um sabor amargo, mas felizmente tivemos vários elixires para enfrentarmos este ano com outro gosto. Esta é uma seleção interna da equipa Hip Hop Rádio. Dezenas de trabalhos passaram pelas nossas emissões, foram anunciados pela nossa redação. Elegemos apenas cinco, cientes da subjetividade que a arte acarreta: cinco álbuns que se destacam e marcam o ano, de uma forma ou outra, com todo o espaço para dúvidas. Obrigado por mais um ano sintonizados na única rádio nacional de hip-hop.

“A Vida Dos Felizes” – Nastyfactor


O álbum de estreia de Nastyfactor é uma “obra completa, dotada de escrita crua e intimista, e de beats cativantes, para ouvir com atenção”, apontou Beatriz Freitas assim que o álbum viu a luz do dia. O artista “leva-nos numa viagem autobiográfica, com paragens de cariz altamente confessional, em faixas como “Skit“, “Cinzento” e “Velocidade Cruzeiro”, onde se podem ouvir sentidos desabafos e confissões”. Num ano que nos deixa várias marcas, Nastyfactor estreia o seu primeiro álbum e aponta cruamente o preço a pagar para viver em plena “Vida Dos Felizes”.

Gota D´Espaço” – Toy Toy T-Rex


“Boas vibes (…) um estado de espírito alegre (…) versatilidade”. É assim que adjetiva Carina Ferreira o EP de oito temas (totalmente a solo) de Tóy-Tóy T-Rex, numa crítica publicada em setembro deste ano. “Gota d’Espaço” antecipa o álbum “Cor d’ Água”, previsto para 2021, mas não cumpre distância de segurança. Temas como Mau Tempo ou Tinoni ameçam tornar-se ex libris do artista e o dinâmic o conjunto de canções, divagando, sem saber muito bem o seu lugar entre o trap, o drill, o r&b, pelo espaço e pelo oceano da inspiração artística de Tóy-Tóy T-Rex.

“Raiashoping” – David Bruno


“David Bruno é um artista português que ama o seu país e a sua cultura, com todas as virtudes e imperfeições que lhe são inerentes”. Ninguém melhor que o próprio para estas descrições. “David Bruno é o alter-ego, e ao mesmo tempo, o nome de dB”. E falamos de quem é dB para compreendermos o seu percurso, brindado, este ano, com “Raiashopping”, o seu terceiro álbum – com a continuidade da linha sonora de “Miramar Confindencial” e do storytelling peculiar com que as suas harmonias nos acariciam. Inspirado nas terras raianas da Beira Alta e Trás os Montes, este vídeo-álbum, recheado de “momentos”, é, nas palavras do músico, “uma homenagem ao Portugal dos cafés com cheirinho, das adegas, das lendas, dos emigrantes, das nacionais esburacadas, do presunto, das tainadas, das avózinhas e dos campeões que bebem minis no café em tronco nu nos dias de calor abrasador.” Há portugalidade além de David Bruno; há outra atrás.

“Sinceramente Porto” – Keso


Apollo Brown (e companhia) tinha “Sincerely Detroit”, Keso (e companhia) tem “Sinceramente Porto”, um compilação assente na “identidade do rap portuense”, totalmente produzida pelo Original Marginal, que convidou 35 mc’s e DJ’s da capital do Norte para um tributo à cidade. São 27 faixas, organizadas por ordem de lançamento, com contributos de peso de artistas como Ace, $TAG ONE, Pibxis, Mundo Segundo, Riça, Puro L ou Deau. E é indiscutível a sonoridade: vem com selo de Invicta. Agora Paga-lhe o Quarto.

“System” – Profjam & benji price


“Imortais” – mesmo sem Think Music no caminho. O sistema montado por Profjam e benji price senta-se no banco dos réus para se declarar culpado. O crime? Invasão de propriedade. É um sistema sem fronteiras: não são apenas os flows e as cadências muito características da dupla que o ditam, é o origami dobrado sobre a música portuguesa que os dois artistas elevam um pouco mais a cada colaboração. São onze temas com instrumentais de benji price – a continuação de um percurso de sucesso e a renovação de um sistema que não precisa de luz ou escuridão depois de montado.

Festival First Steps promove formações artísticas e competições em formato online

Festival First Steps – Digital Edition, será realizado nos dias 19 e 20 de dezembro, com workshops, debates e competições online. No primeiro dia podes participar em seis formações artísticas online nas áreas da dança, música e arte urbana. Cada formação terá a duração de 60 minutos e o preço de 10€ por participante, inscreve-te através deste formulário de inscrição.

No dia 20 de dezembro podes assistir à semifinal e final das seis competições: Top Styles, Breaking, Graffiti, Beatbox, Djing e Mcing. O vencedor deste último vai ter a sua música a passar na Hip Hop Rádio, parceira do evento este ano.

Dose Diária | DJ Preservation – I-78 / Capillaries (feat. Mach-Hommy)

DJ Preservation dá-nos os binóculos e leva-nos até ao miradouro onde podemos apreciar a Ásia Oriental em I-78 / Capillaries.

Enquanto rebuscou por um pilha de vinil em Hong Kong, o DJ e Produtor Nova Iorquino foi artesanando instrumentais e nesta faixa convida o enigmático rapper da bandana Haitiana que nos agracia com versos tão sujos quanto os discos de onde foram retiradas as cordas e teclas desta faixa.

Entre a China e Chinatown, ambos os artistas caminham por estes dois mundos de forma confortável e, mais importante do que isso, preservam um pedaço desta cultura que tão engenhosamente DJ Preservation ligou ao rap.


Dose Diária | Saigon – The Middle Finger Song

Saigon usa The Middle Finger Song para se despedir de todos os que não estão do seu lado.

Com um “Fuck You” a servir de mote neste instrumental produzido por STREETRUNNER, o rapper de Brooklyn usa este grito de mal-estar para enumerar todos aqueles que sentem necessidade de manchar o seu nome ou o seu psicológico. Assumindo uma quase atitude de David contra Golias, o MC consegue colocar todos os que nomeia numa posição comprometedora mas com versos que não contêm uma pitada de mau gosto, apenas factos que vão ecoar em muitas salas. 

No meio de versos provocadores e outros diretos do âmago da sua vida íntima, Saigon está focado em provar o valor dos seus ideais, tudo isto com uma destreza tal que parece simples correr palavras por uma faixa desta maneira.


Primeiros Passos no Hip-Hop com Sir Scratch, Tóy Tóy T-Rex e xtinto

No dia 29 de fevereiro, na Central Gerador no Lumiar, juntámos os rappers Sir Scratch, Tóy Tóy T-Rex e xtinto para um debate acerca dos seus primeiros passos no hip-hop. Nesta conversa descobrimos qual foi o seu primeiro contacto com a cultura hip-hop, as suas influências, dificuldados ao longo do percurso e, ainda, o que os motivou a seguir este rumo.

Sir Scratch tem dois álbuns nas ruas: “Cinema” lançado em 2005 e “Em nosso nome” lançado em 2013. Atualmente é também membro do painel do Três Pancadas da TV Chelas, um programa de entrevistas em que, juntamente com Sam the Kid e João Moura, debatem diversos assuntos com artistas da cultura hip-hop.

Tóy Tóy T-Rex é um rapper angolano a residir na Linha de Sintra. É membro do coletivo Máfia 73 e a solo já lançou projetos como “Meu Espaço”, “Rexpect”, “Hangar-11”, “11-se” e “Chá de Camomila” em 2018.

xtinto estreou-se em 2015 com Dez na mixtape “Odisseia” e começou a sua jornada a solo com o tema “Opus Magnum” produzido por Osémio Boémio. Em 2019, lançou pela Think Music o seu primeiro EP “inacabado” em conjunto com o Benji Price e “Ventre”, uma compilação de singles já lançados.

Fínix MG enche Musibox

Fínix MG apresentou ontem o seu mais recente trabalho “Robert Johnson” numa noite de trap mas também composta por outros ritmos característicos do artista. Rkeat aqueceu a pista dando depois lugar ao rapper da Think Music que se fez acompanhar com Benji Price nas backs e teve ainda alguns convidados como prettieboy johnson e sippinpurpp. Vários membros da label como Xtinto estiveram também presentes num Musicbox que encheu e vibrou com todos os temas principalmente com “Awesome” que fechou a atuação com chave de ouro.

Fica aqui com a foto-galeria do concerto pela lente de Inês Pereira.

Plutónio trouxe BCV até ao Coliseu

Nota-se quando um artista está no auge da sua carreira. Plutónio, com os seus 34 anos, está… mas só talvez. Talvez, porque depois do concerto da passada sexta-feira, no Coliseu de Lisboa, algo é certo: Plutónio que por cá anda desde 2013 tem ainda muito para dar. Um sucesso que se fez com sangue, lágrimas e suor e que promete não parar por aqui. Hoje todos conhecem o rapper do Bairro da Cruz Vermelha. Por Daniel Pereira | Fotografia por Beatriz Dias


Com um Coliseu de Lisboa lotado, não se esperava menos do que um evento especial. A primeira parte ficou a cargo de F.Milly que conseguiu as primeiras mãos no ar, numa atuação de cerca de 30 minutos. Depois acendeu-se uma tela gigante com um emocionante vídeo com vários testemunhos que explicam um pouco do caminho até ao dia deste concerto. Introdução perfeita para o primeiro tema da noite: “3AM“. A tela deu lugar a um cenário meticulosamente bem construído: paredes com graffitis, um café, um prédio deteriorado, ténis pendurados em cabos elétricos, onde não existiu qualquer vergonha em voltar às origens, mostrar o bairro, neste caso o bairro da Cruz Vermelha. Esta foi uma das mais valias do concerto e ainda nem começámos a falar de música. Plutónio entra então em palco para o primeiro tema e a partir daí seguem-se hits como “Mesmo Sítio“, “Prada” e “Lucy” que coloca todo o coliseu a cantar o refrão. Antes do tema “1 de abril“, Plutónio agradece a todos por terem escolhido passar o dia 14 de fevereiro com ele, o que, para nós, foi sem dúvida um bom plano para o dia de São Valentim.


O primeiro convidado foi Lord XIII que cantou com Plutónio o tema “Paycheck” que tinha saído apenas um dia antes do concerto. O rapper voltou depois atrás no tempo com “Não Vales Nada“, “África Minha“, “Filhos do Guetto” que contou com atuação de Kosmo e um dos seus primeiros e maiores hits: “Última Vez“, que proporcionou um momento de nostalgia para todos os presentes.

O álbum “Sacrifícios: Sangue, Lágrimas e Suor” voltou depois com “Estrelas“, um dos momentos mais bonitos e melódicos do concerto em que todos os telemóveis e isqueiros se acenderam sem qualquer pedido. Temas como “Não Tou Nem Aí“, “Conversas“, “Dramas & Dilemas” e “Vergonha na Cara” (contou com o surgimento de Pedro Teixeira da Mota em palco não podiam, claro, faltar. Pelo meio nota ainda para a atuação de Dengaz em “O que é que tem” e Mishlawi e Richie Campbell em “Rain” que mostra bem a importância que a Bridgetown tem para Plutónio. “Eu podia dizer muita coisa mas vou simplesmente não dizer nada, boa noite” – foi assim que Richie Campbell abandonou o palco, emocionado e extasiado com todo o feedback que o público estava a dar naquela noite.

O concerto de Plutónio podia muito bem ter terminado com “Somos Iguais” dada a emoção que o público e por público entenda-se, literalmente, todo o coliseu, que cantou este tema, quase não deixando espaço para se ouvir o rapper. No entanto este foi o último tema antes do encore que contou com o emotivo “Francisca” tocado ao som de um violoncelo, “Meu Deus” e o estrondoso hit Cafeína” que levou todos à apoteose, fechando assim com chave de ouro.

Se vocês estiverem a sentir 1/3 do que eu estou a sentir agora, então estão a ter uma noite do c*ralho!” – disse Plutónio a determinada altura do concerto. E, todos sentiram, de certeza. A verdade é que ainda só estamos em fevereiro, mas este é já um dos melhores concertos de 2020.

Retrospetiva da década com Nasty Factor, NGA e Varela

No sábado, pelas 19h30, a Hip Hop Rádio junta à conversa o rapper e produtor Nasty Factor, membro do coletivo GROGNation, o rapper NGA e Nuno Varela, fundador da plataforma Hip Hop Sou Eu e de iniciativas como a Liga KnockOut, para um debate sobre os últimos dez anos do hip-hop em Portugal, onde serão destacados os projetos e artistas que marcaram a cultura.

Blu Samu ao vivo no Musicbox

Blu Samu atuou ontem no Musicbox. Com novo EP lançado precisamente no dia anterior, a rapper luso-descendente veio desde a Bélgica até ao Cais do Sodré para dar um grande concerto. Num Estilo, ritmo e performance nada uniformes, Blu transportou todos para uma viagem intensa com caminhos que só ela consegue trilhar. Uma artista em ascensão, um dos nomes a ter em conta já e nos próximos tempos.

Galeria completa por Daniel Pereira aqui.