Hip Hop Rádio

Diogo Marchante

entrevista hhr | 9 miller & mizzy miles

“Say Goodnight to the Bad Guys”, EP colaborativo de 9 Miller e Mizzy Miles foi um dos trabalhos que marcou o primeiro trimestre de 2023.

Na altura, estivemos na Listening Party do EP e o Diogo Marchante falou com os dois artistas.

Porquê o nome “Say Goodnight To The Bad Guys”? Existe alguma mensagem que queiram passar?
A ideia inicial foi fazer um ep banger, mas RAW ou seja uma proposta não tão “comercial” digamos assim. O conceito gira em torno de ser o “mau da fita”, a pessoa a quem o mundo aponta o dedo, em que a nossa posição é assumida sem haver algum tipo de “calma não é bem assim”, posição essa em que deixamos a nossa “personagem/ego falar mais alto e damos o corpo as balas. Inclusive ao longo do ep tem várias falas de “bad guys” em filmes, com o objetivo de tornar o ambiente mais característico.

Como é que surgiu a ideia de lançarem um projeto em conjunto?
Era algo que ambos já tínhamos falado por alto, até que chegou o dia, havia disponibilidade e vontade da parte dos dois então foi só por as mãos na massa. Foi um processo rápido e natural, por volta de um mês fechamos o projeto total. Claro que o tempo compromete sempre a qualidade do projeto mas pensamos que ficou um belo equilíbrio em relação à qualidade/tempo. Porque lá está não houve pressão. Foi tudo super natural.

Como é que foi esta experiência de lançarem um EP a dois? No que é que se baseia um processo criativo a dois?
Eu já tinha lançado dois ep’s um sozinho e outro colaborativo com o jon. Mas o Mizzy foi a primeira vez que lançou um projeto. O processo foi muito estúdio, muitas chamadas, muitos jantares. Ele ia enviando Beats, outros eram feitos ali no estúdio. Não houve nenhuma fórmula ou alguma regra, como disse foi tudo super natural e descontraído.

A faixa É Verdade foi o primeiro avanço deste projeto com 7 faixas, mas de todas qual é aquela que foi mais gratificante para vocês fazerem?
Essa pergunta é muito difícil, ambos temos um carinho enorme por cada faixa individualmente, cada faixa tem uma história. É impossível escolher uma.

Qual é a expectativa que têm em relação ao feedback do people?
Para sermos sinceros não temos nenhuma expectativa, evidentemente queremos que o people curta claro, mas não é saudável criar expectativas em relação isso, o importante é que tamos orgulhosos do nosso projeto, se o people sentir melhor, senão também faz parte. Agora tanto eu como o Mizzy tamos focados no álbum de cada um, e esse é caminho agora.

Vamos poder esperar um show de apresentação deste projeto, o projeto vai pra estrada?
Ainda é algo a ser falado, existe uma forte possibilidade que isso aconteça, mas por agora não conseguimos confirmar nada em concreto.

Para fechar eu gostava que deixassem uma mensagem aos ouvintes da Hip Hop Rádio, e dissessem ao people que é vosso fã e sobretudo quem também não é, porque é que devem ouvir e apoiar este projeto?
Queremos agradecer todo o love que o people tem por nós, é e sempre será uma dádiva poder trabalhar no que se ama. Achamos que o projeto é uma lufada de ar fresco, e pensamos sempre que vale a pena ouvir, e mesmo que algum people chegue ao fim do ep e não tenha sentido (seja porque razão for) retira-se sempre algo e aprende-se sempre algo, pelo menos nós pensamos desta maneira. Queremos agradecer à team, a todos os envolvidos no projeto, a todos os fãs e haters e claro à Hip Hop Radio pela a entrevista. Makemore never less.

HHR REPORT + ENTREVISTA | VALETE AO VIVO NO COLISEU DOS RECREIOS C/ DIOGO MARCHANTE

No passado dia 3 de fevereiro estivemos no Coliseu dos Recreios para o concerto de comemoração dos 20 anos de carreira de um dos rappers mais importantes da nossa cultura.

Momentos antes do concerto, o Diogo Marchante esteve à conversa com Valete e os temas foram a longevidade da sua carreira, o panorama atual do Hip-Hop nacional, os seus próximos passos e muito mais.

Uma entrevista que de certeza não queres perder, e podes ouvir abaixo.
VÊ TAMBÉM ALGUMAS FOTOGRAFIAS DO CONCERTO, PELA LENTE DO BRUNO MARQUES E DA ENTREVISTA, POR DANIEL PEREIRA.

HHR REPORT | 10 ANOS DE LIGA KNOCK OUT C/ DIOGO MARCHANTE

Nesta emissão especial temos entrevista a Malabá.

Vamos relembrar a grande noite que foi a celebração dos 10 anos da Liga Knock Out, onde são disputadas as batalhas de rap mais carismáticas de Portugal.

Pelo comando do Diogo Marchante, vais poder ouvir excertos das batalhas que aconteceram no Coliseu dos Recreios, saber como foi o caminho da liga até aqui, como vai ser o futuro, e muito mais.

Ouve abaixo!

Fotografias por Bruno Miguel.

ENTREVISTA + REPORT | MUNDO SEGUNDO, T-REX, XEG E CINTIA NO SUMOL SUMMER FEST C/ DIOGO MARCHANTE

Estivemos no Sumol Summer Fest e nesta reportagem trazemos até ti entrevistas a Mundo SegundoT-RexXeg e Cintia.

Com a condução de Diogo Marchante, falou-se não apenas sobre o festival, mas também sobre as carreiras, próximos tempos e algumas surpresas destes artistas.

Mais uma emissão imperdível que podes ouvir abaixo.

Foto-galeria por Bruno Miguel.

Campo (demasiado) pequeno para um Sam The Kid tão grande

Após dois anos e meio de espera, os fãs de Sam The Kid puderam, finalmente, voltar a sentir a magia de um dos principais nomes do hip-hop nacional ao vivo, juntamente com o toque especial dos Orelha Negra e de uma orquestra.

Um evento tão marcante e algo raro não podia começar de qualquer maneira, por isso foi Napoleão Mira, pai de Sam, a assumir os primeiros minutos do espetáculo, fazendo o que melhor sabe: declamando a sua poesia. Sobre o filho, sobre a ligação entre ambos, sobre a suas vidas de um modo geral, estava então dado o mote para o que se avizinhava ser uma noite épica.

E assim foi, “a partir de agora” era a vez do homem da noite assumir os holofotes. Com “decisões” ao nível do reportório que levaram tanto os fãs mais jovens, como os mais graúdos à loucura em 2h de concerto ou, segundo o artista, de “partilha da sua intimidade”.

No entanto, desde cedo se pôde perceber que esta não ia ser, simplesmente, a noite de Sam, muitos dos que o acompanharam na sua jornada e que o ajudaram a alcançar o seu estatuto estiveram presentes e fizeram a festa com ele, para além da importante e sentida homenagem ao falecido grande amigo Snake, onde foi possível ouvir-se uma gravação do mesmo a felicitar Samuel pelo sucesso do álbum “(Entre)tanto” em 1999.

 NBC juntou-se à festa para ajudar a relembrar aos presentes que na carreira de Sam The Kid, “juventude (ainda) é mentalidade” e que Chelas será sempre “o sítio”; se houvesse algum “tagarela” ou “cobardola” que ainda não soubesse que “Gaia-Chelas” é o eixo mais pesado do hip-hop em Portugal, com Mundo Segundo, esta dupla voltou a demonstrar porque é que continuam a percorrer juntos o país como duas das principais referências do rap feito em português; Slow J e Gson também se juntaram à festa e “para sempre” vai ficar na memória dos presentes a forma entusiástica como este trio foi aclamado pelo público – uma celebração autêntica; e os “mais pesados da capital” (Xeg, Regula, Valete e Sam The Kid) tiveram a audácia de protagonizar o momento mais inesperado da noite ao se juntarem para recriar a atuação dos mesmos, em 2012, naquele preciso palco.

Mas “sozinho”, Sam demonstrou ininterruptamente porque é que enche as principais salas de espetáculo do país. Com uma energia e presença contagiantes, o rapper de Chelas puxava por um Campo Pequeno que aplaudia efusivamente e cantava em uníssono as letras  fio a pavio de qualquer canção. Fossem temas mais enérgicos como “Não Percebes”, “Negociantes” ou “Poetas de Karaoke”, ou temas mais introspetivos e íntimos como “Retrospetiva De Um Amor Profundo”, “Hereditário” ou “16-12-95”, a sala era sempre “pequena” para conter o entusiasmo do público que acompanhava Sam The Kid na sua inigualável performance. O “recado” ficou dado, fosse a rimar, fosse a demonstrar beats de Orelha Negra ou até mesmo a mostrar adereços do famoso “Quarto Mágico” da Zona I, Sam “transpira” hip-hop e está num patamar elevadíssimo.

E “sendo assim” o fim do espetáculo chegou. Enquanto recebia um aplauso monumental (de pé) depois de tocar o som que “adora”, Samuel Mira agradeceu, muito sentido, a todos os intervenientes naquele bonito espetáculo, incluindo a orquestra, para o qual é um “orgulho” tocar com as vozes de apoio de David Cruz e Amaura. Neste momento ainda houve espaço para o artista se orgulhar de si próprio por ainda ter capacidade de rimar 2h ao vivo num grande nível de forma constante – “tou fat mas a rima tá forte”. E de facto, podemos confirmar, a grandeza foi muita para um pequeno campo que se foi encerrando com uma frase no ar: “só mais uma”.

Texto: Diogo Marchante
Fotografia: Beatriz Côrte