By Daniel Pereira
/ 12 Fevereiro, 2023 12 Fevereiro, 2023
O novo álbum de Xtinto já saiu e podes ouvir aqui na tua Hip Hop Rádio!
Nesta emissão especial vamos passar todas as faixas de “Latência”, com a condução e explicado pelo próprio. O processo criativo, inspirações, curiosidades e muito mais, tudo contado na primeira pessoa.
Ouve abaixo!
Vê também algumas fotografias da sessão de escuta, pela lente da Inês Franco.
Estivemos à conversa com Bispo, Plutónio, Ivandro e Ajaxx sobre as suas carreiras, a volta aos palcos, o panorama atual da cultura Hip-Hop e tantos outros temas, que aconteceram durante a nossa passagem no festival Sol da Caparica.
Passados dois anos estivemos de volta ao festival mais multicultural de Portugal. Para a HHR, o final de julho é sempre de descoberta porque vamos a Sines, onde tem lugar o Festival Músicas do Mundo. Vem connosco e descobre o Hip-Hop, em toda a sua extensão mundial. | Por Daniel Pereira
É um facto que neste ano não tivemos nenhum rapper português presente no cartaz do FMM no entanto o Hip-Hop e a cultura urbana estiveram bem presentes.
O dia 27 de julho trouxe-nos Flavia Coelho Soundsystem e a cantora brasileira prestou uma atuação bastante enérgica em que o fast flow foi imagem (ou som) de marca. Logo de seguida foi a palco Dubioza Kolektiv, grupo bósnio, cheio de pujança, que mistura o rock, o punk e o rap.
No dia seguinte tivemos o “dia do Hip-Hop” que contou logo às 18h com Bia Ferreira num concerto cheio de “barras” que nunca mais acabavam, no bom sentido. A partir das 22h atuou James BKS, que acompanhado por Gracy Hopkins e Anna Kova e tantos outros músicos, apresentou uma autêntica “Hip-Hop Party” em que não faltou o hit “New Breed”. Seguiu-se Ana Tijoux, rapper franco-chilena, que deu um concerto que tocou, e cativou, todo o público presente no palco do Castelo.
No último dia de FMM tivemos Pedro Mafama, artista emergente português, que entrevistámos, e que te conta abaixo, em primeira pessoa, como foi o seu concerto, e muito mais…
O cartaz fechou com a atuação de Batida B2B DJ Dolores que contaram com várias músicas de rap “mixadas” com tantas outras sonoridades.
Adoramoso FMM e a comunhão que só este festival sabe fazer entre estilos. Afinalde contas Hip-Hop é isso mesmo: é união, é mistura.
“Abranda” é o single que traz de volta os Supa Squad e desta vez com uma participação de luxo: Regula. Estivemos à conversa com a dupla sobre este novo lançamento e não só… sabe mais abaixo. | Por Daniel Pereira
Qual foi o processo de criação deste novo single e o que permitem transmitir com ele? Este tema foi criado em 2020, durante a pandemia, ainda sem a participação do Regula, e é um misto de espontaneidade no estúdio com a vontade de voltar ao Dancehall, sendo essas as nossas raízes. É um tema que tenta mostrar como chegámos onde estamos, o nosso « status quo”, como culminação do hustle ao longo dos anos. Não chegou a ser lançado porque sentíamos que o som tinha um certo potencial que poderia não ser alcançado naquela altura. Então ficou na “gaveta“, por assim dizer.
Como surgiu o feat com o Regula? Já desde o “System Ovaload” dos nossos primeiros singles, houve uma conexão com o Regula, ele gostou da vibe e até chegámos a participar num concerto dele, portanto já havia uma abertura para uma futura parceria. Numa das conversas com ele, mostrámos o som e foi um click para ele! Achámos que fazia todo o sentido e o resto é história!
Como se sentem em fazer um feat com um dos nomes maiores do rap nacional? É sempre uma honra, e uma responsabilidade ao mesmo tempo, trabalhar com alguém do calibre de Don Gula. Mas sentimos que estivemos à altura e estamos todos contentes com o resultado final.
Podemos esperar novos feats com artistas hip-hop? O hip-hop sempre se enquadrou bem nos estilos variados que apresentamos ao público, e sempre esteve presente ao longo dos anos no nosso repertório, portanto será sempre uma possibilidade, novas colaborações com artistas hip-hop!
Como será o futuro próximo dos Supa Squad? Num período pós-pandemia, o objetivo é ir voltar à estrada e vincular os novos singles lançados assim como “recuperar o tempo perdido” com o nosso público. Preparamos também para lançar o nosso EP “Patrões”, cujo “Abranda” conta como quarto single do EP, e que irá incluir diferentes tipos de sonoridades e outras colaborações.
Nos dias 19 e 20 de novembro Lisboa enche-se de vida mais uma vez para ver grandes concertos.
Substituído pelo SBSR FM em Sintonia no ano passado, devido (e adaptado) à pandemia por COVID-19, o Super Bock em Stock volta este ano ao seu formato normal. Este é um festival único que foi ganhando cada vez mais fãs no nosso país, afinal são mais de 10 salas e mais de 50 artistas para ver em dois dias. A escolha é muita e não haveria melhor festival para terminar o ano.
Para os nossos ouvintes, e hip-hop heads em geral, acreditamos que nomes como Sam The Kid & Mundo Segundo, T-Rex ou David & Miguel,entre tantos outros a descobrir no cartaz completo, serão concertos obrigatórios para ver.
Estávamos em pleno Halloween e a noite estava chuvosa, mas, fosse qual fosse o cenário, um concerto de Cálculo é sempre bom. O palco escolhido foi o Musicbox e a receção na capital não podia ter sido melhor.
22h00 – portas abertas e uma casa (ainda) modesta – inicialmente o espetáculo seria na Casa do Capitão e dois dias antes, sendo a alteração por motivos meteorológicos. Passados dez minutos começa o concerto e a cena muda de figura. A música chama o público e o público chama a música. Quem foi, foi para ver, todos estavam à espera de ver apresentado ao vivo um dos álbuns mais melódicos (senão mesmo o mais) deste ano do rap tuga.
Cálculo percorreu todo o álbum como seria de esperar. Começou com “Quadro”, primeira faixa do disco que conta com a participação de Macaia que não esteve presente. Sem esquecer as sempre açucaradas intervenções de Steve September, houve sempre uma forte luz azul royale a iluminar o concerto. No fundo era possível ver uma alusão à “Royale Radio” e uma bela camisa azul que, confessamos, adoraríamos que Cálculo a tivesse vestido durante faixas como “Conflit$” ou “Mobile” para estas ganharem ainda mais groove.
Houve também algumas participações especiais como Nasty Factor para os temas “Boo” e “Bandida”, onde nesta última também entrou em palco Mace. Numa altura em que foram tocadas faixas de “A zul” e “Tour Quesa” como “Hugo” e “Não Paro”, Harold apareceu para “Iguais”, uma das faixas de maior sucesso do rapper de Barcelos.
“Caixinha” encerrou o concerto e o público presente foi fiel ao lema artístico de Cálculo: desprovido de (pre)conceitos e sem nunca colocar a música em gavetas, ou neste caso, em caixas.
Duas breves notas: em breve poderemos encontrar “Royale” em formato Vinil e há mais uma data de apresentação do álbum: 5 de novembro, no Hardclub.
Na passada quinta-feira fomos até ao Teatro Tivoli BBVA para ver David Bruno e Mike El Nite apresentarem o seu álbum conjunto “Palavras Cruzadas”. O espetáculo “David & Miguel” começou com um pequeno set de António Bandeiras no qual pudemos ouvir temas de Rita Guerra, Lucas & Matheus, entre outros clássicos da música romântica. De seguida, começou então a apresentação do álbum que percorreu faixa a faixa e onde se ouviu (e sentiu) tudo o que se esperava: romantismo, boa-disposição, sedução, desilusão amorosa e tantos outros sentimentos que chegaram até nós através das vozes de David & Miguel, da guitarra de Marco Duarte e dos pratos e (excelentes) movimentos de António Bandeiras. A última faixa do espetáculo foi “Interveniente Acidental”, música que de certa forma originou este álbum. Houve ainda encore com “Sónia” e “Inatel” e no fim, já de corações aquecidos, o público aplaudiu de pé.
Há muito tempo que os dias são todos iguais. Sei que esta é já uma frase muito ouvida, mas desta vez não é necessariamente sobre estes tempos pandémicos. Tenho contacto com a cultura Hip-Hop desde que me lembro e sempre que existe um dia diferente, é um dia que fica para a história. No passado dia 17 foi assim.
Um sábado que estava a ser como todos os outros, eu nem ligava a Internet desde a hora de almoço, mas decidi ficar online por volta das 17h quando vi que o dia tinha mudado. Gson, Sam The Kid, Slow J eram os nomes do momento e 3,14, o número. Nesse momento, já o dia de tanta gente tinha mudado, e eu, naquela altura, nem tinha ouvido, nem visto, mas estava já a antecipar o que iria sentir. Meti os fones, selecionei os 2160p de resolução e carreguei play sem pausa durante todos os 5:24.
“Para tudo, som novo”, “O game tá fechado”, “Acabamos de presenciar a SANTÍSSIMA TRINDADE do hip-hop português” .
Isto não é uma análise a uma música, nem me sinto dotado para tal exercício, só gostava de partilhar o que significou para mim. Desde o sentimento na voz do refrão de Gson, às lições de vida nas rimas de Sam The Kid e Slow J, acompanhados do instrumental de Charlie beats que me levou para todo o lado, sem sair daquele coliseu. Talvez seja isso, também, o infinito.
Mais do que um lançamento que junta muitos dos melhores artistas nacionais, esta é uma música que para mim simboliza tudo o que o Hip-Hop significa. O intuito aqui não foi juntar nomes para juntar números, foi prestar um tributo a esta cultura. Mostrar que pode ser mais fácil elogiar do que criticar, que as homenagens devem ser feitas em vida.
“Não vou esperar o fim para te dizer que a tua voz importa. Não há campa com jardim, dá-me em vida uma rosa morta”.
Numa altura em que estamos todos tão distantes, fisicamente (e não só), ouvir, e ver este trabalho, fez-me acreditar que os próximos tempos poderão mesmo ser melhores. Para mim, naquela altura, os minutos seguintes foram de debate sobre o que tinha ouvido, maioritariamente com a equipa aqui da Hip Hop Rádio. Todos nos lembrámos do porquê de gostarmos tanto de Hip-Hop. Foi isto que fez mudar o meu dia.
Se 3,14 arredonda o que não tem fim, esta música aproxima-nos do infinito.
Para sempre, é este o amor pela cultura que me faz amar esta cultura.
Foi na semana passada que estivemos no Museu da Água para algo raro nos dias de hoje: concertos aos vivo.
Tratou-se na mais nada menos que as novas edições daLisbon Underground Music & Entertainment (LUME), produtora de eventos e curadora musical de vários estilos, com grande incidência na cultura urbana. A premissa já é conhecida: oferecer espectáculos inovadores que dão exposição a talentos portugueses, com qualidade e liberdade artística.
Desta vez, e escusado será dizer que todas as medidas de proteção adequadas as estes tempos complicados foram cumpridas, muitos foram os concertos que pudemos ver: entre outros, tivemos Lázaro, Benny B (num concerto diferente que se fez acompanhar de guitarra), Avan Gra, Mura e Young Stud.
Não queremos levantar muito o véu sobre como foram estes concertos, até porque vão poder vê-los em breve, na íntegra, no canal de YouTube da LUME SESSIONS. Podemos sim, revelar, que foi muito bom voltar a sentir estes momentos e consequentemente a gratidão para com estas produções que mantêm o movimento… em movimento.
Plateia sempre sentada, máscara obrigatória e dispensadores de álcool gel em cada canto. Parece uma realidade distópica, mas é o mundo em que vivemos atualmente. O SBSR Em Sintonia mostrou que a cultura é segura e a música fez-se ouvir, em alto e bom som, no Altice Arena. | Por Daniel Pereira
Há algo que nunca irá mudar: o gosto que o público português tem por música e a grande interatividade com os seus artistas favoritos. Nos passados dias 17 e 18 de dezembro, estivemos no SBSBR “Em Sintonia” e mesmo com todas as medidas de segurança e restrições impostas pelos tempos atuais, pudemos sentir um pouco do que antes era ir a um festival: a correria entre palcos, os gritos e aplausos; enfim, toda aquela sonoridade. É de louvar o esforço da Música no Coração na promoção deste evento e o respeito de todas as regras por parte do público português.
No primeiro dia de festival, depois de várias conferências, sobre a adaptação da cultura a estes novos tempos, a começarem ao início da tarde, no espaço Moche Talks, os ouvidos viraram-se para o Palco Santa Casa. Ivandro deu o pontapé de saída com um concerto intimista e nada melhor que uma voz incontornável da nova geração para começar o SBSR Em Sintonia. Apesar da curta duração, pudemos assitir a um grande concerto que contou com muitos hits, a presença de Bispo em palco para “Essa Saia” e muitas palmas a percorrerem todo o espetáculo culminando o seu fim com “Mais Velho”. A sonoridade urbana no seu melhor.
No palco Ermelinda Freitas, vimos Domingues que, com casa completamente cheia, deu um concerto bastante emotivo. O novo nome da Good Fellas Good Music vai com toda a certeza dar muito que falar, dada a legião de fãs que possui e comprovada pela quantidade de pessoas que aguardavam para assistir ao concerto fora da sala que, devido às medidas de segurança, era limitada e se demonstrou pequena para a gente que podia ter. O hit “FICA.”, contudo, não faltou e fechou o concerto com chave de ouro.
De seguida, e na mesma sala, subiu a palco Amaura que nos transportou para um daqueles bares calmos em que podemos desfrutar de soul, jazz e blues e que pedem a companhia um bom copo de vinho. A artista funde esses três estilos no seu álbum “EmContraste” e ainda adiciona o rap, uma mistura que pudemos ouvir ao longo de todo o seu concerto. A voz inconfundível da artista e as rimas e mestria nos pratos de TNT foram a combinação perfeita para uma atuação que encheu a alma de todos os presentes.
Já no palco Superbock seguia-se Chico Da Tina que deu o concerto mais peculiar de toda a edição. O EP “Trapalhadas”, o álbum “Minho Trapstar” e vários singles de sucesso foram um dos lados da moeda deste concerto. No outro, foi toda uma série de eventos que fizeram um espetáculo à parte: trocas de roupa a meio do concerto (e em palco), apresentação de artefactos, uma espécie de strip-tease, muitos convidades (a transição entre eles foi simplesmente hilariante), cantares regionais e concertina; enfim, houve de tudo e de tudo o público gostou, pois é impressionante a quantidade de fãs que Chico da Tina tem. Ah, e “da Tina” não vem da parte da mãe, é sim o nome da concertina, facto que Chico quis deixar bem claro durante o concerto. Um entertainer estrondoso, essa é a verdade, e um espetáculo que fez jus ao palco que pisou.
Profjam & Benji Price fecharam a primeira noite de SBSR Em Sintonia naquele que era o concerto mais aguardado do primeiro dia (e talvez de todo o festival); sentença final: não desiludiu. “Estamos sentados em palco pois queremos estar ao mesmo nível que vocês” – disse Profjam, a determinada altura. Foi assim que ambos os artistas se apresentaram e, numa toada intimista, mas que deitou cá para fora com toda a pujança a musicalidade de “System”, fizeram daquela hora uma das melhores do ano de 2020. O público cantou e gritou todas as músicas do álbum, Profjam esteve exímio como sempre e Benji Price mostrou que é um artista diferenciado e parece sabe fazer tudo bem. Quem não conhecia a sua vertente de intérprete passou não só a conhecer como a apreciar. Apesar de já anunciada, fez-se também a despedida da Think Music com o temas “Imortais”, que fechou o concerto. E é mesmo isso que esta atuação será: imortal.
O segundo dia de SBSR Em Sintonia trouxe-nos “apenas” Papillon, mas encheu-nos, e de que maneira, as medidas. Este foi sem sombra de dúvidas o concerto mais emotivo de todos os que pudemos assistir. Acompanhado com banda, o MC da GrogNation tocou várias músicas do seu aclamado álbum de estreia “Deepak Looper” e também alguns singles mais recentes. Já sabíamos que na parte musical o concerto seria memorável; e foi, mas o que nos apetece mais escrever é sobre o ser humano Rui Pereira. “Hoje venho aqui com um sentimento agri-doce, não minto. Estou muito feliz por estar aqui, por ter esta oportunidade que muitos colegas meus não podem ter, de vos dar alegria e um bom momento. Mas tenho medo que alguns de vocês levem para casa algo mau, que não desejavam, pois todos sabemos os tempos que vivemos.” – este foi apenas um dos muitos momentos (e mais do que o habitual) em que Papillon falou com o público. Afirmou ainda – “não façam disto uma selva, respeitem o outro, vamos superar isto tudo”. Foi completamente notório o quão o artista está a sentir estes tempos conturbados e acreditamos que para ele, tal como para todos os presentes, este concerto foi uma terapia. Houve momentos para chorar, dançar e, enfim, sorrir. Fica a certeza que, deste concerto, só levámos coisas boas.
Voltámos a ouvir rap nestes grandes palcos, mas não só: fica também a certeza que daqui para a frente mais eventos serão possíveis de ocorrer. Os tempos não são fáceis, mas em conjunto conseguiremos superar tudo e passado o tempo de estranheza, resta-nos entranhar esta nova realidade. Cabe a toda, e a cada um, fazer esse esforço. A cultura é segura, e nunca acabará.
Evento trás de volta os grandes palcos e acontece nos dias 17 e 18 de dezembro.
Num ano marcado pela pandemia por COVID-19 e pelos concertos escassos, não havia melhor maneira de terminar 2020 do que com um festival de música. Tendo em conta, claro, todas as medidas de segurança impostas pelos tempos atuais, o SBSR.FM EM SINTONIA trata-se de um evento inédito que conta com um grande cartaz. Nomes como Profjam e Benji Price, que irão apresentar o aclamado álbum “System”, Papillon ou Chico da Tina, vão estar presentes entre muitos outros artistas ligados à cultura Hip-Hop.
Os horários de todos os concertos, que respeitam as horas atualmente estipuladas para o recolher obrigatório, foram já anunciados e são os seguintes: