Hip Hop Rádio

Carlos Almeida

Big Jony em “Ascensão”

“Ascensão, mothaf*cka, eu só subi, isto é Francesinha à Porto com o Kutz no Sauce, B” dá o mote para o primeiro tema de 2021 do rapper portuense Big Jony.

Esta faixa de nome “Ascensão” conta com uma produção de um nome bem conhecido do hip hop Português, MadKutz. Este é o primeiro avanço oficial daquele que será o projeto de estreia do MC, um EP de nome “Ascensão” com lançamento previsto para o decorrer deste ano.

Lucy junta-se a Mass e Romeu e não é “Engano”

Este é o segundo lançamento de 2021 para o rapper Lucy.

O rapper odivelense Lucy acaba de disponibilizar a faixa solta “Engano” com participação lírica de Mass, outro rapper da zona de Odivelas, com produção de Romeu. Este é o segundo lançamento do MC da ODC Gang pós “Capítulo Segundo”, álbum colaborativo entre Lucy e o produtor Raze lançado no segundo semestre de 2020.

Morreu Dezman, lendário rapper algarvio

A cultura hip-hop portuguesa fica hoje mais pobre com a morte de Mauro Cunha, mais conhecido por Dezman no panorama nacional do hip hop Português.
⁣⁣
Este MC/compositor/produtor é uma das pedras basilares da editora Kimahera e do panorama do rap mais a sul do país.⁣ Estreou-se em álbuns com “Atmosfera Hostil” (2005) e desde aí construiu um vasto legado, recheado de projetos de qualidade que o eternizaram na história do rap nacional, como Bairrismundo ou Nerdossoma, o seu trabalho mais recente, lançado em 2016.

Em Junho deste ano havia lançado a faixa “Um Novo Dia”, onde aborda de forma bastante crítica as desigualdades e problemas sociais do seu quotidiano, mostrando-se bastante fiel ao seu registo lírico, visto que sempre refletiu e tentou desconstruir estas temáticas na sua música.

A equipa da Hip Hop Rádio solidariza-se e envia as suas condolências à família e amigos próximos.⁣⁣

NGA e Monsta juntam-se para o “Massacre de Novembro”

Diretamente da Linha de Sintra, os rappers NGA e Monsta unem esforços e acabam de lançar uma mixtape conjunta, entitulada de “Massacre de Novembro”.

Este trabalho é composto por oito faixas e conta com várias participações: podemos ouvir outra das faces da Força Suprema, o rapper Prodígio, Dino D’Santiago, Yuri Da Cunha, Macaia e Gutto.

Após o lançamento triplo das faixas Só Se Vive uma Vez, Por Nós e Pra Nós no passado dia 3, compactadas num videoclip em jeito de storytelling, o projeto é agora desvendado e já está disponível para audição nos canais de YouTube de NGA e Monsta.

Ivandro: “o culminar espero que seja em 2021, com um projeto em nome próprio”

Tem 22 anos e começa a conquistar o seu espaço na música, no r&b, no hip-hop: Ivandro, que assinou recentemente pela Mentalidade Free (label de Bispo com ligação à Sony Music), destacou-se nas suas colaborações com Bispo, Instinto 26, Gson ou Valdo. À conversa com Carlos Almeida, o MC fala do seu trabalho recente e futuro. Os últimos temas, “Não é Fácil” e “Mais Velho”, contam com o selo Sony Music, com quem prepara o seu primeiro álbum.

Carlos Almeida: Olhando para o trilho que tens vindo a descrever, “Não É Fácil” é o teu lançamento mais recente. Como decorreu o processo criativo deste tema? Ouço uma grande mescla de estilos, algo que te descreve.

Ivandro: O meu processo criativo maioritariamente começa no meu quarto e foi o caso neste tema. Escrevi-o e gravei por cima da guitarra do Frankie. Tenho um set up humilde mas que já gravou platinas. Posteriormente, já durante a quarentena, foi o FrankieOnTheGuitar quem tratou de acabar o beat com o SuaveYouKnow.

CA: Este tema foi um produto de toda esta quarentena ou era algo pré-pandemia? E por falar em quarentena, como foi criativamente para ti, mais limitador ou libertador?

I: Para mim, a pandemia acabou por ser libertadora. Acima de tudo, desenvolvi novas skills na parte da produção, tanto que podem mesmo contar com temas com beats feitos por mim para breve, quer em temas meus quer em temas de outros artistas.

CA: No teu “catálogo” temos várias participações em temas de outros artistas (Bispo, Instinto 26, Waze, etc) e vice-versa. Sentes-te confortável a partilhar a faixa com terceiros?

I: Sempre que o faço é porque sinto que fiz jus ao que quero representar, logo, não tenho problemas em partilhar um tema com outro artista. Pelo contrário, até tento é procurar isso mesmo.

CA: Alguma participação na manga para breve? Com quem gostarias de trabalhar musicalmente?

I: Tenho várias participações com vários artistas mas, claro, fazemos sempre uma filtragem do que sai cá para fora. Não posso adiantar nomes mas, sim, podem esperar algumas participações para breve.

CA: Falando em novidades, teremos mais Ivandro para o que resta de 2020 ou vens em força máxima para 2021?

I: Em 2020 ainda conto lançar mais temas meus mas o culminar espero que seja em 2021, com o lançamento de um projeto em nome próprio.

ProfJam e Benji Price lançam álbum colaborativo – “System”

A segunda metade de 2020 começa com um projeto surpresa de ProfJam e Benji Price. O álbum de nome “System” é o mais recente projeto da Think Music Records. Com 11 temas, “System” foi lançado de surpresa durante o Live de Instagram de ProfJam (onde pudemos ouvir uma faixa ainda “na gaveta” de Finix MG). Para esta segunda metade do ano ProfJam havia anunciado que o seu álbum colaborativo com Branko estaria também nas ruas, logo podemos ter uma reta final de ano muito prolífica por parte do rapper de Telheiras. Por agora, “System” é a mais recente adição à discografia destes dois artistas – no caso de Benji Price é a sua estreia em álbuns, para ProfJam é o segundo em pouco mais de 1 ano, depois de #FFFFFF.

O sul tem “Faro” para a Festa!

A Hip Hop Rádio esteve naquela que é a “última grande festa do verão”, o Festival F. Sediado em Faro, conta com 6 edições.

A sul de Portugal, na capital do Algarve que é Faro, a letra “F” começa a ganhar cada vez mais força e significado. O Festival F, celebrou este passado fim de semana o seu 6º aniversário. Na lista de “convidados” constavam nomes de luxo, entre eles alguns dos maiores rappers portugueses, como ProfJam, Phoenix RDC, 9 Miller e Estraca.

Perigo Público e Sickonce fizeram as “honras” com o primeiro concerto de rap no 1º dia desta edição, onde apresentaram pela 2ª vez o novo disco “Porcelana” prestes a ver a luz do dia. Seguiu-se Conjunto Corona, de modo quase inédito, a tocar pela 2ª vez (número mágico!) no Algarve. A fechar este palco, tivemos Mike El Nite, que mal cessou funções enquanto MC, correu literalmente de uma ponta à outra do Festival F, para envergar a camisola de “Mike El Nite, DJ on the f*cking mic”, palavras de Mário Cotrim que juntamente com o baterista Gui, formam o trio responsável pelo concerto do CEO da Think Music, ProfJam, ele que fechou o palco Sé na primeira noite de Festival #FFFFFF… desculpem, Festival F.

O 2º dia desta edição trouxe-nos 3 rappers e 3 estreias nos palcos desta auto proclamada “última grande festa do verão”. Por volta das 22h, o público do palco Quintalão recebeu a rapper Biya, um dos nomes promissores do rap português, a apresentar pela 1ª vez o seu novo trabalho, onde se estreia com rimas em português. A pisar o palco Quintalão, tivemos outro membro da Real Caviar, 9 Miller, ele que viveu uma noite verdadeiramente especial como nos relatou:

CA – Apresentaste o teu novo álbum pela 1ª vez no Festival F e mais que isso, foi o 1º concerto mais extenso de 9 Miller. Uma noite em cheio para ti!

9M – É verdade. Foi uma noite incrível e o publico esteve sempre comigo e com muita energia. Foi a primeira vez que toquei com banda e é este o concerto que levo para a estrada em 2019 e 2020.

CA – Vimos música já bastante aprimorada, o que me leva a querer que este álbum está na reta final da sua produção, certo? Estás a trabalhar nele há quanto tempo?

9M – Estou a trabalhar no álbum há bastante tempo, já sofreu várias alterações, já passou por várias fases e agora, que já está como prentendia, posso dizer que estou na reta final.

CA – E detalhes desta tua estreia em discos, o que podes avançar em exclusivo à Hip Hop Rádio PT?

9M – Antes do álbum sair a única forma de descobrir alguma coisa é se forem aos meus concertos.

Uma noite de experiências! Agora temos que aguardar (impacientemente) pelo seu álbum de estreia, reservado para a reta final de 2019. Pelo meio, e quase que em sentido contrário, tivemos direito a uma “Gangsta Party” comandada por Phoenix RDC, que lançou em Janeiro o disco “M.A.D.H.P”, cotado como um dos melhores do ano.

No 3º e último dia desta 6ª edição do Festival F (considerada a maior de sempre) tivemos a rapper Russa, integrante da curadoria de GIJOE a cuspir rimas com a garra que lhe é característica. Já noite adentro, a festa continuava pelos vários palcos montados na mítica Cidade Velha de Faro (e arredores), quando Estraca subiu a palco, para um dos últimos concertos deste festival, com uma vasta plateia à sua frente a debitar a plenos pulmões os versos deste jovem artista. Até para o ano Festival F!

Artigo por Carlos Almeida com fotografias de Alicia Gomes, podes ver a foto-galeria completa aqui.

9 Miller: “Para mim a música é uma coisa que deve ser partilhada, seja de que forma for”

“De Volta” está 9 Miller, desta vez com Agir. O single vai estar presente no seu novo disco, Filho da Guida, sucessor de Limonada, onde também se confirma o tema “Já Não Quero Saber”, com Bigg Favz. Carlos Almeida esteve à conversa com o rapper associado à Real Caviar:

De volta” juntamente com o Agir! Como surge esta participação? Quase como uma celebração da vossa aliança na “Real Caviar”, não é?

9 Miller: O Agir envia-me muitos beats porque temos estado a trabalhar no álbum juntos – com o selo Real Caviar – mas houve um que já tinha refrão dele e que eu percebi que encaixava numa letra que eu já tinha escrito. Experimentámos e funcionou a nível de conceito, de tempo e do que também tinha idealizado para single.

Por falar na “Real Caviar”, também vemos outra colega de label no vídeoclip deste novo tema, a Biya. Sneak peek de uma colaboração entre os dois?

9M: Estamos muitas vezes em estúdio juntos, não só a pensar em colaborações mas a ouvir coisas novas uns dos outros. É natural que possa surgir algo.

Este é o terceiro som que lanças e participas em 2019, e temos visto um 9 Miller mais afastado daquele registo a que toda a gente o associava, do rap mais ligado ao braggadocio, digamos assim. Até abordas isto no “De Volta”. Sentiste necessidade de mostrar a tua versatilidade nesta nova música?

9M: Eu faço essencialmente o que sinto. Tento não me deixar afectar por factores externos, nem pelo que as pessoas vão pensar. Falo e escrevo do que sinto e do que me faz sentido e por isso não estou fechado num caminho só.

Nestes três temas temos visto uma certa coesão. Convidaste o Bigg Favz e o Agir para os refrões de “Já Não Quero Saber” e “De Volta”, respetivamente, e ainda deste o teu verso na “jND” do Lhast. É importante para ti o reforço de outro artista nos refrões?

9M: Para mim a música é uma coisa que deve ser partilhada, seja de que forma for. Faz-me sentido trabalhar com pessoas com as quais me identifico e as coisas acabam por acontecer naturalmente. Há vezes que convido, há vezes que sou convidado e outras surgem apenas, sem ter pensado nisso antes.

Desde 2017 que temos visto lançamentos constantes da tua parte e até, já o disseste em outras entrevistas, que tens um álbum para breve. Que detalhes nos podes avançar desse disco?

9M: Tenho estado a trabalhar muito no álbum, quero lançar quando sentir que está exactamente aquilo que idealizei. Fiquem atentos.              

TNT: “Este trabalho reflete uma perda muito grande que tive recentemente”

Diretamente de Almada, TNT acaba de lançar o sucessor de
“Menino de Ouro”, o EP “Forever Young. O Tenente da Mano a Mano antecipou no
passado dia 12 de Março, aquele que seria o single
do trabalho, com o mesmo nome do EP, Forever Young.

Composto por 7 temas, este disco é produzido inteiramente por DJ Player, contando com participações cantadas dos parceiros de label Jay Fella e AMAURA.

É o primeiro
trabalho que gravas neste teu novo estúdio, não é? 

Parte deste trabalho foi feito no
decorrer das obras do meu estúdio, então gravei algumas vozes no Ponto Zurca que é um estúdio muito fixe
em Almada. A reta final foi no estúdio que partilho com o Quaresma, o BLOCO. É
o primeiro trabalho que fechámos lá.

Falando neste estúdio, se fores um artista interessado em gravar podes
fazê-lo aqui ou é algo mais pessoal?

Se fores um músico interessado em
gravar podes fazê-lo, fica sujeito a disponibilidade e algumas condições
financeiras. Mas é um estúdio aberto a outros músicos.

Novo EP nas ruas, intitulado Forever Young. Procuras apresentar algum
conceito com este trabalho?

Este trabalho reflete uma perda
muito grande que tive recentemente. O DJ Bernas era família e fiquei muito
abalado com a sua partida. Acho que este tipo de situações provocam impulsos
criativos fortes. Então transformei a dor em música. O conceito fundamental por
trás do EP é que devemos aproveitar a vida porque ela baza quando menos
esperamos. Mantém-te jovem nas ideias e no discurso, não cedas aos lugares
comuns. FYG.

Este EP, é produzido inteiramente pelo DJ player. Procuraste uma
sonoridade com ele?

Procurei algo que não tenho encontrado no hip-hop português, uma sonoridade fora das tendências. Nunca se fez tanta música na tuga mas soa tudo ao mesmo. Posso estar a ser injusto, mas é o sentimento que tenho quando “surfo” no YouTube. Temas iguais em bases semelhantes. Eu procuro outras coisas e o DJ Player normalmente ajuda-me a encontrar essas vibes. O homem é um mestre!

Porque optas por EP e não mais um álbum?

Porque um álbum dá muito trabalho.
A sério! Um álbum não é um conjunto de faixas, tem de ter princípio, meio e
fim. O último que fiz demorou dois anos a ficar pronto e quando cheguei ao final
já não sentia algumas das faixas. Não quis correr esse risco novamente.

Optaste por parceiros de label
para as feats deste trabalho, o Jay
Fella e a Amaura, são 2 nomes com muito valor para o futuro que resolveste
apostar?

O EP é demasiado pessoal então
optei por trabalhar com a família. Deram aquele love que as músicas precisavam. Ambos têm um talento incrível.
Todos na Mano A Mano têm um talento incrível. É por isso que continuo a dar o
litro para pôr músicas cá fora, porque acredito que cada um dos artistas com
quem trabalho são únicos e especiais e se destacam sem grande esforço no
panorama musical português.

Musicalmente, consideras o “Forever
Young”
o teu trabalho mais refinado e desenvolvido?

Sem dúvida. O EP está mesmo fixe! Superei-me na escrita, investi bastante no visual e na produção, acho que foi um trabalho de equipa muito bem feito. A sonoridade está fresh, atual, mas sem perder a essência. E vai me permitir atingir algumas metas sem ter de apanhar a mesma onda que os outros. Isso para mim vale ouro.

Concluindo, o TNT será sempre Forever
Young
?

O Hip-hop traz-me esse espírito.
Acho que se perdeu um pouco a noção da importância desta cultura e o pessoal
olha para o rap como uma “money
machine”,
alguns por necessidade, outros pela fama, cada um tem as
suas razões. Mas quando começaram, quando deram as primeiras rimas, aposto que
foi por pura “fun”! E
acredito ser esse o espírito que devemos preservar, no rap e na vida.

Mafiando Anjos70 Adentro

11/01/2019. O DJ Ricardo Farinha abriu as hostilidades mas a noite era dos Conjunto Corona. O relógio marcava as 21h46 quando o duo vindo do norte entrou no palco do Anjos70. Ao som de “187 no Bloco”, David Bruno (dB) e Logos acompanhados de Kron Silva e o icónico homem do robe entravam para aquela que seria uma hora frenética.

Seguidos por “Perdido na Variante”, o Anjos70 (que esteve lotado) entrou lentamente em ebulição. Muitos foram os cânticos ouvidos… desde “Gondomar” a “Ketamina”, estes fãs apaixonados que seguem religiosamente a dupla nortenha fizeram-se ouvir, e de que maneira, na capital.

 Naquele que foi o primeiro concerto dos Corona em 2019, tivemos de tudo: uma pequena pausa para o famoso hidromel ao som de “Funk e Dopamina” e um punhado de temas do novo disco “Santa Rita Lifestyle”, que aproveitando a ocasião estava a ser apresentado pela segunda vez em Lisboa, após o primeiro concerto há pouco mais de um mês no Musicbox.

Levaram o Anjos70 ao êxtase com “Pontapé nas Costas”. Com o “kampião” homem do robe no meio dos demais fãs, foram muitos os saltos e empurrões que se fizeram sentir.

De atrelado, tempo para alguns dos mais celebrados temas do grupo. Um pequeno “encore” pelos vários bairros de “Mafiando Bairro Adentro”, um kick de insulina com “Pacotes” e “Chino no Olho” cantados a plenos pulmões.

E foi esta a tónica que ditou o concerto dos peculiares Conjunto Corona: muita energia, boa disposição, humor e acima de tudo, música de qualidade.

Este gig ficou selado com nova passagem por “187 no Bloco” e “Santa Rita Lifestyle”, que antecedeu uma chuva de elogios e visível satisfação por parte de todo o público ali presente.

Esta dupla nortenha apresentou-se com grande maturidade e cumplicidade que aliada com toda a consistência e presença de Kron Silva e alguma insanidade do aclamado homem do robe, proporcionaram um concerto muito interessante de um dos grupos mais prolíficos e originais de momento em Portugal.

Reportagem por: Carlos Almeida