Uma noite de quinta-feira que em nada influenciou a estreia absoluta de Jüra nos palcos, desta vez enquanto cantora. O Estúdio da Time Out, em Lisboa, foi o local marcado para o primeiro concerto da artista.
Assinalou-se, na passada quinta-feira, dia 19, o primeiro concerto de Jüra.O público aderiu em massa e encheu a sala do Time Out para ver a jovem artista, que apresentou pela primeira vez o seu EP de estreia, “jüradamor”. O ambiente fazia-se sentir e o público, fiel aos temas já conhecidos, como “diz-me”, ecoava em coro a arte escrita por Joana Silva.
O espetáculo arrancou com “És o Amor”, numa noite em que Jüra não só mostrou os temas da sua obra, mas também outras surpresas: foi o caso de novos temas – como “Fundo” ou “Bem Mais” – que já se encontram à espera de ver a luz do dia, mas também algo diferente, como “Telepatia”, acompanhada por António Souto na guitarra. Os dois trouxeram para o público uma versão que a artista já havia interpretado anteriormente e que se encontra disponível no Youtube.
Fotografia: Keveni Stphvne
Fotografia: Keveni Stphvne
Fotografia: Keveni Stphvne
Não parecia realmente que estava a acontecer ali a primeira exibição em palco de uma (agora também) artista de música. “A urgência falou mais alto”, dizia a artista sobre a necessidade de materializar sob a forma de música tudo aquilo que sente. A noite pautou-se sempre por um ambiente íntimo e vulnerável, em que Jüra tentava envolver todos os presentes nessa mesma atmosfera… e conseguiu.
Jüra é uma das novos nomes do panorama musical português, mas as artes já lhe correm nas veias há vários anos: a artista já esteve ligada ao circo e à dança. Numa altura em que se prepara para atuar em estreia absoluta, na Time Out (Lisboa), no próximo dia 19, a Hip Hop Rádio esteve à conversa com a artista para saber mais sobre o seu primeiro EP.
Foto: Keveni Stphvne
Para quem não te conhece, uma vez que começaste a lançar músicas só em 2020, como te caracterizas enquanto artista?
Obrigada pelo convite e por me receberem. Essa pergunta não é nada fácil para mim… não sei como é que me caracterizo, mas sei que tudo o que eu faço e a minha arte é uma consequência da pessoa que eu sou, da maneira como eu me sinto e acho que isso por si só vai caracterizar e mostrar logo, a partir da minha arte, aquilo que eu sou.
Este teu novo trabalho intitula-se “Jüradamor” e já são conhecidos alguns temas. Como é que tem sido o feedback do público até agora?
Tem sido muito bom. As pessoas têm ouvido, têm aderido e algumas têm-se surpreendido, o que é fixe, e a família está a crescer. Já conseguimos chegar a mais sítios, a mais pessoas, a mais corações e é fixe.
Como é que descreves todo o processo criativo ao longo deste EP?
As minhas canções nascem naturalmente, é uma expressão e uma consequência: é quando eu preciso e quando já estou muito chateada com a vida ou mesmo feliz. Quando estou muito cheia de emoções, descarrego na música e elas nascem, por isso é uma cena muito fácil. Não tenho um tempo ou um modo, é mais uma expressão.
O que significa para ti este EP, sobretudo sendo o primeiro trabalho mais sério?
É a minha apresentação, é a forma de as pessoas me conhecerem. Nenhuma destas canções nasceu com o intuito de lançar, mas sim de me expressar e então é tudo verdade e é tudo sobre o que é sentir e claro, consequentemente, isso vai chegar a outras pessoas, porque todos sentimos coisas e é um bocadinho uma apresentação do que é a minha arte.
Foto: Keveni Stphvne
Neste EP está muito presente a temática do amor. É um caminho que pretendes continuar a seguir na tua arte ou simplesmente era o tema que te fazia mais sentido abordar neste momento?
Pois, não sei bem… acho que a vida me vai dar o tema a escolher. Também me interesso muito sobre outras questões que são importantes hoje em dia, mas aí se calhar vou pensar mais sobre o que quero escrever. Como estas foram mais intuitivas, é tudo sobre o que eu sinto… eu sou uma pessoa muito emotiva e falei mais sobre isso. Também é uma coisa que gosto – a emoção, o que é o amor e a dor, mas decerto que vão surgir outros temas para abordar.
Em alguns temas teus é possível vermos várias palavras juntas numa só, como “Aluzétudo” ou mesmo “Jüradamor”. Qual é o teu objetivo ao fazer estas junções: apenas uma brincadeira com as palavras ou também de alguma forma uma “marca” da tua identidade artística?
Eu acho que sim, transformou-se nisso… comecei a escrever assim no secundário. Andei no Chapitô, que é uma escola de circo, e a certa altura comecei a escrever como falava, porque às vezes comemos palavras entre umas e outras, mas começou a surgir isso mesmo antes de pensar em tudo isto de uma carreira ou construir alguma coisa. Escrevo assim em mensagens com os meus amigos, com a minha família, com toda a gente… então é uma coisa super natural que acaba por também vir para a minha área artística e acho que se torna uma marca e algo que depois as pessoas vão ver logo que é meu.
Em termos de influências, tens algum artista que te tem servido de inspiração/referência, em especial neste EP, ou mesmo ao longo da tua carreira?
Eu acho que nós somos muito influenciáveis e é normal, estamos sempre a ouvir e a receber informação – ainda por cima agora com os telemóveis e o Youtube – e temos acesso a tudo, mas não tenho assim ninguém a quem recorra. Sei que de certeza tenho muitas influências de tudo o que ouço: gosto de ouvir um bocadinho de tudo, acho que tudo tem lugar e não tenho uma referência que possa dizer que é concreta, mas acho que tudo influencia. Tudo o que ouço influencia, tudo o que eu vivo… então não tenho assim nenhum nome que possa dar.
Foto: Keveni Stphvne
No próximo dia 19 apresentas este EP na Time Out (em Lisboa). Como te sentes ao estar prestes a apresentar pela primeira vez em palco uma obra tua?
Estou muito feliz! Já estive nos palcos noutras áreas – no circo e na dança -, mas agora é completamente diferente e é a primeira vez que me vou apresentar mesmo a cantar em público. É o meu primeiro concerto de sempre, mas estou super feliz por poder agora partilhar [o EP] mesmo ao vivo, ver as pessoas… estou muito feliz, a minha banda é incrível, os ensaios estão a ser espetaculares, e já estava na hora… estou muito ansiosa e já só quero isto!
De que forma é que achas que o facto de seres uma pessoa já com um background ligado à dança, por exemplo, pode ajudar-te em palco, desta vez enquanto artista de música? Ou seja, sentes que essa experiência em palco te vai ajudar ou é completamente novo e diferente, tendo em conta que agora vais cantar e não dançar?
Acho que me ajuda, sem dúvida… eu costumo dizer que a vida me preparou para onde estou agora, ou seja, passei por todos estes caminhos e agora vou fazer a minha cena… e todas essas áreas vão-se cruzar, porque são áreas que eu amo. A música é a minha vida, eu amo música, é a forma como me expresso e é o que traduz mesmo o que vai em mim, mas todas as outras áreas se cruzam… então eu cada vez mais quero que elas se interliguem e que possa fazer mais do que um concerto ou um espetáculo.
Para este concerto, o que irás buscar mais da dança e de todas as outras áreas em que já estiveste?
O à-vontade, a experiência… é uma cena incrível. Claro que vou estar super nervosa, mas sinto-me preparada… não há nenhum artista que entre em palco sem nervos [durante] a vida toda, mas sinto essa preparação. O rigor é também influencia muito e o estar em palco já não é uma novidade para mim, então acho que vai ser diferente, mas sei que todo esse background me dá um à-vontade maior e me vai dar liberdade para eu me expressar também através do corpo enquanto canto.
Tendo em conta que se trata de um concerto “especial”, o que se pode esperar desta noite?
Vai ser muito especial. É o primeiro de todos e quero muito que venham partilhar isto comigo. Estas canções vão ser apresentadas ao vivo pela primeira vez e vai ser uma experiência nova, porque é com banda e então é diferente. Vamos fazer um espetáculo corridinho e vamos ter canções novas… vai ser muito fixe. Quero muito que venham!
Como imaginas o público naquela noite? Já imaginaste algo na tua mente?
Já sei que os meus amigos e a minha família vão estar lá e vai estar tudo louco (risos), um amor imenso… mas quero muito ver caras novas e partilhar isto com toda gente.
Para finalizar, o que esperas agora alcançar a nível do EP e mesmo na tua carreira?
A nível do EP, quero rodá-lo, quero ir a mais sítios… vai ser o primeiro concerto, mas quero muito fazer mais. Acho que o que vale mesmo é apresentar [o trabalho todo] frente a frente, ver e partilhar isso com as pessoas. Na minha carreira é continuar a fazer canções, evoluir sempre e conhecer novos lugares, pessoas, sonoridades…
Galeria Zé Dos Bois recebeu, no passado sábado, o norte-americano Sageel Sesser aka Navy Blue. Concerto marcou a estreia do rapper em Portugal, numa noite claramente para mais tarde se recordar.
Foto: Keveni Stphane
A vontade de ver o artista era enorme e, na semana do espetáculo, já a organização tinha anunciado que os bilhetes estavam esgotados. À hora marcada (22h), já era muito difícil encontrar um lugar, não estivesse a casa cheia. Nessa altura, estava Demahjiae em cima do palco para abrir aquela noite que parecia prometer.
Cerca de trinta minutos depois, as atenções viraram-se para o nome mais aguardado, que foi logo recebido de forma energética. O espetáculo foi marcado por vários pormenores que era impossível passarem despercebidos: Navy Blue trazia ao peito as cores portuguesas, vestindo uma camisola da seleção devidamente identificada com o seu nome artístico e o número 10 no verso. Apesar de estar lotado, o espetáculo começou de forma particular, com uma “one-minute meditation”, como referiu o próprio – um momento em que reinou apenas o silêncio, no meio de todo aquele calor humano típico de uma sala cheia.
Foto: Keveni Stphane
Foto: Keveni Stphane
Foto: Keveni Stphane
O artista mostrou-se sempre muito carismático e muito competente. Sendo o seu concerto de estreia em Portugal, Navy Blue aproveitou para revisitar algumas faixas do seu álbum anterior. “Memory Lane”, “Alignment” e “1491” foram alguns dos temas que ecoaram este sábado na Galeria Zé dos Bois, todos eles incluídos em “Song of Sage: Post Panic!”, disco de 2020.
O norte-americano demonstrou também alguns dos temas do seu trabalho mais recente, nomeadamente “My Whole Life”. Curiosamente, antes de tocar este tema, o rapper referiu: “I really don’t like performing this next one I don’t know why, but I think people like this one” – e o público do Zé dos Bois não foi exceção, reagindo logo com assobios e a cantar em coro assim que soou o mítico sample “I spend my love time loving you”. Além disso, “Ritual” também foi tocada pouco tempo depois, levando igualmente o público à loucura logo que começou a tocar o instrumental. Mais perto da reta final, Demahjiae juntou-se também ao protagonista da noite e os dois interpretaram “Petty Cash”, faixa integrada no álbum “Navy’s Reprise” e que é uma colaboração entre ambos.
Foto: Keveni Stphane
Foto: Keveni Stphane
É difícil considerar em que música se destacou mais ou em que atuação o público vibrou mais, uma vez que o artista foi sempre muito consistente a nível de qualidade, bem como os fãs mantinham quase sempre o mesmo registo: as palmas e assobios estavam presentes em quase todas as faixas. O à-vontade que se via ali de ambas as partes não parecia mesmo de uma estreia num país – enquanto Navy Blue emanava a sua simpatia, juntamente com algumas piadas pelo meio, o público, sobretudo depois de algumas músicas, já fazia questão de pedir ao artista que cantasse algo em específico.
Foto: Keveni Stphane
Os holofotes deixaram de estar virados para Navy Blue, mas curiosamente o espetáculo não se ficou por ali: as atenções viraram-se naquela altura para a mesa de mistura onde estava Ahwlee e faziam-se ouvir várias faixas enquanto os três artistas continuavam em palco. Desta vez, o ambiente estava mais descontraído e algum público começava a abandonar o espaço, numa altura em que faltavam menos de quinze minutos para a meia-noite.
Foto: Keveni Stphane
Terminada a noite, o espetáculo ficará certamente na memória de quem lá esteve. Navy Blue mostrou bem o porquê de ter esgotado a Galeria Zé dos Bois e fez valer bem a sua estreia em Portugal.
Passavam poucos minutos das 21h quando Benji Price subiu ao palco do Teatro Tivoli BBVA, em Lisboa, na passada sexta-feira, para apresentar “Ígneo”, o seu novo álbum, acompanhado pela sua banda. À hora marcada, alguns lugares ainda se faziam preencher, mas o público ali presente – maioritariamente jovem – vinha com vontade de ver o artista e a prova disso foram a quantidade de vezes e a forma como se manifestaram durante o show.
Foto: Keveni Stphane
Para apresentar o seu álbum de estreia a solo – Benji Price já tinha colaborado em “SYSTEM”, disco partilhado com Profjam – o alinhamento escolhido para o espetáculo foi o mais “natural” possível, seguindo a ordem da obra lançada. As faixas de “Ígneo” não foram nomeadas ao acaso: o álbum conta com várias referências simbólicas ao mundo asiático, em particular o universo do anime, como é o caso de “Gundam” – nome de uma série televisiva japonesa de ficção sobre robôs gigantes -, ou ainda de “Kenshin”, que é o nome da personagem Himura Kenshin, da série Rurouni Kenshin.
Esta apresentação contou também com os convidados xtinto e Mike El Nite. O primeiro juntou-se a Benji Price para interpretar “Pó de Cosmos” e atuação de ambos resultou na fusão de dois grandes talentos que cada vez mais mostram que vieram para deixar a sua marca na indústria musical portuguesa. Um dos próprios versos já parece antever essa realidade: “O João vai vingar aqui memo, cimentar meu nome”. Logo a seguir, enquanto ainda se sentia alguma agitação da atuação anterior, juntou-se à festa Mike El Nite para cantar “Veni, Vidi, Vici” e a fasquia continuou elevada. Dois temas muito orelhudos que, sem surpresas, acabaram a ser dois momentos muito aplaudidos pelo público.
Foto: Keveni Stphane
Foto: Keveni Stphane
“Mármore” foi também um dos temas em que, pessoalmente, o artista surpreendeu vocalmente pela positiva. Logo a seguir foi o momento de “Final Fantasy Freestlye”, sem dúvida um dos temas mais interessantes desta obra, sobretudo a nível instrumental. O público parecia concordar, não fosse dos temas mais ovacionados da noite e que o mais fez vibrar.
9 Miller era um dos convidados esperados para este espetáculo, mas por “questões de saúde”, como anunciou Benji Price na altura, não se concretizou. Ainda assim, o rapper não se deixou ficar e, sozinho, deu bem conta do recado – já dizia ele “Dominar pa mim é bem fácil” – e levou o público à loucura pela forma como declamava/proferia cada verso. “Bora, Benji!” – ouvia-se, com entusiasmo, na plateia.
Foto: Keveni Stphane
Das 11 faixas originais do rapper ribatejano, as sementes “ígneas” já tinham sido lançadas com “Girassóis”, o single de avanço deste trabalho, que desabrochou ainda em novembro do ano passado. A atuação foi impecável e resultou muito bem ao vivo, além de que mostrou bem não só o porquê da popularidade do tema, como também a confirmação de ter sido uma boa escolha enquanto primeiro single.
No final do concerto, Benji Price e a sua banda receberam um enorme aplauso. Deste show ficou a sensação de que o tempo tinha passado depressa, revelando que o concerto em si conseguiu captar a atenção ao rapper em cada tema seu que interpretava, bem como a todo o trabalho notável que ia sendo feito também por parte da banda. O artista chegou a perguntar, após cantar o segundo tema, se o público o ouvia com autotune, devido a uns problemas técnicos que teve naquela tarde: “Estava com um bocadinho de medo de vir aqui fazer figuras”, brincava o ribatejano. Mas a verdade é que não passou apenas de um “falso alarme”: o espetáculo correu sem problemas, aliás, notava-se bem as capacidades e a dedicação de Benji no microfone.
O Super Bock Em Stock regressou na semana passada para mais uma edição. Dois dias (sexta e sábado) cheios de muita música tiveram lugar em várias salas míticas da Avenida da Liberdade. A Hip Hop Rádio esteve presente em alguns dos concertos, em que o ambiente vivido nas salas cada vez mais se aproxima à vida de “antigamente”.
Fotografia: Daniel Pereira
T-Rex subiu ao palco às 19h45 no Capitólio, numa altura em que o festival ainda estava a aquecer. “Somos poucos, mas somos bués. Façam o vosso barulho” dizia o rapper, ia revisitando o antigo álbum “Chá de Camomila” com o temas como “BigBoss Type$hit” e “R&bsr&b$”. T-Rex interpretou ainda “É Assim” ou o single “Sally” (2019), uma das suas melhores performances.
Sam The Kid & Mundo Segundo uniram-se no Coliseu dos Recreios e desta parceria resultou mais um bom espetáculo dos dois juntos. Ao longo do concerto assistiu-se a uma verdadeira noite de nostalgia onde se pôde ouvir alguns dos clássicos da dupla, como “Gaia Chelas”, mas também “Não Percebes”, do rapper de Chelas ou “Crise de Identidade”, do gaiense.
Voltando ao Capitólio, foi altura de se ouvir Jelani Blackman. O artista, que é um dos nomes britânicos emergentes, atuou para um público que estava lá mesmo porque queria vê-lo e cativou-o durante o seu espetáculo.
Fotografia: Daniel Pereira
Fotografia: Daniel Pereira
Às 22h surgiram no Palácio da Independência os Atalaia Airlines, reinando um ambiente agradável e descontraído naquele que era um dos espaços mais pequenos do festival. A boa música fazia-se soar mesmo para quem não conhecia o trabalho deste grupo. Na reta final apareceu em cena Mike El Nite, um dos convidados da noite, que colaborou no tema “Niteflix”.
O Capitólio fechou a noite com Lava La Rue, que entregou em palco uma energia incrível: além das suas atuações, a rapper britânica foi tentando sempre ser comunicativa com o seu público, que ia também respondendo com a mesma intensidade. Na sua estreia memorável em Portugal, houve também tempo para a artista agradecer ao público em português.
Fotografia: Daniel Pereira
Fotografia: Daniel Pereira
Domingues foi a surpresa desta edição do Super Bock Em Stock, não fosse o substituto de Lon3r Johnny no cartaz de sábado, depois de este último ficar infetado por covid-19. Talvez isso explicava o porquê de o Capitólio não estar propriamente cheio; ainda assim, o jovem artista gaiense fez bem a sua tarefa e apresentou-se no Capitólio num concerto acústico, onde cantou já “Vai Dar”, som que lançou na véspera do concerto. Destaque também para o momento especial em que Domingues chamou Carminho, filha de Kappa Jotta, ao palco para interpretarem ambos “Romance de Cinema”, um dos temas do gaiense.
Foi no Coliseu dos Recreios que se assistiu a uma das atuações mais enérgicas e contagiantes deste ano. Os Bateu Matou trouxeram consigo alguns convidados – Héber Marques, Blaya, Favela Lacroix, Irma e Scúru Fitchádu -, tendo interpretações potentes e superiores ao trabalho em estúdio, nomeadamente em “Lume” e “Velocidade”, fazendo pensar na sorte que há ao ser possível ouvir novamente algo ao vivo.
Depois de ter atuado Lava La Rue na noite de sexta-feira, foi vez de a artista regressar com o seu grupo Nine 8 Collective. O concerto da véspera não enganou e o sábado veio confirmar o talento daqueles artistas que, todos juntos, trouxeram bastante energia, fazendo o público sentir como se estivesse em Londres.
Fotografia: Daniel Pereira
Fotografia: Daniel Pereira
David & Miguel foram praticamente os últimos a atuar no Super Bock em Stock 2021, mas muito a tempo de darem show no Teatro Tivoli e de terem também um dos concertos mais cheios. A dupla mostrou-se à vontade e o público, em êxtase, cantava em coro os temas, nomeadamente “Sónia”. “Interveniente Acidental” e “Inatel” foram também alguns dos outros temas ali ouvidos e bem apreciados. Apesar de serem os rostos principais daquele concerto, houve também um solo agradável de Marquito, o guitarrista desta dupla carismática.
A terminar a noite, assistiu-se no Cinema São Jorge a uma grande atuação de Priya Ragu, artista que se fez acompanhar de uma banda com muita qualidade. Sentia-se uma atmosfera mágica e genuína neste concerto, que contou também com covers de rap, como “What They Do” dos The Roots.
Fotografia: Daniel Pereira
Fotografia: Daniel Pereira
Terminado o Super Bock em Stock 2021, pouco a pouco regressa também alguma “liberdade”: os concertos com público sentado a alguns metros de distância uns dos outros deram lugar a espetáculos onde se sentia mais o calor das salas, ainda que com as máscaras impostas pelas regras. O cartaz, recheado de talentos nacionais e internacionais, permitiu saborear estes concertos e matar saudades dos festivais que gradualmente vão voltando à normalidade.
Depois de “Made in Chyna”, primeiro EP de Chyna, lançado em 2017, em “Chyna Town” continuam vincadas algumas referências ao mundo asiático: o próprio nome da obra e a sua capa, mas também “Wasabi”, som que fecha este novo trabalho de Chyna.
Já está disponível “Chyna Town”, a mais recente obra de Chyna. O novo EP é composto por seis faixas: “Intro”, “Chyna Town”, “Depois da Tempestade”, “Fica”, “Amanhã”, “Blindado” e “Wasabi”. Nesta “viagem” à “Chyna Town”, que dura cerca de 20 minutos, o rapper mostra-nos a sua evolução enquanto artista, num trabalho sólido que conta com os nomes de Duque, D’ay, FreddyBoy, Orato e Syd-V na produção e Michael Ferreira aka Mic na mistura e masterização.
Fotografia: Direitos Reservados
A capa do EP espelha exatamente muitos dos temas que são retratados nesta obra: a figura masculina a caminhar sozinha na Chyna Town remete para um caminho pessoal que se percorre, mesmo apesar das adversidades que possam surgir. Em “Chyna Town”, Chyna inspira-se sobretudo na valorização do passado e dos ensinamentos que esse período de tempo trouxe, bem como na ambição e superação pessoal.
Para se “entrar” nesta “Chyna Town” é preciso passar primeiro pela “muralha” intitulada “Intro”, onde Chyna brinda os ouvintes com uma faixa de apresentação. O início deste EP abre logo com uma lírica de quem veio para marcar o seu lugar e sabe do seu valor.
Esta “Chyna Town” começou a ser construída pouco a pouco ao longo deste ano, aliás, já estavam lançados alguns dos temas que integram a obra. “Depois da Tempestade” é um desses sons, que se revelou uma escolha eficaz como primeiro som conhecido deste EP, devido às expetativas que deixou desde então: apesar de já ter saído em maio, pessoalmente não foi preciso muito tempo para entender a qualidade deste som nem para deixá-lo em repeat. Trata-se de uma faixa marcada por uma retrospetiva em que o artista recorda o seu passado, as feridas daí vindas e quem perdeu, mas também um período de calma e de esperança, ou não fosse o título “Depois da Tempestade”, remetendo para tempos menos bons que já lá vai no passado. “Eu só quero sentir o calor de novo lá fora/Quando essa chuva for embora isto melhora” mostra igualmente uma vontade por parte do artista em fazer com que os próximos tempos lhe façam “aquecer” mais a alma. O videoclip deste tema tem a peculiaridade de retratar muito bem a música em si de forma simbólica, surgindo Chyna que, apesar das feridas visíveis no rosto, continua de pé a caminhar.
“Chyna Town”, som que dá o nome à obra, é juntamente com “Depois da Tempestade”, um dos melhores desta obra e que curiosamente ficou ainda mais na cabeça após a primeira escuta, levando a outras tantas de seguida. O nome do single fala por si, sendo que vem acompanhado de um videoclip marcado também ele por fortes elementos da cultura asiática. O instrumental e a lírica complementam-se de uma forma bastante agradável, tornando-o um dos sons mais interessantes e fortes desta obra.
Fotografia: Direitos Reservados
O produto mais diferente deste trabalho intitula-se “Fica”, em que se nota a presença de um sujeito amoroso a quem Chyna se dirige. O desejo do artista é viver a relação sem que, aliás, se perca muito tempo: “Eu podia dizer para irmos com calma/Mas isso era estar a atrasar mais um passo”. O sentimento amoroso evidencia-se ainda mais numa visão do futuro com uma família alargada: “Eu já nos vejo em loops a passear os putos”
Chyna mostra a vontade de mudar e de se superar, sem deixar passar mais tempo em “Amanhã”. O rapper mostra as mudanças que tem feito, mesmo que tenha que ir aprendendo com os erros: “Por isso é que estou a remar como eu sei/Se amanhã falhar eu não perdi, pois tentei”. O artista volta a mostra sua força em “Blindado”: “na vida sou soldado/não me vais ver deitado”. É também outro som de superação pessoal sem nunca deixar de ambicionar e perseguir os seus sonhos: “diziam que um gajo nunca iria entrar nos eixos/agora dão-me aplausos com molas nos queixos”.
“Wasabi” (condimento usado na cozinha oriental) dá o nome ao som que fecha “Chyna Town”. É mais um tema potente, tal como “Chyna Town”, em que Chyna usa toda esta energia na lírica e no beat para fazer uma celebração musical de quem possui agora uma vida melhor. O nome “wasabi” encaixa-se precisamente na mensagem passada de que o rapper está on fire no caminho que está a fazer: “hot na batida tipo wasabi”.
Chyna continua, desta forma, a brindar-nos com sons de qualidade e que reclamam um maior reconhecimento, à semelhança dos seus videoclips visualmente apelativos que mostram também um aspeto interessante neste trabalho. Este é mais um passo de Chyna rumo à sua afirmação musical, com um projeto que veio elevar a fasquia. Resta apenas dizer: Bem-vindos à “Chyna Town”.
“Chyna Town” já se encontra disponível nas plataformas digitais.
No passado dia 6 de novembro, o Capitólio recebeu o concerto de apresentação de “Desghosts & Arrayolos”, novo disco de Stereossauro, e a Hip Hop Rádio esteve presente. Este álbum duplo contou com várias colaborações dos mais diversos estilos musicais e, como tal, esperava-se um espetáculo único, não estivesse a noite repleta de convidados como Aurea, Blaya, Carlão, Chullage, Manel Cruz, Marisa Liz, MC Zuka, Sara Correia, Selma Uamusse e xtinto.
A noite arrancou pouco depois das 21h30 com DJ Ride, numa altura em que ia começando a surgir cada vez mais público. Meia-hora depois o relógio marcava 22h quando Stereossauro subiu ao palco, estando acompanhado do já apresentado DJ Ride, mas também de Nuno Oliveira na bateria e Bruno Fiandeiro na guitarra. O DJ e produtor percorreu o seu novo disco na íntegra (e mesmo alguns sons de “Bairro da Ponte”), incluíndo as faixas resultantes de parcerias com artistas que não estiveram presentes. “Salto”, música que nasceu de uma colaboração com New Max, foi a escolhida para abrir o show.
Foto: Fábio Gonçalves
Não tardou muito até entrar em cena a primeira convidada da noite – Selma Uamusse – que subiu ao palco logo após o primeiro tema. “Vêm aí vozes incríveis, só venho aquecer”, dizia a própria; contudo, entregou ao público uma interpretação que foi além de um mero aquecimento, mostrando ali um pouco da qualidade que a noite avizinhava.
De seguida surgiu xtinto para cantar “Saia”, um dos temas que mais facilmente fica no ouvido graças ao seu instrumental, mas sobretudo pela lírica, que possui referências às “Sete Saias” (Nazaré) e à música popular portuguesa “Ó Rosa Arredonda a Saia”. O rapper mostrou-se muito bem na atuação, aliás, foi um dos melhores da noite. Curiosamente – e fica a incógnita se terá sido propositado ou não – um dos versos de “Saia” é “Malmequer, bem me queres, de rojo a apanhar cada pétala que caia”. Na verdade, a interpretação de xtinto aconteceu imediatamente depois de “Malmequer”, tema colaborativo entre Stereossauro e New Max ter sido tocada em palco.
Foto: Fábio Gonçalves
De seguida chegou Manel Cruz para interpretar “Mar de Gente”, um dos artistas mais aplaudidos e acarinhados da noite, até mesmo pelo próprio Stereossauro, que não escondeu a sua admiração pelo músico. A seguir, foi tempo de voltar a tocar “Flor de Maracujá”, um dos sons inseridos no álbum anterior, mas sempre agradável de se matar saudades, não fosse uma das melhores faixas do DJ e produtor.
Aurea foi a convidada seguinte para cantar “Mais Que Tudo” – cujo videoclip foi lançado precisamente hoje (dia 10 de novembro) -, com uma interpretação sólida e muito confiante. Depois desta atuação, que foi também uma das melhores da noite, pouco deu para recuperar, pois veio logo a seguir Sara Correia. Sabem quando estão a ouvir uma música num concerto e querem ouvir outra vez logo a seguir? Foi essa a sensação transmitida durante quase toda a atuação, devido à mistura da voz da fadista com um instrumental poderoso, que se complementaram muito bem, resultando numa atuação arrebatadora. “I told you so”, bem disse Stereossauro no fim.
Foto: Fábio Gonçalves
O concerto redirecionou o foco aos sons de “Bairro da Ponte”, desta vez com “Depressa de Mais” e, logo a seguir, “Barco Negro”. Seguiu-se Blaya, que chegou e interpetou “Pensão do Amor”, um dos sons já conhecidos antes da apresentação oficial do disco e também um dos que mais facilmente ficam no ouvido, sobretudo a parte do refrão. A artista, que foi comunicando várias vezes com o público, soube estar à altura da energia que a música pedia, levando Stereossauro a dizer no fim: “Fiquei a suar”. MC Zuka seguiu-se na lista de convidados com o tema “Senta”, uma faixa bastante agradável e, tal como a última, também a pedir mais energia.
Foi vez de chegar Chullage, curiosamente o único convidado que interpretou uma música do álbum “Bairro da Ponte”. O rapper oriundo da Arrentela fê-lo de forma irrepreensível, honrando este FFFF, ou melhor dizendo, “Fado, Futebol, Fátima, Festivais e Facebook”, que bem mereceu ser revisitado com o seu intérprete a cantá-lo ao vivo.
O espetáculo caminhava a passos largos para o fim. Depois de “Nunca Pares” (do álbum “Bairro da Ponte”), subiram ao palco Carlão e Marisa Liz, os dois convidados que ainda não entrado em cena. Se algumas atuações já tinham tido partes com explosões de energia, quando chegou a vez de “A Noite” – som também lançado antes do disco -, o êxtase durou do início ao fim, tendo sido sem dúvida uma das músicas em que mais se notou mais o público a manifestar-se, saltando repetidamente ou mesmo cantando em coro. Estava mais do que explicado – e com motivos para tal – o porquê de, antes de o concerto começar, serem várias as pessoas a falarem desta música em concreto.
O alinhamento chegou ao fim com mais uma revisitação ao último álbum, através de “Verdes Anos” de Carlos Paredes. No entanto, e não tivesse avisado já Stereossauro – “A Sara pode entrar em palco quando ela quiser” -, o concerto culminou com uma nova interpretação de “O Mundo Há de Ser Mais” por parte de Sara Correia.
O público aplaudiu de pé todos os intervenientes neste espetáculo cheio de boa vibe, que voltaram ao palco para agradecer. Embora este trabalho duplo de Stereossauro se intitule “Desghosts & Arrayolos”, a verdade é que curiosamente o espetáculo ali proporcionado esteve longe de ser um desgosto ou algo que desse vontade de “dar ghost” antes do seu fim: pelo contrário, a dinâmica do concerto manteve-se bastante agradável ao longo do tempo, sem se notar grandes quebras no ritmo da noite. Na verdade, foi um “arraial” (como o próprio associou ao nome “Arrayolos”) com boa energia em pleno Capitólio. Depois de “Bairro da Ponte”, o DJ e produtor mostrou uma vez mais o quão bem resulta a sua criação artística com o recurso a vários artistas de estilos muito diferentes uns dos outros. Notou-se claramente que se trata de um disco feito para ser tocado na presença do público, um facto reforçado pela interpretação dos convidados, que conseguiu superar ainda mais as versões em estúdio.
Foto: Fábio Gonçalves
“Desghosts & Arrayolos” já se encontra nas plataformas digitais. Entretanto, no próximo sábado, Stereossauro estará presente na próxima sexta-feira, pelas 22h, no Time Out Market (Lisboa) num concerto que resulta de uma iniciativa da Super Bock.
Toy Toy T-Rex está de volta com dois novos temas. O artista lançou “É Assim” e “Guud”, duas apostas do artista para este verão.
“É Assim” é um tema cuja lírica e mistura é de T-Rex, sendo a masterização de benji price e o instrumental de Gibbo. Já em “GUUD”, o artista assina os versos, bem como a mix e master. O instrumental, desta vez, ficou a cargo de wrain. Ambos os sons vêm acompanhados de um videoclip já disponível no Youtube, contando com We The Gang na produção e Clout na realização.
Toy Toy T-Rex vai estar este mês no Teatro Tivoli em dose dupla: 23 e 24 de julho são as datas conhecidas até ao momento, estando o dia 23 já esgotado. “É Assim” e “Guud” já se encontram também nas plataformas digitais.
Esta faixa assinala a estreia de Scorp enquanto produtor, como anunciou o próprio no Instagram. O instrumental foi trabalhado por si e Orato, tendo este último colaborado também nas guitarras. A mistura e masterização é da autoria de Tony Bounce e a letra é de Scorp.
O videoclip de “Diamantes” tem a assinatura de DONTLIKE VIEWS e Gonçalo Empis. A faixa já se encontra disponível nas plataformas digitais.
Walez & Alley juntaram-se em novo tema, “Jura”. A faixa junta uma vez mais os dois artistas da Double Trouble e já se encontra disponível nas plataformas digitais.
“Jura” conta com a produção e composição de Alley, que também colaborou nas guitarras. Walez é o autor da letra e Pablo foi o responsável pela mistura e masterização do tema, feita nos Estúdios Santa Catarina.
O tema contém ainda um videoclip, já publicado no Youtube, da autoria da RuivoStudios.
Chyna está de regresso com um novo single. “Depois da Tempestade” é o tema que sucede a “Ballet”, disponibilizado em setembro do ano passado.
“Depois da Tempestade” é um single onde Chyna procura trazer uma mensagem de força e coragem para aqueles que trilham um caminho em busca dos seus objetivos. A faixa conta com letra e instrumental de Chyna e a produção é da autoria de Duque, contando ainda com a pós-produção de D’ay. A mistura e masterização são Michael Ferreira aka Mic e as cordas adicionais de Syd-V.
O tema fez-se acompanhar de um videoclip, produzido por Rodrigo Balona e com selo da Clout. “Depois da Tempestade” já se encontra disponível nas plataformas digitais.
Passava pouco das 22:30h quando o nome de Slow J foi anunciado para encerrar não só a noite do passado sábado, 29 de maio, mas também a segunda edição do Festival do Maio 2021, onde esteve presente a Hip Hop Rádio. Organizado pela Câmara Municipal do Seixal, o Parque Urbano do Seixal foi o palco escolhido para receber este evento, que nasceu com o intuito de divulgar trabalhos musicais centrados no discurso de intervenção político-social.
Conforme o artista setubalense já havia revelado nas suas redes sociais, aguardava-se para a noite de sábado um concerto acústico – um pouco diferente do habitual, não admira o que o próprio revelou, logo após interpretar “Teu Eternamente”: “Nós hoje decidimos arriscar tudo e não trazer o computador, mas tocar pela primeira vez em acústico… acho que até nos estamos a safar até agora”. Porque “diferente” não tem de ser algo negativo, este risco foi bem tomado desde o início, quando o espetáculo abriu com um agradável solo de cordas, com Nuno Cacho na guitarra portuguesa e Francis Dale na guitarra acústica. A noite já parecia prometer com estes dois instrumentos, que enriqueceram depois as interpretações e tornaram-nas mais íntimas, ao serem acompanhadas pela voz de Slow J.
Foto: Lucas Coelho
Mesmo com as limitações impostas pela atual pandemia, Slow J foi sempre acarinhado pelo público ao longo da noite e o êxtase fez-se sentir assim que subiu ao palco. “FAM” foi a faixa escolhida para o arranque do concerto, que era o seu primeiro do ano, como revelou o artista no fim da música. Não parecia.
Seguiram-se “Também Sonhar” e depois “Pagar as Contas”, cujo calor do público se notou logo, merecendo o agradecimento do setubalense: “Tão lindo, Seixal”, uma frase que Slow J foi repetindo várias vezes ao longo da noite. A atual pandemia e as dificuldades sentidas pelos profissionais das artes não foram esquecidas: “Graças a Deus, como artista, tenho uma vida privilegiada mesmo nestes tempos em que todos estamos a passar tantas dificuldades”, seguindo-se um pedido do músico para que se aplaudisse em nome dos técnicos.
Chegou a vez de “Pagar as Contas” e “Cristalina”, seguida de “Muros”. O público gradualmente se fazia manifestar mais e “Muros” teve um aplauso suficientemente merecido para esta interpretação que mostrou estar superior à versão original, mas o melhor ainda estava para vir: não bastava a qualidade da interpretação deste tema, quando o músico cantou a seguir “Onde É Que Estás” e “Às Vezes”, esta última, pessoalmente, uma das mais sentidas e arrebatadoras atuações da noite.
Nem as máscaras de segurança colocadas pelo público impediram de se fazer ouvir em harmonia os versos de “Water”, em que a voz do público se misturava com a do artista logo desde o início. Como já se calculava de certa forma, esta foi uma das músicas que recebeu um dos maiores aplausos no final.
“Esta aqui não me safo”, dizia Slow J antes da faixa seguinte, “Imagina”. Possivelmente, o próprio é que não imaginava que esta seria uma das mais aclamadas da noite. Se já foi assim apenas com o artista oriundo de Setúbal em palco, então imaginemos se lá estivessem também os restantes protagonistas do tema – FRANKIEONTHEGUITAR e Ivandro…
Foi vez de chegar a grande novidade do alinhamento: Slow J cantou “Nada a Esconder” pela primeira vez ao vivo. Slow J fez jus ao título da canção e não deixou “nada a esconder” sobre as suas qualidades; aliás, foi uma das interpretações onde se notou mais segurança. Sem surpresas e tratando-se da estreia deste single em palco, o músico voltou a receber um dos mais fortes aplausos da noite. Merecido.
Depois de cantar 3,14 – tema em parceria com Gson e Sam The Kid –, o setubalense afastou-se do palco dando vez a mais um solo final de cordas por parte de Nuno Cacho e Francis Dale, que a seguir abandonaram o palco, deixando apenas Slow J em cena. Já enquanto único protagonista ali, foi vez de o músico pegar numa guitarra e interpretar ele mesmo o tema “Vida Boa”, mostrando também ele os seus dotes instrumentais sem se notar que era a primeira música tocada por si naquela noite.
Foto: Lucas Coelho
À medida que o espetáculo se aproximava do fim, a noite começava cada vez mais a arrefecer, mas isso não impediu Slow J de aquecer o público com “Serenata”, com uma excelente interpretação, que contou com a ajuda do público logo desde o inicio.
Por fim, ironicamente o espetáculo fechou com “Silêncio”. Este foi um dos temas mais impactantes no público e que, aparentemente, mostrou não ter limites quanto às faixas etárias que as músicas de Slow J fascina: enquanto o músico interpretava um dos versos “Voltar a ouvir o silêncio” no início da faixa, ouve-se, algures na plateia, uma criança a replicar a palavra “Voltar” com a voz suficientemente alta para que pudesse ter sido ouvida nas proximidades e de ter também gerado reações no público que se encontrava lá perto, o qual certamente não esperava por este momento – um pormenor de ouro para fechar o alinhamento.
Foto: Lucas Coelho
Terminou assim a segunda edição do Festival do Maio da melhor forma, com um concerto incrível de Slow J, onde esteve irrepreensível em geral e seguro nas suas interpretações. Tratando-se do primeiro concerto de Slow J em 2021, o próprio alinhamento escolhido para este regresso aos palcos também merece destaque, por se ter encaixado bem entre si, não deixando escapar nenhuma faixa que pudesse deixar saudades por não ter sido tocada. O público, muito reativo, aplaudiu de pé no final e foram muitas as palmas, bem como também os agradecimentos vindos do outro lado, expressados nas palavras genuínas de Slow J.